“Eu Sou A Verdade”

Ó Jesus, Verbo Incarnado , luz e esplendor do Pai, instrui e iluminai a minha alma.

1 – Jesus veio para nos dar a vida e veio também para nos ensinar o caminho que conduz à vida; Ele, fonte de vida, é igualmente Mestre da vida.

Assim O apresentou o Pai celeste ao mundo, desde o princípio do Seu apostolado. O Espírito Santo, que em forma de pomba desceu sobre Ele imediatamente depois do Seu batismo, e a voz que se ouviu do céu: “Este é o meu Filho amado no qual pus as minhas complacências” (Mt. 3, 17), são, por assim dizer, as credenciais que garantem o Seu ensino e constituem a sua razão de ser. Quem não acreditará nas Suas palavras, se Ele é o Filho de Deus e se o Espírito Santo está com Ele? Dois anos mais tarde, no Tabor, renova-se a mesma apresentação, a mesma voz e as mesmas palavras: “Este é o meu Filho dileto”; mas depois é-nos feita a recomendação explícita: “ouvi-O” (ib. 17, 5) que põe ainda em evidência a Sua função de Mestre.

O próprio Jesus Se revelou como Mestre, como único Mestre: “Vós me chamais Mestre… e dizeis bem, porque o sou” (Jo. 13, 13); “nem sejais chamados mestres, porque um só é o vosso Mestre, o Cristo” (Mt. 23, 10). Quando Jesus afirmou ser a vida, afirmou também ser a “Verdade”; assim, diante de Pilatos que O interrogava acerca da Sua origem e da Sua missão, declarou: “Nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade” (Jo. 18, 37). Quem escuta as Suas palavras, escuta a verdade: “se vós permanecerdes na minha palavra;;; conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres” (Jo. 8, 31 e 32).

2 – O homem pode ser mestre, mas também pode não o ser, todavia permanece sempre homem. Jesus, ao contrário, é Mestre por natureza, precisamente por que é o Verbo Incarnado. Deus é Verdade, e toda a verdade que há no Pai comunica-se ao verbo e chega até nós por meio de Cristo. Jesus é Mestre enquanto Verbo, palavra substancial do Pai e por isso, contém e manifesta toda a verdade, toda a sabedoria, toda a ciência que pode existir; assim Ele mesmo é a verdade, a sabedoria, o esplendor, a luz do Pai. Eis porque Jesus pôde dizer que é o único Mestre. Os outros mestres só conhecem uma parte da verdade, Jesus não só conhece toda a verdade, mas, como Verbo, é a Verdade. Os outros mestres ensinam verdades superiores a eles e que existem ensinam verdades superiores a eles e que existem fora deles, conhecendo-as, portanto, imperfeitamente; Jesus, ao contrário, ensina a verdade que Ele próprio é por natureza e por conseguinte, o Seu ensino é, de um modo absoluto, único e infalível. Por este motivo jesus pôde afirmar: “Eu vim ao mundo como uma luz para que todo o que crê em mim não fique nas trevas” (Jo. 12, 16); e mais explicitamente ainda: “Eu sou a luz do mundo” (Jo. 8, 12). Só Jesus pôde declarar-Se luz do mundo, porque só o Verbo é luz, é a Palavra de Deus.

O ensino de Jesus não se reduz, pois, a meras palavras humanas, por mais sublimes e elevadas que possam ser, mas reflete a palavra do próprio Deus: é a esta palavra que Ele nos convida a abrir o espírito e o coração.

Colóquio – “Ó divino Pai, diante de nós, Vossos filhos, colocastes aberto o livro da vida que é Jesus Cristo, Deus e Homem, no qual se encontram abundantemente todas as coisas que podemos desejar ser. Lendo nele, ficaremos cheios da verdadeira ciência e acharemos a doutrina necessária para nós e para os outros. Mas para isso, alam minha, deves ler neste livro da vida, não a correr, ou ligeiramente, mas devagar, com atenção; serás então inflamada pelo amor divino e reconhecerás a verdade.

“Acima de tudo, ó minha alma, esforça-te por conhecer deveras a Deus e a ti mesma, o que não conseguirás senão lendo, contemplando e operando no livro da vida, Cristo Senhor nosso” (B. Ângela de Foligno).

Ó Jesus, luz verdadeira, dissipai as trevas da minha ignorância, as trevas que nascem da minha malícia, e fazei que procure e ame a verdade com um coração sincero, porque a verdade sois Vós, Verbo incarnado.

Vós sois a única luz que ilumina o meu caminho, o único Mestre que guia os meus passos. Eu tenho necessidade de Vós, Verdade eterna, para me livrar da escravidão de tantas fraquezas, misérias e paixões que tanto me cegam os olhos do espírito e me impedem de aderir totalmente ao bem e á verdade que me ensinais.

A Vossa verdade diz-me que Vós sois Aquele que é e eu aquele que não é; só Vós valeis e eu não tenho valor algum; Vós sois o Tudo e eu o nada, e se em mim há qualquer coisa de bom, tudo, absolutamente tudo, é dom Vosso.

Ó Jesus, fazei que eu saiba procurar e amar a Vossa verdade, mesmo quando me castiga, mesmo quando é para mim uma espada de dois gumes que põe a nu as minhas misérias, os meus defeitos, os meus erros. Fazei que a Vossa verdade penetre todo o meu ser e o meu agir; fazei que eu saiba rejeitar com coragem toda a luz que não venha de Vós.

Ó meu único Mestre, fazei-me compreender a vaidade de toda a ciência, de todo o pensamento que não seja um reflexo da Vossa verdade. Imergi, ó Senhor, a minha alma na Vossa luz, penetrai a minha inteligência e o meu coração com a Vossa verdade; uni-me a Vós, ó Verdade eterna! Ó Jesus, Verbo Incarnado, Palavra incarnada do meu Deus, instruí a minha alma, quero aprender tudo de Vós, “quero passar a minha vida a escutar-Vos” (I. T. El).

Intimidade Divina, Meditações Sobre a Vida Interior Para Todos os Dias do Ano, P. Gabriel de Sta M. Madalena O.C.D. 1952.

Última atualização do artigo em 28 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico

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