Que há anjos, muitas páginas da Sagrada Escritura o atestam… Mas é preciso saber que a palavra “anjo” designa a sua função: ser mensageiro. E chamamos “arcanjos” aos que anunciam os grandes acontecimentos. Foi assim que o arcanjo Gabriel foi enviado à Virgem Maria; para este ministério, para anunciar o maior de todos os acontecimentos, impunha-se enviar um anjo da mais alta estirpe…
De igual forma, quando se tratou de manifestar um poder extraordinário, foi Miguel que foi enviado. Na verdade, a sua ação, tal como o seu nome que quer dizer “Quem como Deus?”, fazem compreender aos homens que ninguém pode realizar o que compete apenas a Deus. O antigo inimigo, que desejou por orgulho fazer-se semelhante a Deus, dizia: “Eu escalarei os céus; erigirei o meu trono acima das estrelas; serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14,13).
Mas o Apocalipse diz-nos que, no fim dos tempos, quando for abandonado à sua própria força, antes de ser eliminado pelo suplício final, ele terá de combater contra o arcanjo Miguel: “Houve um combate nos céus: Miguel e os seus anjos combateram contra o Dragão. E também o Dragão combatia com os seus anjos; mas não venceu e foi precipitado no abismo” (Ap 12,7).
À Virgem Maria, foi então Gabriel, cujo nome significa “Força de Deus”, que foi enviado; não é verdade que ele vinha anunciar aquele que quis manifestar-se numa condição humilde, para triunfar do orgulho do demônio? Foi, pois, pela “Força de Deus” que foi anunciado aquele que vinha como “o Senhor dos exércitos, poderoso nos combates” (Sl 23,8).
Quanto ao arcanjo Rafael, o seu nome significa “Deus cura”. Na verdade, foi ele que livrou das trevas os olhos de Tobias, tocando-os como toca um médico vindo do céu (Tb 11,17). Aquele que foi enviado para cuidar o justo na sua enfermidade merece bem ser chamado ‘Deus cura’.
São Gregório Magno, Papa in Homilias sobre o Evangelho
Fonte: Senza Pagare