Sabes o que te proporciona a fé, o que te dá a religião? – Vértebras de aço, convicções, inquebrantável fidelidade aos princípios.
Pirro, rei do Epiro, enviou Cineas, seu confidente, ao senador Fabrício, a fim de suborná-lo. Cineas voltou: “Majestade, antes conseguiremos desviar o sol de seu curso secular, do que a Fabrício da senda da honestidade!”
Vês? Eis o panegírico do homem fiel! Não podemos ter confiança num homem que baseia o conceito de honra e caráter em idéias filosóficas versáteis ou na efêmera frivolidade do mundo. Mas aquele cuja frieza e fidelidade emanam das leis de Deus eterno, este inspira confiança, como a rocha de granito.
Nas situações críticas da vida é unicamente a religião que nos dá energia para afrontar as dificuldades.
Napoleão, o dominador da Europa, retirava-se de Moscou em chamas. Terrível tempestade de neve fustigava os soldados mortalmente exaustos; apenas conseguiam arrastar-se, caindo aos milhares, vítimas das garras gélidas da neve. Fazem ligeiro alto. Trevas, com impenetrável nevoeiro, envolvem os poucos sobreviventes. Napoleão caminha pela neve, mortalha de tantos bravos. Eis que um raio de luz brilha na escuridão! À ordem do imperador, seu ajudante de ordens corre a verificar do que se trata… Volta: “Majestade! O major Drouot vela na tenda: ele reza e trabalha”. – Na primeira ocasião, o imperador o eleva a general e lhe agradece por ter demonstrado tanta virilidade d’alma naquela horrenda noite em que ele mesmo ameaçava desfalecer.
“Sire”, replica o general, ” não receio nem a morte nem a fome, só temo a Deus: nisso está toda a minha força”.
“Nisso está toda a minha força!” Sim: A convicção religiosa produz caráter varonil, coragem forte, ânimo constante. Xenofonte já proclamava: “Mais fortes e sábios são os povos e estados que primam pela religiosidade”. Mas, os que não servem a Deus obedecem a muitos.
Sabes o que a fé te proporciona ainda? Tranquilidade interna, verdadeira paz, real alegria d’alma. Talvez penses, de vez em quando, que teus companheiros estroinas, gozadores da vida, são os realmente felizes! Talvez até mesmo tenhas nutrido certos pensamentos, como os de um meu discípulo, que se lastimava dizendo: ” Pergunto-me às vezes, se vale de fato a pena lutar e pelejar. Dia a dia combato minhas más inclinações, esforço-me por permanecer bom e correto – e tantos jovens ao redor de mim, levando uma vida desenfreada, sem preocupações, são felizes, ditosos!…
Meu caro, quando te vierem também esses pensamentos perturbadores, cuidado! não te iludam as aparências! Não suponhas, que uma alma possa ser realmente feliz, uma vez quebradas suas relações com Deus. Encontrarás homens que, embora desfrutem riquezas, saúde e posição invejável, são sumamente infelizes. Falta-lhes alguma coisa, o essencial. Que? A fé!
Se o mundo quer te enredar.
Ao céu te deves alçar!
Como tu, que tens vida sinceramente religiosa, também aquele que não se importa de Deus e religião possui uma alma; – entretanto, quanta diferença! O carvão é carbono, o diamante também o é, todavia são dois antagonismos. A alma sem religião é carvão negro, insensível à luz; ao passo que a alma integrada na religião, é como diamante cristalino que absorve sofregamente os raios solares e jubilosamente os reflete em múltiplas fulgurações.
O grande compositor Chopin perdera sua piedade na licenciosa sociedade francesa. Aqui está sua confissão, por assim dizer seu testamento: Doente, às portas da eternidade, foi visitado por um amigo de infância, agora sacerdote. A instâncias deste, Chopin retornou à sua fé. Banhado em lágrimas de arrependimento e consolo, recitou o “Credo”, e, beijando o crucifixo disse:
“Retorno à fonte da felicidade!”
Que mais te concede tua fé?
Consolo na provação e infelicidade. Dizer “homem” é dizer “sofrer”. Serás também visitado pela dor, pela doença, desenganos talvez e penas morais. Falece alguém a quem muito amavas – Tua mãe querida sofre meses a fio e não lhes podes valer – Elaboraste um plano magnífico…, no último momento tudo desaba… Vêm então os amigos e te aconselham: “Vai divertir-te, gozar; vai ao cinema, ao clube”. Tudo em vão. Consolar, só pode Aquele que enviou tão pungente sofrimento. Onde encontrarás conforto? Somente onde o encontrou Napoleão, depois de precipitado do apogeu da glória à solidão do exílio: na religião. E então comprovarás por experiência própria a verdade da comparação de Goethe: “A religião é capital acumulado, cujos juros nos sustentam no tempo da desgraça. Pois, só a fé ensina que a adversidade, aceita como vontade de Deus, é penhor de bênção divina”.
Antes de partir para a guerra, os cavaleiros da Idade Média afiavam as espadas numa coluna de igreja. Que significava? Isto: ” Confio em mim, mas também confio em Deus”. Como a confiança em Deus anima as fracas forças humanas! Quem espera em Deus conquistou poderoso aliado. não luta a sós.
A Religião e a Juventude, Monsenhor Tihamer Toth, 1951.