Direção para as almas timoratas: A obediência

La penitente, La obra representa a una mujer confesándose con un sacerdote católico, 1884, Public Domain - Wikimedia Commons

A obediência, que segundo os Santos Padres é a regra de todo ato de virtude, deve ser posta na frente de qualquer instrução; é por isso que faremos as observações seguintes:

1 – Aquele que obedece ao ministro do Senhor, não obedece a um homem; obedece a Deus, que disse: “Quem vos escuta, a mim escuta.”

2 – Nenhuma alma verdadeiramente obediente se perdeu; nenhuma alma desobediente se salvou. (S. Filipe Nery).

3 – S. Bernardo dizia que todo aquele que segue as suas próprias luzes e temores contra os conselhos da autoridade, não precisa de demônio que o tente, porque ele próprio é para si um demônio.

4 – Não receeis que um diretor prudente se engane, que não vos conheça, ou que vos não tenhais explicado suficientemente. Com semelhantes apreensões toda a obediência seria sempre iludida ou adiada. Se o diretor não vos tivesse conhecido ou compreendido quanto era necessário, ter-vos-ia- feito mais perguntas. Além disso, Deus prometeu o seu auxílio e luzes àquele que faz as suas vezes para dirigir as almas. É quanto basta, para que obedeçamos com prontidão e simplicidade, como manda a santa Escritura.

5 – Deus não nos manifesta o estado da nossa alma, porém manifesta-o àquele que deve julgar-nos em seu lugar. Contentai-vos, pois, com saber do vosso sábio diretor que andais no bom caminho, e que a misericórdia e a graça de Jesus Cristo estão em vós. Deveis obedecer em todas as coisas e sobretudo nisto; porque, como escreve S. João da Cruz, “não nos contentarmos com o que diz o confessor, é orgulho e falta de fé.”

6 – A alma é obrigada a obedecer, portanto, deve banir os receios de pecar, marchando sempre para a frente com denodo. “Parecer-vos-á, diz S. Boa Ventura, que obrais contra a vossa consciência, quando pelo contrário obrais segundo a obediência; parecer-vos-á que pecais, quando pelo contrário adquiris um grande merecimento.”

7 – Não basta submetermo-nos à autoridade por uma obediência exterior; é preciso também submeter a vontade e o entendimento, crendo o que ela nos manda crer. Sabei que é particularmente nesta submissão da vontade e do entendimento que reside o mérito da santa obediência. O sacrifício que não é feito em espírito e verdade, não pode ser agradável a Deus.

8 – A vossa obediência deve ser simples, pronta, corajosa, universal. 1. Simples, porque não deveis raciocinar, mas deter-vos neste só pensamento: Devo obedecer. 2. Pronta, porque é a Deus que obedeceis 3. Corajosa, porque aquele que obedece a Deus não pode enganar-se. 4. universal, porque a obediência estende-se a tudo o que não é pecado.

9 – O confessor, o diretor depositário da vossa obediência, deve ser cheio de caridade, de virtude, de sabedoria e de prudência. Ser-vos-á de grande vantagem lerdes sobre este ponto a Introdução à Vida Devota, de S. Francisco de Sales.

10 – Observai, enfim, que podeis ter um padre para confessor e outro para diretor. S. Francisco de Sales dirigia por seus conselhos e cartas muitas almas, das quais não era o confessor ordinário. “Ao diretor, diz o nosso Santo, descobrimos toda a nossa alma, ao confessor declaramos só os pecados.” Para o cargo de confessor exigem-se menos requisitos; para o de diretor são necessárias altas qualidades.

Direção para Sossegar Nas Suas Dúvidas As Almas Timoratas pelo Rev. Pe. Quadrupani Barnabita, 1905.

Última atualização do artigo em 17 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico

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