Orai incessantemente. Dai graças a Deus por tudo, pois tal é a vontade de Deus em Jesus Cristo a vosso respeito (Tes. V, 17-18).
A todos os fiéis que atingiram o uso da razão, é necessária a oração para se salvarem.
Sem mim não podeis nada, diz o Senhor.
Deus concede-nos gratuitamente, e sem nós lhas pedirmos, as primeiras graças; mas as ulteriores essas dependem da oração, visto que Nosso Senhor exige a nossa cooperação para nos salvar.
Assim diz o Apóstolo: Orai incessantemente (1). E como o inimigo comum das almas não descansa, o Senhor admoesta-nos dizendo: Vigiai e orai (2). A oração é pois necessária sempre, mas sobretudo no tempo da tentação; os jovens, como naturezas mais fracas e mais necessitadas de auxílio, devem também acudir a ela dum modo particular.
A perseverança final é uma graça que não se pode merecer e que anda particularmente unida à oração.
Mas então, Senhor, hei de acudir a ela, levado somente por estes dois motivos da minha fraquezas, e da necessidade que tenho de auxílio?
Porventura não é a suma honra e a maior felicidade aproximar-me de vós, que sois o sumo Bem e a infinita Majestade, adorar-vos, louvar-vos, e poder-vos apresentar a homenagem das minhas orações?
Verdadeiramente é digno e justo, equitativo e salutar, como canta a Igreja no prefácio, que vos demos graças, Senhor, sempre e em toda a parte.
Vós bem conheceis todas as minhas necessidades e misérias, antes de vo-las manifestar; como onipotente que sois não vos falta poder para as socorrerdes; mas quereis que eu pela confissão da dependência em que estou de vós, disponha a minha alma para receber a vossa graça.
É por isso, que repetidas vezes me mandais orar: orai incessantemente (3). Vigiai e orai (4).
Oh! suave dever da oração, que me une amorosamente com Deus, meu sumo Bem, que vem em auxílio das minhas necessidades e que aumenta o tesouro dos meus merecimentos!
E que hás de pedir a Deus, jovem cristã?
Pede-lhe que te ilumine, e que te dê a conhecer o que lhe desagrada em ti.
Pede-lhe que venha em auxílio da tua fraqueza, e que te aparte dos perigos e ocasiões do pecado.
Pede-lhe a graça de acertares na escolha de estado.
Pede-lhe pelos teus pais, mestres, benfeitores, amigos, e por todos aqueles que hão de guiar pelo caminho da salvação. Pede-lhe pelos teus inimigos, e finalmente por todos, mas dum modo particular, por aqueles cuja felicidade temporal e terna se encontra em perigo. Assim cumprirás o mandamento de amar ao próximo, e atrairás sobre ti cada vez maior abundância de graças.
O trato frequente com Deus produzirá também na tua alma efeitos salutares.
Se é verdade, que com a convivência amiudada duma pessoa, fazemos nossa a sua maneira de pensar e de sentir, como não há de ter virtude para nos santificar o trato com Deus, que é a mesma santidade?
Quando Moisés desceu do alto do Sinai, o seu rosto vinha iluminado e resplandecente, fruto do largo tempo que esteve com Deus.
Também a oração frequente há de ilustrar, inflamar e santificar a nossa alma; o que nela há de terreno e sensível ficará diminuído e desvirtuado, e a prática da virtude tornar-se-lhe-á mais fácil.
A oração produz na alma uma consolação e uma alegria, que são como um gozo antecipado do céu: esta é a vida dos anjos e santos, que não se cansam de adorar e louvar a Deus, e de lhe pedir por nós.
Oh meu Salvador! Infundi em mim um grande amor à oração e ensinai-me a orar. Senhor livrai-me dos meus inimigos e pode-me junto a Vós, e arme-se contra mim o braço de quem quer que seja (5).
ConVosco alcançarei infalivelmente o meu fim, que sois Vós, ó meu Deus.
A Virgem Prudente, Pensamentos e Conselhos acomodados às Jovens Cristãs, por A. De Doss, S.J. versão de A. Cardoso, 1933.
(1) Tes. V, 17.
(2) Mat. XXVI, 41.
(3) I Tes. V, 16.
(4) Mat. XXVI, 41.
(5) Job. XVII, 3.
Última atualização do artigo em 25 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico