Décimo Sétimo Domingo depois de Pentecostes – Pe. Júlio Maria S.D.N.

Décimo Sétimo Domingo depois de Pentecostes (Mat. 12, 34-46).

  1. Naquele tempo, tendo os fariseus sabido que (Jesus) reduzira ao silêncio aos saduceus, reuniram-se:
  2. E um deles, doutor da lei, tentando-o perguntou-lhe:
  3. Mestre, qual é o grande mandamento da lei?
  4. Jesus disse-lhe: Amarás ao Senhor teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma e de todo o teu espírito.
  5. Este é o máximo e o primeiro Mandamento.
  6. E o segundo é semelhante a este: amarás o teu próximo, como a ti mesmo.
  7. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas.
  8. E estando juntos os fariseus, Jesus interrogou-os dizendo:
  9. Que vos parece do Cristo? D quem é Ele Filho? Responderam-lhe: De Davi.
  10. Jesus disse-lhes: Como, pois, lhe chama Davi, em espírito Senhor, dizendo:
  11. Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.
  12. Se, pois, Davi lhe chama Senhor, como é Ele seu Filho?
  13. E ninguém podia responder-lhe uma só palavra; e daquele dia em diante não houve mais quem ousasse interroga-lo.

JESUS CRISTO

Recolhamos do Evangelho a pergunta que Jesus dirigiu aos fariseus: O que pensais do Cristo? De quem é Filho?

A pergunta penetra no amago do ensino dogmático sobre a personalidade de Jesus Cristo.

Os fariseus deram uma resposta incompleta, dizendo que era Filho de Davi.

A resposta verdadeira é a de São Pedro: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. (Mat. 16, 16).

Examinemos as provas que estabelecem positivamente que Jesus é o Filho de Deus.

1. Pelas suas próprias AFIRMAÇÕES.
2. Pelos milagres PROBATIVOS desta afirmação.

I. AS AFIRMAÇÕES DE JESUS

Jesus afirmava a cada instante que era Deus… Filho de Deus… igual a seu pai, e tendo todo o poder neste mundo… e chega a jurar que Ele é o Filho unigênito de Deus.

Basta examinar umas das asserções do salvador para ver que não pode haver nem equívocos, nem dúvida a este respeito.

Ele diz: Antes que Abraão fosse feito, eu sou. (Jo. 8, 48).

Glorifica-me, meu Pai com aquela glória que eu tinha em ti, antes que o mundo existisse. (Jo. 17, 5)

– Eu e o Pai somos uma e a mesma coisa. (Jo. 10, 30).

– O Pai está em mim e eu estou no Pai. (Jo. 10, 38).

– Assim como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu Ele ao Filho ter a vida em si mesmo. (Jo. 5, 26).

– Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; nem ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e a quem o Filho o quiser revelar. (Mat. 11, 27).

– Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. (Mat. 28, 18).

– Assim como o Pai ressuscita os mortos, e lhes dá a vida, assim também o Filho dá a vida a quem quiser. (Jo. 5, 21).

– Crede em Deus, crede também em mim (Jo. 14, 1).

No sinédrio dos judeus, Caifás perguntou solenemente a Jesus: “Eu te conjuro, pelo Deus vivo, que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus?”

A resposta é positiva, sem nenhuma hesitação:

– Vós dizeis, eu o sou! (Luc. 22, 70) mas também vos digo que vereis o Filho do Homem sentado à direita de Deus, vir sobre as nuvens do céu. (Mat. 26, 64).

Não há, pois, dúvida: Jesus é o Filho unigênito de Deus. (Jo. 3, 16) ou seria um mentiroso, um blasfemador. Ora, a sua vida contradiz uma tal explicação, como a destroem os seus numerosos milagres, feitos para provar a sua asserção.

II. OS MILAGRES PROBATIVOS

O milagre, considerado isoladamente, prova a santidade e o poder de Jesus Cristo, sem provar por isso a sua divindade.

Muitos santos fizeram igualmente milagres, sem serem eles Deus; porém o milagre, feito propositalmente para provar esta dignidade, é um argumento divino, absolutamente irrefutável, positivamente probativo.

Ora, tais milagres ocorrem a cada passo, na vida de Jesus Cristo.

Ele disse aos judeus incrédulos. Se não quiserdes crer em mim, crede em minhas obras, porque estas dão testemunho de mim. (Jo. 10, 28).

Tais obras são os seus milagres.

Jesus afirma ter o poder de perdoar os pecados, e tal poder pertence exclusivamente a Deus e a quem Deus o comunicar.

Ora, curando um paralítico (Mat. 9, 3) Jesus diz aos fariseus que murmuravam: Ora, para que saibais que o Filho do homem tem poder na terra de perdoar pecados: Levanta-te, carrega o teu leito e vai para casa.

E ele levantou-se e foi para casa. (Mat. 9, 7).

É claro, é insofismável: Jesus fez um milagre para provar que pode perdoar pecados, o que só Deus pode fazer.

Além de muitos outros, a ressurreição de Lázaro é outro testemunho da sua divindade.

Diante do sepulcro de Lázaro Jesus fala em alta voz. Pai, dou-te graças, porque me tens ouvido… falei assim por causa do povo que está em toda de mim: para que creiam que tu me enviaste.

Tendo dito estas palavras, bradou em alta voz: Lázaro, sai para fora.

E imediatamente saiu o que estivera morto. (Jo. 11, 42).

III. CONCLUSÃO

Jesus Cristo é, pois verdadeiramente o Filho de Deus!… Deus igual a seu ai, tendo em suas mãos um poder divino, e sobre os seus lábios a verdade divina.

Jesus, sendo Deus é infalível em seu ensino, pois Deus não pode enganar-nos.

Devemos, pois, aceitar tudo o que Ele nos ensina como sendo verdades divinas; e devemos fazer tudo o que Ele manda, pois: são ordens divinas.

Crer firmemente no seu ensino, que nos é transmitido fielmente pela Igreja, a quem Jesus encarregou de conservar e explicar a sua doutrina: Quem vos escuta, escuta a mim!

Devemos praticar tudo o que Ele manda, e até procurar fazer o que Ele nos aconselha.

Os conselhos são meios utilíssimos de perfeição para certos estados de vida.

E tudo é para o bem dos que amam a Deus.

Diligentibus Deum, omnia cooperantur in bonum.

Comentário Dogmático, Padre Júlio Maria, S.D.N., 1958.

Última atualização do artigo em 11 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico

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