A Paixão do Senhor: O valor infinito de Sua doação

Jesus Cristo, Homem das dores [Detalhe], Guido Reni (Domínio público / Wikiart)

Apesar da grande dor e tristeza, nada impediria o Senhor em obedecer ao Pai no oferecimento de sua vida para salvar a humanidade. Mas, com tamanho peso em seus ombros, Ele entrou em agoia e orava alnda com mals lnstâncla, e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrerpela terra (Lc 2, 44).

Jesus Cristo participava da essência de Deus, e vivia como que arrebatado na ânsia de servi-lo com toda a força do seu amor. Conhecia todos os pecados cometidos e que seriam cometidos contra Deus. Não nos surpreende que Jesus tenha sofrido tanto; talvez muitos homens tenham estado em situações mais dramáticas, mas devemos lembrar:

Não chames valente a quem recebe mais ferldas, mas ao que mals sofre por elas, e as suporta.

Nlnguém como Cristo teve uma alma tão grande: a sua dor foi à medlda de seu amor; não compreendemos lnteiramente o seu amor, por isso não compreendemos sua dor.(2)

A dor, proveniente do arrependimento dos pecados, levou alguns homens a morrer. Se esta fagulha do amor de Deus fez morrer estes santos, assim podemos imaginar o sofrimento de morte do Senhor, cujo amor a Deus e aos homens não tem medida, é fogo eterno!

Se o apóstolo São Paulo, em sua segunda epístola aos romanos, confidenciava que a preocupação com as igrejas era mais importante que seu cansaço e as perseguições que sofria, podemos imaginar como seria o sofrimento do Senhor, que tinha uma caridade infinitamente maior que o apóstolo e desejava salvar a todos, mesmo que fosse com a própria vida; que amava tanto aos homens e sabia a grande desgraça que é perder a amizade de Deus e ficar privado para sempre de sua presença e amor. Só Ele podia entristecer-se no fundo da alma pelas ofensas a Deus, que ocasionariam a condenação eterna.

Nosso Senhor tinha tomado como se fossem seus todos os pecados e estava disposto a pagar pessoalmente todas as dívidas perante o Pai ofendido.

Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho; o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós (ls 53, 6).

O Senhor por amor aceitou a rigorosa sentença da justiça divina, e carregou todos os pecados cometidos e que se cometeriam até o fim dos tem pos. É im possível calcular a maldade cometida pela humanidade, mais ainda a dor de Cristo.

Quando uma pessoa paga a dívida de outra, não fica com vergonha, pelo contrário, orgulha-se por pagar uma conta que não era obrigado. Mas Cristo pagou nossas dívidas como se fossem suas, por isso não pagou somente com o seu sangue, mas com a vergonha desses pecados.

Continuamente estou envergonhado; a confusão cobreme a face (SI 43, 16). Pois foi por vós que eu sofri afrontas. Bem vedes minha vergonha (SI 68, 8. 20).

O Senhor também pediu perdão pelos pecados, como se fossem seus. Quando alguém comete um delito, muitos amigos, para não perder a honra, afirmam não o conhecer, e se um amigo ajuda, deixa claro que não tem nenhum vínculo com o ocorrido. Jesus, de maneira inversa, apresenta-se sempre para socorrer a todos diante do tribunal divino, mesmo que sejamos delinquentes e pecadores, chamando-nos em alta voz de amigos, irmãos, filhos e membros de seu corpo. Defende nossa absolvição e paga as nossas penas. Embora tivesse rogado três vezes para que se fosse possível afastar o cálice de sua morte, sabia que não seria atendido, pois carregava o peso de nossos pecados como se fossem seus. E permaneceis longe de minhas súplicas e de meus gemidos? (SI 21, 2).

Como seria sua tristeza que o fez suar sangue. Que vergonha passaria quando diante de Deus, escutaria o peso de nossos pecados, como se fossem seus. Ai de nós, porque nós os fizemos! (3)

Parece que a tristeza de Jesus Cristo não poderia ser maior, mas aumentou mais ainda pela nossa ingratidão. Viu que muitos não reconheciam, outros não apreciavam e que vários não agradeciam seu esforço em nosso favor; e que, mesmo depois de derramar o seu sangue para limpar nossa imundice, muitos terminariam na condenação eterna. Seu coração foi ferido de tal maneira que é impossível descrever com palavras. Sentia o novo pecado dos homens: o desprezo pelo seu amor. A ingratidão dilacera muito mais quando provêm dos cristãos, pois estes receberam as maiores provas de amor.

Jesus sentiu uma mistura de dor e consolação, quando seus discípulos lutavam contra as tentações. Viu sua mortificação e penitência; as perseguições, injúrias e humilhações que sofreria; o trabalho, o cansaço e a dor, e muitas vezes o martírio. Previu o padecimento de seus seguidores, que seriam perseguidos por causa de seu nome e de sua doutrina. O Senhor tomou tudo para si e isto dilacerava seu coração.

Quando Saulo perseguia os cristãos, disse: Por que me persegue? De forma análoga, viu as pedras que mataram o diácono Estevão, o fogo que queimou Lourenço. As tribulações dos santos foram assumidas por Cristo. O sofrimento de Corpo Místico, que é a Igreja, são os sofrimentos do seu próprio corpo. Ele que conhecia tudo e compreendia melhor que ninguém a dor, em suas orações ofereceu tudo ao Pai.

A Paixão do Senhor, Luis de La Palma, 1624.

2. São João de Ávila. Audi Filia

3 . São João de Áv i l a . Tratado 1 0 d o Santíssimo Sacramen to, 7 .

Última atualização do artigo em 7 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico

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