A Confissão é fácil

Gustave Léonard de Jonghe, Devoção profunda - Penitência após a confissão [Detalhe], século 19 (Domínio público / Wikimedia Commons)

Queres curas?… Levanta-te… e caminha. E aquele homem sentiu-se curado no mesmo instante. (Joan. V, 6-8-9).

Os fruto que o sacramento da penitência nos proporciona são tão suaves como fáceis de alcançar.

Ainda que esta verdade te pareça difícil de crer, ver-te-ás forçada a reconhecê-la se considerares o que é o pecado, quem é Deus, o castigo que mereceste apartando-te dele, as condições que el nos podia ter posto para se reconciliar conosco, e as dificuldades que não raro temos de suplantar para nos reconciliarmos com os homens.

Porventura satisfaz-se à justiça humana, só com a confissão da culpa, e a dor de a termos cometido?

Causa espanto e terror a publicidade que ordinariamente se dá os processos civis, a desonra, as multas, os cárceres, as privações e violências de toda a espécie, de que se rodeia a justiça humana.

E leva-te alguém forçada ao confessionário? Porventura apresenta-se ali o juiz com o rosto irado? Neste tribunal tudo é secreto, tudo se passa com bondade, amor e suavidade; não há aqui repreensões severas, cárceres ou verdugos; pelo contrário saía acumulada de honra e de testemunhos de amizade, justificada e enobrecida de um tribunal onde és ao mesmo tempo testemunha, acusadora e ré.

Poderá haver maior benignidade de julgamento?

O acusador é o próprio pecador; o seu depoimento faz fé. Ali não há calúnias, exageros, ou possibilidade de má interpretação.

E o juiz? Encontra-se disposto em favor do réu. Como homem que conhece a fraqueza humana, compadece-se de ti tanto mais quanto mais triste é o estado da tua alma. O juiz é ministro daquele que deseja que não acabemos de quebrar a cana fendida, a que não extingamos a mecha fumegante.

Quão difícil é muitas vezes alcançar o perdão dos homens! Quanto tempo de submissão, e quantas súplicas são necessárias para apaziguar a sua cólera! Mas no sacramento da penitência basta declarar com sinceridade os pecados, para recuperarmos imediatamente a graça.

E não podia Deus ter-nos imposto condições mais difíceis de cumprir? Considera as dores que Jesus Cristo tomou sobre si por causa dos nossos pecados: suor de sangue, flagelação, coroação de espinhos, e crucifixão; e diz-me depois, se não eram estes os castigos, que nos tinham merecido as nossas culpas. E depois disso, negar-nos-hemos à pequenina satisfação que nos é imposta no Sacramento da Penitência?

É certo que a confissão pode em certos casos ser muito dura: mas este trabalho é da essência dela, e assim o está reclamando a justiça: não pode haver perdão sem confissão da culpa.

Os teus pecados são uma chaga: basta que a desculpas, para a veres curada.

Os teus pecados merecem um castigo, talvez o castigo eterno do inferno: confessa-os, e fechar-se-á o abismo que te ameaçava.

Certamente que é cego e não considera o próprio bem, aquele que não quer utilizar um meio tão simples para se livrar de tão grandes males.

E quem poderá descrever a felicidade da alma pecadora que fez uma boa confissão, aquele sossego de espírito que vai além de quanto se pode imaginar, a certeza de ter recuperado o ser de filho de Deus, e o direito ao céu?

Não dês ouvidos ao inimigo, que te procura afastar desta fonte de graça. Aproxima-te confiadamente do trono da graça, e alcançais misericórdia [1].

A Virgem Prudente, Pensamentos e Conselhos acomodados às Jovens Cristãs, por A. De Doss, S.J. versão de A. Cardoso, 1933.

[1] Hebr. IV, 16.

Última atualização do artigo em 19 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico

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