Jesus aproveitou que o Pai estava agradecido pela sua obediência e intercedeu por nós. Por todos, pelos justos e pelos pecadores, por aqueles que ainda não o conheciam e pelos que estavam presentes na crucificação, pelos que tinham compaixão e pelos que traziam um ódio implacável em sua perseguição (SI 24, 19). O Senhor deseja a salvação daqueles que tiravam sua vida; rogou a Deus por eles, e para que ninguém ficasse excluído do mérito de seu sacrifício.
Assim é o Pontífice que nos convinha (Hb 7, 26), que fosse santo e o seu amor pudesse abarcar até os inimigos. Apesar de todo o sofrimento, a perdição dos pecadores aumentava sua dor, esquecendo-se de si mesmo, não pedia alívio para a dor, mas perdão para os pecadores. Os inimigos aumentavam os insultos, Jesus aumentava as súplicas. Não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem (Rm 12, 21). Pediu muitas vezes: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem (Lc 23, 34).
É admirável que tivesse ficado em silêncio por tanto tempo no julgamento e durante a Paixão, e agora intercedesse para defender os algozes. O nosso advogado apresentou ao Pai todos os motivos que pudessem obter o nosso perdão; alegou a nossa ignorância e os seus próprios méritos a nosso favor.
Pai, eu sou seu Filho e sei que me amas olha o amor que tenho e como obedeci, por seu amor estou na cruz. Não me negue o que peço, sou seu Filho e valho-me disso para pedir que perdoes a todos. Seria justo castigá-los, mas eu os absolvo e peço que faça o mesmo. Tenho por eles um amor de irmão e o Senhor de Pai. O sangue que derramei foi por eles; chegou o tempo da entrega na cruz, mas também chegou o tempo do perdão e da misericórdia.
Perdoa-lhes, a responsabilidade é grande, mas fazem por ignorância, foram enganados e não percebem a gravidade. Os seus líderes ficaram cegados diante da Luz, não quiseram conhecer a Verdade, confundiram o povo. Eles não percebem que realmente sou seu Filho; suplico que veja desta forma: eles não me matam, sou eu que morro por eles. Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.
No coração, Jesus pedia o mesmo para sua Mãe. Escutando a prece do Filho sua alma ficou iluminada pela força do sentido da oração. Atendendo ao rogo, com toda a força do Espírito Santo, abraçou todos aqueles pecadores em seu coração. Uniu sua oração com a de Jesus, intercedendo ao Pai para que os perseguidores fossem perdoados.
Pela intercessão de Jesus e Maria, muitos que estavam presentes se converteram. Logo a pós a Ascensão de Jesus, elevou-se a mais ou menos três mil o número de adeptos (At 2, 41).
A Paixão do Senhor, Luis de La Palma, 1624.