Santa Inês, Virgem e Mártir, exemplo de castidade, autor Johann Schraudolph, 1842, Public Domain - Wikimedia Commons

Oh! como é bela a geração dos castos ornada com o esplendor da virtude (Sab. IV, 1).

Ouve os elogios que o Espírito Santo consagra à virtude da pureza. Oh! como é bela a geração dos castos ornada com o esplendor da virtude! A sua memória é imortal e honrada diante de Deus e dos homens! imitamo-la, enquanto vive peregrinando na terra; suspiramos por ela, se se retirou! Cinge um diadema imortal, e goza com razão do triunfo, depois de ter conquistado o prêmio dos combates imaculados (1).

Magnífico elogio do Espírito Santo à virtude da pureza!

O céu tem pois, a sua alegria nas almas puras e sobre elas derrama olhares de complacência. Deus é espírito; a alma casta aproxima-se da natureza espiritual de Deus.

Espíritos são os anjos: com que carinho amarão eles os mortais que à custa de grandes esforços adquirem em rude combate uma virtude que eles possuem por natureza e sem necessidade de luta!

Os homens inclinam-se diante dela penetrados de uma grande respeito, porque não há ninguém tão degradado que pelo menos interiormente não aprecie uma virtude que só a covardia os impede de alcançar.

Se cada estado tem a sua castidade particular, as donzelas são chamadas de um modo especial à absoluta e perfeita observância desta virtude.

Oh! santo privilégio, o de poder exercitar em toda sua extensão uma virtude o esplendor de todas as outras; tão excelsa, que os que a possuem se podem comparar com os bem-aventurados do céu; tão proveitosa, que àqueles que dela estão adornados, se podem aplicar aquelas palavras: Todos os bens me vieram juntamente com ela, e pelas suas mãos veio-me imensa honra! (2)

Com razão se compara a castidade à açucena, que recreando a vista com o esplendor da sua brancura, deleita também os sentidos com o seu aroma balsâmico.

Deste modo a pureza brilha sempre de um modo sedutor; desprende de si um aroma suavíssimo, e recreia o esposo celeste, do qual se diz que se apascenta entre lírios (3).

Deste modo adorna a alma com um esplendor celeste, e difunde até sobre o corpo a luz duma candura tão angélica, que nenhuma outra virtude é capaz de igualar.

Olhai como a inocência brilha nos olhos de quem a possui! Que esplendor tão formoso, e que serenidade tão aprazível! Quão admiravelmente reflete a pureza de Deus! Não brilham com mais esplendor o céu azul da primavera, nem os diamantes na coroa dos reis. Assim seria o olhar dos anjos, se tomassem forma humana!

Sim: a pureza enobrece o corpo. Porventura não transcende o aroma desta virtude para além do invólucro maternal, dando ao corpo, criatura de barro, uma graça e formosura sobrehumanas?

E como a castidade enobrece a alma! Na alma pura, a razão é, como deve ser, a soberana, e a carne, a súdita. Nela reina a paz, a ordem, a harmonia; e como esta ordem e esta paz não se podem conservar sem lutar, nessa mesma luta se funda a sua dita inefável. Nenhum desejo desordenado tem entrada no coração casto: dentro reina a ordem, fora a vigilância, em toda a parte o temor de Deus. Oh! santo sossego e serenidade de espírito! oh! suave paz do Senhor! oh! feliz segurança!

É certo que a mais delicada de todas as virtudes não se pode sustentar sem o cortejo de muitas outras! A humildade é o seu fundamento, a modéstia a sua sentinela, a moderação e domínio próprio o seu escudo, e a confiança em Deus as suas armas.

E quem poderá contar e descrever a recompensa que lhe está reservada no céu?

Pela complacência que Deus tem com as almas puras, poderás medir as graças que as estão esperando. Pela luta que supõe, poderás calcular a coroa que lhe está reservada.

Com efeito aquele que ama a candura de coração, terá por amigo ao rei (4).

É por ela que Deus se comunica às almas puras: elas verão a Deus (5).

Por isto as prefere Deus e as chama para seu lado, permitindo-lhes que descansem sobre o seu peito, como o discípulo amado sobre o coração do Salvador! (6)

Por isto lhes prepara o Senhor uma glória particular, adornando-as com vestes cândidas, e colocando-as no número das que mais de perto rodeiam o Cordeiro (7).

Por isto as cumula de privilégios singulares, ensinando-lhes um cântico que só os lábios virgens podem entoar (8).

Sim: aquele que ama a pureza tem o Rei, o supremo Rei, por amigo e esposo eterno. Quem anda unido ao Senhor, forma com ele um mesmo espírito (9), renunciando à própria carne e fugindo dos deleites impuros dos sentidos.

Oh céu das almas puras! como és formoso! Mansão escolhida, monte elevado, santuário privilegiado!

Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem viverá no seu tabernáculo? O inocente de mãos, e o limpo de coração (10).

A Virgem Prudente, Pensamentos e Conselhos acomodados às Jovens Cristãs, por A. De Doss, S.J. versão de A. Cardoso, 1933.

(1) Sab. IV, 1-2.
(2) Sab. VII, 11.
(3) Cant. II, 16.
(4) Prov. XXII, 11.
(5) Mat. V, 8.
(6) Joan, XXV, 20.
(7) Apoc. XIV, 4.
(8) Apoc. XIV, 3.
(9) I Cor. VI, 17.
(10) Sal. XXIII, 3-4.

Última atualização do artigo em 12 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico

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