A Igreja e os Santos não exageram quando falam de Maria Santíssima

Pintura de Maria Auxiliadora. Localizado na Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, Turim , Itália, por volta de 1867, por Tommaso Andrea Lorenzone (1824-1902), a pedido de Dom Bosco. Domínio Público, Wikimedia Commons

1. – Há cinco séculos, aproximadamente, que a Igreja do Deus vivo, a coluna e o fundamento da verdade (1ª Tim., III, 15) pôs nos lábios de seus ministros e fiéis estas palavras tão gloriosas para Maria Santíssima: Salve, ó Rainha dos céus, salve, ó senhora dos anjos. Longe de nós pensar que essas expressões podem conter algum exagero ou que foram ditadas por um espírito mais poético do que preocupado com a pura verdade. Não é da Igreja, continuadora de Jesus Cristo na terra, a regra viva de nossa fé, estar sujeita a desvios da imaginação e nem para consagrar, por séculos, em todo o mundo católico, belezas audaciosoas. Para si mesma e nem para todos os justos.

Só é belo o verdadeiro; somente a verdade é amável.

Mas se a beleza está nas coisas mesmas, se nossa religião é um sorriso do céu, se ela envolve todo o universo, se nossos mistérios são ao mesmo tempo os mais sublimes e mais tocantes nesta terra de provação, escusado será dizer que o ensinamento da Igreja e dos santos tem algo de grandioso e poético, sem o qual não seria verdadeiro.

Quando, portanto, dizemos à Santíssima Virgem: Salve, Rainha do Céu, salve, Senhora dos Anjos, expressamos a Ela, como a uma pessoa eminentemente superior a nós, nosso respeito e nossa veneração, e afirmamos sua realeza sobre os homens, a terra, os céus inferiores, o céu mais alto, que é o Paraíso, os coros angélicos, em uma palavra, sobre todo o universo. Em tudo isso, como veremos melhor a seguir, a própria realidade está acima de tudo, imponente, nobre, sublime, graciosa.

Quanto aos termos que usamos para louvá-la, é mil vezes mais provável que estejam aquém do que merece. Nossa linguagem, para isso, é muito pobre, infelizmente! É rígida e mesquinha para descrever a grandeza e os encantos do mundo sobrenatural. Portanto, quem discorre sobre assuntos tão elevados deve ser tratado mais com compaixão do que ser facilmente acusados de exagero.

Não quer isto dizer que devemos, portanto, considerar a Igreja e os santos mais ilustres como sonhadores vulgares! Eles tinham uma consciência esmerada, preocupavam-se com a verdade, pesando cuidadosamente todas as palavras! É sempre preferível tentar entendê-los! Entremos o máximo que pudermos em seus pensamentos e sentimentos e não demoraremos muito a vislumbrar os horizontes mais amplos e a provar os prazeres mais puros.

2. – Como me é doce, ó Maria Santíssima, falar convosco no início dessas meditações! E dizer-vos: Eu vos saúdo, ó Rainha do Céu, Ave Regina Coelum. Os céus e a terra, direi com um de seus servos mais fiéis(14), estão cheios de vossos benefícios. Vós sóis, portanto, a Rainha do universo, especialmente pela sua bondade e misericórdia, das quais todas as criaturas se beneficiam. Porque, seja qual for o nosso pensamento, vemos nelas as felizes influências de vosso Filho, o fruto divino de vosso ventre virginal.

Se é ao Verbo Encarnado, que por justiça e para exercício da justiça, pertence todo o reino de Deus, o mesmo reino pertence a Vós, ó Maria, por misericórdia e para o exercício da misericórdia(15). Vós nos envolveis, portanto, de todos os lados por vossos benefícios. Sempre e em toda parte Vós tendes para nós os laços de vossa benignidade, tanto assim, ó Mãe muito doce, que não podemos razoavelmente nos afastar de Vós.

Que nossos corações se elevem, nos céus ou na terra, no tempo ou na eternidade, em todos os lugares, para vos encontrar e repousar na imensidade de vossa doçura. Então acorrei de todos os lados, ó homens!, afastem-se das preocupações terrenas e louvem tão nobre e tão suave Virgem.

Ó admirável e mais do que admirável Ave, pelo qual os demônios são expulsos, os pecadores derramam salutares lágrimas, os filhos de Deus se encantam, o anjo felicita Maria Santíssima, o Verbo se encarna, a Virgem se torna mãe! Foi este por Ave, sem dúvida, que teve efeito a renovação das criaturas, a redenção dos homens, a reparação dos anjos. Que toda a criação, ó Maria, proclame sem cessar, em vossa honra, esta maravilhosa saudação: ó muito doce, ó muito suave Ave, que torna feliz tudo o que é terreno, que abrange tudo o que é celestial, que une as últimas profundidades às alturas mais inacessíveis! Ó Ave, que ilumina a inteligência, que satisfaz o sentimento, que eleva o espírito às coisas celestes, que ilumina a razão, que inunda o coração de doçuras!(16)…

É também esta saudação do Anjo, este Ave, cheia de graça, que hoje repito, ó Maria, para vos pedir que sejam a luz da minha inteligência e a bússola do meu coração, neste trabalho, infinitamente acima de minhas forças, que tem como objetivo a felicidade celeste e a vossa glória nos céus. Vós sois cheia de graça; nada vos é impossível; tenho absoluta confiança em Vós. O Paraíso é a minha última morada. Não há objeto mais digno que ele para minhas meditações. Ajudai-me então, como um de vossos filhos que tenta andar. Dizei-me, antes de tudo, o que se entende por esses céus dos quais Vós sois a Rainha: Ave, Regina coelorum.

Considerações teológicas sobre o Paraíso Celeste, visto principalmente enquanto lugar, Livro I, Cônego Pierre-Joseph Pession. Original francês publicado em 1899, em Aosta, Itália.

(14) Santo Anselmo de Lucques, Medit. De Salut. B. V. Mariae, scilicet, Ave Maria.
(15) Quando Filium Dei in utero concepit, et postmodum peperit, sic dimidiam parem regni Dei
impetravit, ut ipsa sit Regina misericordiae, cujus Filius est Rex justitiae. (S. Thomas, Préface aux Epitres
canoniques).
(16) S. Anselmo de Lucques, ibid. n. 3 e 4.

Última atualização do artigo em 12 de março de 2025 por Arsenal Católico

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