1 – Há algumas pessoas que olham o escrúpulo como uma virtude; pelo contrário é ele um defeito mui perigoso. Gerson diz que muitas vezes é mais nociva uma consciência escrupulosa, isto é, que se receia mais do que é preciso, do que uma consciência relaxada.
2 – O escrúpulo obscurece a alma, perturba a paz, produz a desconfiança; afasta dos sacramentos, altera a saúde e oprime o espírito. Quantos há que começaram pelo escrúpulo e acabaram pela loucura! Quantos há que começaram pelo escrúpulo e acabaram pela licença! É a observação de Santo Agostinho, profundo teólogo e mestre da vida espiritual.
Repeli, pois, este terrível veneno da piedade, e dizei com S. José Cupertino: “Eu não quero em minha casa nem escrúpulos nem tristeza”.
3 – O escrúpulo consiste em ter-se um receio imaginário do pecado, não havendo motivo algum de recear. O escrupuloso não considera as suas hesitações e receios como escrúpulos, mas sim como coisas fundadas em boas razões. Deve, pois, acreditar que tais coisas são escrúpulos, quando o seu diretor lhe afirmar que o são.
4 – O escrupuloso não vê em sua consciência outra coisa que pecados, e em Deus só cólera e vingança. Deve pois meditar todos os dias naquele tributo que manifeste mais a sua misericórdia. tal deve ser o objeto de seus pensamentos, reflexões e sentimentos.
5 – O único remédio para os escrupulosos é uma completa e firme obediência. S. Francisco de Sales dizia que é o nosso secreto orgulho quem faz permanecer os escrúpulos, porque preferimos a nossa opinião à do nosso diretor. Obedecei, pois, conclui o Santo, sem fazerdes outro raciocínio a não ser este – Eu devo obedecer; então sereis curados de tão horrorosa enfermidade.
6 – Esses que assim estão temerosos e inquietos fazem um grande mal a Deus; pois parece que com seus escrúpulos estão dizendo: É uma escravidão servir este Deus de amor e de bondade infinita.
Direção para Viver Cristãmente pelo Rev. Padre Quadrupani, Barnabita, 1905.
Última atualização do artigo em 9 de março de 2025 por Arsenal Católico