Ó Jesus, guiai-me para a Trindade, ajudai-me a viver com a Trindade.
1 – Jesus veio a nós, do seio do pai, para nos conduzir à Trindade: este é o fim da Incarnação e também o fim da Eucaristia que prolonga no tempo o mistério da Incarnação. Jesus, na Eucaristia, continua a ser o Mediador entre nós e a Trindade, continua a estender-nos a mão para nos conduzir a Ela e, ao vir a nós na Sagrada Comunhão, põe-nos em contato cada vez mais direto com as três Pessoas divinas. jesus não vem a nós somente com a Sua Humanidade, mas também com a Sua Divindade; vem a nós na integridade da Sua Pessoa de Homem-Deus e, como Deus, como Verbo, está sempre indissoluvelmente unido ao Pai e ao Espírito Santo. Da Hóstia consagrada, Jesus poderia repetir-nos o que disse um dia sobre a terra: “o que me enviou está comigo e não me deixou só”; e mais explicitamente: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo. 8, 29; 14, 11). Por isso, quando vem a nós na Sagrada Comunhão, não vem sozinho, mas com Ele vem o Pai e, por conseguinte, também o Espírito Santo, porque as três Pessoas divinas, apesar de serem distintas, são indissolúveis. A presença da Trindade na nossa alma não se limita aos momentos em que temos conosco Jesus Sacramentado, porque as três Pessoas divinas inabitam de um modo permanente na alma em graça. Porém, é bem verdade que a Trindade está sempre duma forma particularíssima em Cristo, o Verbo Incarnado, o único Homem unido pessoalmente à Trindade e no qual habita toda a plenitude da divindade, “in quo habitat omnis plenitudo divinitatis” (Lad. S. Coração). Portanto, é certo que onde está Cristo, por consequência na nossa alma no momento da Comunhão, está presente a Trindade, de um modo especial.
2 – A Santíssima Trindade nunca está tão presente na nossa alma como nos breves momentos em que temos em nós Jesus Sacramentado; e não só está presente, como também ai mora com complacência. O Pai compraz-Se em Seu Filho amado que habita em nós e que Ele nos deu pela Eucaristia; o Verbo compraz-Se na Humanidade santíssima de Jesus que é toda e para sempre Sua; o Espírito Santo compraz-Se em Cristo, Seu templo preferido e, por causa dEle, goza por habitar em nós. Encontrando Jesus em nós, toda a Santíssima Trindade pode enfim alegrar-Se por morar na nossa alma e, alegrando-Se, olha-nos com particular amor e derrama-Se em nós com maior plenitude. Cada Comunhão vem, assim, alimentar a nossa vida de união, não sói com Jesus, mas também com a Santíssima Trindade; cada Comunhão aumenta a nossa capacidade de acolher em nós as três Pessoas divinas e de viver “em sociedade” com Elas, em relações cada vez mais íntimas e profundas. A oração de Jesus: “Como Tu, Pai, o és em mim e eu em Ti, que também eles sejam um em nós… Eu neles e Tu em mim, para que sejam um em nós… Eu neles e Tu em mim, para que sejam consumados na unidade” (Jo. 17, 21 e 23), encontra a sua máxima realização nesses preciosos instantes em que Jesus Sacramentado palpita em nós; porém, mesmo quando cessa a Sua presença sacramental, não desaparece o seu efeito, ou seja, uma união mais íntima com a Santíssima Trindade.
Por outro lado, nunca como nos momentos em que Jesus sacramentado está presente na nossa alma, estamos em ação de oferecer à Trindade uma morada digna dEla, e não só uma morada mas até dons, louvores, súplicas, adorações, dignas da Sua majestade infinita. Podemos, efetivamente, oferecer-Lhe, Jesus que está em nós, que é nosso, porque a própria Trindade no-lO deu e Ele mesmo Seu deu a nós também com toda a Sua substância: Jesus, louvor perfeito da Santíssima Trindade, Filho amado no qual as Pessoas divinas põem toda a Sua complacência. Juntamente com Ele, oferecemos o amor, as adorações, as súplicas, os louvores e as reparações do Seu Sagrado Coração. Como somos ticos quando Jesus está em nós! Como podemos por Ele e nEle, honrar, exaltar e glorificar a Santíssima Trindade!
Colóquio – “Ó Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem! Aminha alma regozija-se por Vos encontrar no Santíssimo Sacramento, Deus incriado que Vos fazeis homem, que Vos fazeis criatura! Neste Sacramento, ó Cristo, eu encontro juntas a Vossa Humanidade e a Vossa Divindade; da Humanidade subo à Divindade e desta volto a descer à Humanidade. Vejo a Divindade inefável na qual estão contidos todos os tesouros da sabedoria, da ciência, das riqueza incorruptíveis. Vejo a fonte inesgotável das únicas delícias que podem saciar o nosso espírito. Vejo a Vossa preciosíssima Alma, ó Jesus, com todas as virtudes e dons do Espírito Santo, oblação santíssima e imaculada; vejo o Vosso Corpo santíssimo, preço da nossa redenção; vejo o Vosso Sangue que nos purifica; em suma, encontro aí preciosíssimos tesouros, impossíveis de exprimir por causa da sua grandeza.
“Verdadeiramente este Sacramento contém-Vos a Vós, ó meu Deus, a quem os anjos adoram, em cuja presença tremem os Espíritos e as Potestades formidáveis. Oh! se nós Vos pudéssemos ver com um olhar límpido como eles Vos vêem, com que reverência nos aproximaríamos deste Sacramento e com que humilde Vos acolheríamos dentro de nós!
“Ó Santíssima Trindade, Vós ordenastes este Sacramento para estreitar a Vós o objeto do Vosso amor, ou seja, para atrair a Vós a alma da Vossa criatura e para a unirdes a Vós, Deus incriado, desprendendo-a de todas as coisas terrenas. Assim, fá-la-eis morrer para o pecado e dar-lhe-eis a vida espiritual e eterna. Ó Trindade Santa, este Sacramento foi instituído pela Vossa bondade infinita a fim de que nós nos uníssemos a Vós e Vós a nós, a fim de que ao mesmo tempo Vos acolhêssemos dentro de nós e fôssemos levados por Vós” (B. Ângela de Foligno).
Intimidade Divina, Meditações Sobre a Vida Interior Para Todos os Dias do Ano, P. Gabriel de Sta M. Madalena O.C.D. 1952.