Décimo Quinto Domingo depois de Pentecostes (Luc. 7, 11-15)
- Naquele tempo foi jesus a uma cidade chamada de Naim: e iam com ele seus discípulos e muito povo.
- E quando chegou perto da porta da cidade: eis que era levado um defunto a sepultar, filho único de sua mãe e esta era viúva; e ia com ela muito gente da cidade.
- E tendo-o visto, o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: Não chores.
- E aproximou-se e tocou no esquife. E os que o levavam pararam. Então disse Ele: Jovem, eu te digo, levanta-te.
- E sentou-se o que tinha estado morto, e começou a falar. E (Jesus) entregou-o à sua mãe.
A MORTE
Este morto, este préstito lúgubre, estas lágrimas de uma mãe desolada, seguindo para o cemitério o cadáver de seu filho único, depois de ter seguido já o cadáver de seu marido, tudo isso nos convida a falar da morte.
Examinemos:
1. AS CERTEZAS da morte.
2. A LINGUAGEM da morte.
I. AS CERTEZAS DA MORTE
A morte é a consequência do pecado…
Ela revela o horror do pecado…
Eva, diante do cadáver de Abel, viu a morte pela primeira vez… mas devia murmurar: Meu filho, fui eu que te matei, pelo meu pecado…
Hoje é a lei universal: Statutum est hominibus semel mori. (Hebr. 9, 27). É certo, absolutamente certo, que:
1. Havemos de morrer. Todos morrem… até hoje ninguém escapou! Crianças, mocidade, velhice.
Beleza, inteligência, posição, pobre, rico… tudo desaparece…
Que é morrer?
É deixar tudo…
Ser abandonados de todos…
Apodrecer no cemitério…
Prestar contas a Deus da sua vida…
A morte abate tudo. Há 100 anos a sua cidade era habitada por outros, hoje desconhecidos. – Mais outros 100 anos, e outra geração habitará, ignorando os vivos de hoje, pisando os seus ossos.
2. Morreremos brevemente. Que são 50, 80 anos?
Uma fumaça que passa.
O homem nasce com a corda ao pescoço, diz São Cipriano.
Sentimos esta brevidade da vida, e procuramos mentir até a nós mesmos.
Se nos perguntam: Quantos anos tem?
Respondemos: 20, 30, 50, etc.
É uma mentira.
Em vez de dizer os anos que ainda temos, mas que ignoramos, dizemos os que não temos mais…Devia-se responder: Não tenho mais 20, 30, 50 anos!
Quantos anos temos ainda? Não o sabemos.
3. Morreremos de morte imprevista. Todos morrem, não de morte súbita, mas de morte imprevista: no tempo e na hora que menos pensamos. É a palavra de Jesus Cristo: Vigiai, visto que não sabeis quando virá o senhor da casa; se de tarde, se à meia noite… para que, vindo de repente, não vos encontre dormindo. (Mat. 13, 35).
Estai preparados, porque na hora que não cuidais virá o Filho do homem. (Luc 12, 40).
É um fato de experiência. Quando um doente está morrendo, pensa na vida… e quando pretende não morrer, está no fim.
II. A LINGUAGEM DA MORTE
A morte imola e prega.
É ela que está hoje no púlpito para pregar…
É o ais eloquente dos oradores.
Escutemo-lo.
Quereis conhecer o meu trabalho? – diz a morte.
Por ano eu mato 30 milhões de pessoas: homens, mulheres, crianças.
Cada dia a minha foice ceifa mais de 30.000 vivos.
Cada hora, eu mando para o cemitério perto de 4.000 pessoas.
Enquanto estais aqui assistindo à missa, eu trabalho e corto a vida a mais de 2.000 pessoas, não presentes na Igreja.
Eu não descanso; a matança é contínua, de dia e de noite. Ninguém me escapa.
Siccine separat amara mors. (I Reis, 15, 32).
Levo diante de mim a humanidade inteira, precipitando tudo no abismo: tronos, riquezas, poder, pobreza, sofrimento e ódio…
Há lágrimas, e há gemidos, há súplicas, mas o meu lema é: Pulvis es et in pulverem reverteris (Gên. 3, 19).
Tu és tirado do pó, eu te reduzo ao pó.
Sou inflexível como a eternidade.
A mãe me suplica…
A mocidade me odeia…
A velhice me teme…
A pobreza me invoca…
Para o justo eu trago uma coroa!
Para o pecador trago suplícios!
Cada um recebe conforme os seus merecimentos.
III. CONCLUSÃO
Lembremo-nos, às vezes, da morte e de seus ensinamentos, e sobretudo vivamos de tal modo, que a morte não nos possa surpreender num estado merecedor de castigos.
Talis vita, finis ita… tal vida, tal morte.
Não esperemos o último instante para estarmos bem com Deus, pois não conhecemos este último instante…
Em negócio tão sério, é mister tomar o partido mais certo e mais seguro.
Por isso, o Salvador não diz: Preparai-vos, mas, sim: Estai preparados – Parati estote.
Se não se brinca com o fogo, menos ainda se brinca com a morte, e com a morte certa, próxima e imprevista.
É tão fácil viver bem com Deus: o arrependimento das faltas passadas, junto com o propósito de não ofender mais a Deus e a confissão, perdoa tudo, e nos dá a certeza de uma boa e santa morte.
Moriatur anima mea, morte justorum. (Núm. 23, 10).
Comentário Dogmático, Padre Júlio Maria, S.D.N., 1958.
Última atualização do artigo em 10 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico