1 – O cristão não é obrigado a ser perfeito, mas é certamente obrigado a tender à perfeição; quer dizer, é obrigado a fazer todos os esforços e empregar todos os cuidados para progredir na virtude; como o afirmam S. João Crisóstomo, S. Agostinho, S. Tomás e S. Bernardo.
2 – Na escada de Jacob, imagem da perfeição cristã, havia anjos que caminhavam em sentido oposto; uns subiam, outros desciam, mas nenhum estava parado e imóvel. Quem não sobe, desce; quem se não aproxima de Deus, afasta-se dele. Se o barqueiro, que quer passar o rio, não avança no caminho à força do remo, é arrastado para traz pela corrente contrária.
3 -Portanto, em vez de multiplicar as práticas de piedade, que, na maior parte das vezes, fatigam o espírito em vez de o reanimar, aplicai-vos antes a aperfeiçoar as práticas de cada dia, as quais vos deixarão o espírito mais tranquilo, o coração mais afetuoso e a intenção mais pura. E quando não puderes cumprir todas as práticas piedosas de cada dia, suprimi uma grande parte delas, afim de que as que fiquem sejam feitas com tranquilidade. A respeito disto tornai a ler o que dissemos mais acima sobre a Oração.
4 – Ponde o maior cuidado em aperfeiçoar-vos nos deveres do vosso estado, afim de que sejam cumpridos com a mais sublime santidade. Como foi que Santo Agostinho mereceu ser colocado na ordem dos Santos? Porque sedo bispo, cumpriu dignamente os deveres do episcopado. E S. Luiz, rei da França? Porque sentado no trono, cumpriu dignamente os deveres da realeza. O mesmo se pode dizer a respeito de todos os outros heróis do cristianismo. É essa a razão porque S. Paulo quer que cada um se aperfeiçoe segundo a sua vocação.
5 – Na criação, mandou Deus que todas as plantas produzissem frutos, mas cada uma segundo a sua espécie: juxta genus suum; e por isso as diversas plantas produzem diferentes frutos, cada planta mística, imagem da alma, deve produzir frutos de santidade; mas cada uma segundo a sua espécie, isto é, segundo o seu estado: assim Elias no deserto e Davi sobre o trono foram piedosos e santos dum modo diferente. Lição importante para aqueles que no meio do século querem viver como no claustro, e no seio da côrte como no deserto! Os frutos são excelentes em si mesmos, amas não em relação com a árvore que os produz.
Direção para Viver Cristãmente pelo Rev. Padre Quadrupani, Barnabita, 1905.
Última atualização do artigo em 9 de março de 2025 por Arsenal Católico