As relações para conosco abraçam tamanho número de objetos, que seria demasiadamente longo trabalho tratar cada uma de per si. As principais são: As ocupações; a recreação; o vestido; a mortificação; a perfeição; a liberdade e a tranquilidade de espírito; e o considerar tudo que nos acontece como vindo de Deus.
Das ocupações
1 – Quando Adão era ainda estado de inocência, foi colocado no paraíso terrestre, para que se ocupasse cultivando este jardim delicioso. Este terreno tão fértil não precisava de cultura, diz S. João Crisóstomo; mas Adão é que precisava de ocupar-se, para que a ociosidade não fosse causa de ruína da sua inocência, ruína talvez mais fatal do que a causada pela serpente. A ociosidade é a fonte de todos so vícios, assim como a virtude é a fonte de todas as virtudes.
2 – As ocupações devem ser análogas ao vosso estado e devem variar segundo as diversas situações em que vos achardes, porque todas as ocupações não podem ser convenientes em todo o tempo e em todo o lugar.
3 – Não sejais do número daqueles que para se ocuparem leem livros maus, paixão dominante do nosso século, o que faz com que vejamos tantas cabeças romanescas.
Semelhante ocupação, dizia São João Crisóstomo, é pior que a própria ociosidade. Dá armas a mais poderosa e sedutora paixão do homem; pactua com um inimigo, que agrada a corações corrompidos e os lisonjeia; acontecendo muitas vezes acharmo-nos perdidos, quando loucamente enganados nos julgamos vencedores.
4 – Se quereis ocupar-vos com uma leitura útil, lede e estudai essas obras que vos ensinam os deveres gerais e particulares do homem, do cidadão, do cristão, do pai, do filho, do esposo, do amo e do amigo.
Todos estes deveres são da mais alta importância, mas são tão desprezados que a maior parte dos homens vivem e morrem em completa ignorância sobre tão importante objeto.
5 – Não vos esqueçais, também, dos livros divinos, isto é, das Santas Escrituras, que nos foram explicadas por tantos escritores ilustres e piedosos. Assim como seria vergonhoso para um médico ignorar os livros mais elementares da sua arte, e para um jurisconsulto não conhecer o código das leis, assim também seria vergonhoso para um cristão ignorar o livro de Nosso Senhor Jesus Cristo, e para um fiel não conhecer o livro da sua fé, livro donde os filósofos pagãos de maior nomeada tiravam preceito que lhes mereciam a estima do mundo e sobre o qual os cristãos dos primeiros séculos fizeram tantos estudos que não só os homens de letras, mas aqueles mesmo da classe pobre, como os artistas e lavradores, tinham grande parte deles na memória, e repetiam as máximas celestiais com uma santa alegria. A leitura deste livro divino esclarecerá o vosso coração e ocupar-vos-á santamente.
Direção para Viver Cristãmente pelo Rev. Padre Quadrupani, Barnabita, 1905.
Última atualização do artigo em 8 de março de 2025 por Arsenal Católico