Festa da Assunção de Nossa Senhora

Annibale Carracci, Assunção de Maria, cerca de 1590, Domínio Público, Wikimedia Commons

A Festa da Assunção de Nossa Senhora é uma das mais antigas da Igreja. No ano 600 já a Igreja Católica festejava este dia da glória de Maria Santíssima. A festividade de hoje lembra como a Mãe de Jesus Cristo recebeu a recompensa das suas boas obras, dos seus sofrimentos, penitências e virtudes. Não só a alma, também o corpo da Virgem Santíssima fez entrada solene no céu. Ela, que durante a vida terrestre desempenhou um papel todo singular, entre as criaturas humanas, com o dia da gloriosa Assunção começou a ocupar um lugar no céu, que a distingue de todos os habitantes da celeste Sião.

Só Deus pode dar uma recompensa justa; só Ele pode remunerar com glória eterna serviços prestado aqui na terra; só Ele pode tirar toda a dor, enxugar todas as lágrimas e encher nossa alma de alegria indizível e dar-nos uma felicidade completa. Que recompensa o Pai Eterno não teria dado aquela, que por Ele mesmo tinha sido eleita, para ser a Mãe do Deus humanado? Se é impossível descrever as magnificências do céu, impossível é fazermos uma ideia adequada da glória que Maria Santíssima possui, desde o dia da Assunção. Se dos bem-aventurados do céu o último goza de uma felicidade infinitamente maior que a do homem mais feliz no mundo, quanta não deve ser a ventura daquela que, entre todos os eleitos, ocupa o primeiro lugar; aquela que pela Igreja Católica é saudada: Rainha dos Anjos, Rainha dos Patriarcas, Rainha dos Profetas, Rainha dos Apóstolos, dos Mártires, dos Confessores, das Virgens, Rainha de todos os Santos!

Que honra, que distinção, que glória não recebeu Maria Santíssima, pela sua gloriosa Assunção! Esta distinção honra também a nós e é motivo de nos alegrarmos. Maria, que agora é Rainha do céu, foi o que nós somos, uma criatura humana e como tal, nasceu e morreu, como nós nascemos e devemos morrer; mais que qualquer outra, foi provada pelo sofrimento, pela dor. Pela glória com que Deus a distinguiu, é honrado o gênero humano inteiro e por isso a elevação de Maria à maior das dignidades no céu, é motivo para nos regozijarmos.

Outro motivo ainda de alegria temos pelo fato de Maria Santíssima ser nossa Medianeira junto ao trono divino.

O protestantismo não se cansa de repetir que a Igreja Católica adora os Santos, calúnia estupidíssima, refutada inúmeras vezes. Doutrina da Igreja Católica é que os Santos podem interceder por nós e que suas orações têm grande valor aos olhos de Deus; por isto podemos invoca-los e pedir-lhes a intercessão. Esta doutrina, baseada na Sagrada Escritura, é além disto muito racional. Os Santos não são iguais em santidade e por isto seu valor de intermediário não é o mesmo. Entre todos os habitantes da celeste Jerusalém, a mais santa, a mais próxima de Deus é Maria Santíssima. A intercessão de Maria deve, portanto, ser mais agradável a Deus e mais Valiosa para nós. S. Bernardino de Sena chama Maria Santíssima a “tesoureira da graça divina”; Sto. Affonso vê em Maria o “refúgio e a esperança dos pecadores” e a Igreja Católica invoca-a sob os títulos de “Mãe da divina graça, Porta do céu. Advogada nossa”. Maria Santíssima é nossa Mãe, nossa grande Medianeira, pelo fato de ser Mãe de Jesus Cristo nosso grande Mediador.

O dia de sua gloriosa Assunção é para nós um grande “Sursum corda”.       

Levantemos os nossos corações ao céu, onde está nossa Mãe. Invoquemo-la em nossas necessidades, imitemo-la nas virtudes. Desta sorte, tornando-nos cada vez mais semelhantes ao nosso grande modelo, mais dignos seremos de sua intercessão e mais garantidos da nossa salvação eterna.

Nota. – A Assunção de Nossa Senhora (…) é uma verdade, que foi acreditada desde os primeiros anos do Cristianismo, de modo que nega-la seria uma temeridade, por contrariar a opinião geral dos séculos passados, até os nossos tempos. Eis um trecho de um sermão de S. João Damasceno, sobre o mistério da Ressurreição e Assunção de Nossa Senhora: “Quando a alma da Santíssima Virgem se lhe separou do puríssimo corpo, os Apóstolos, presentes em Jerusalém, deram-lhe sepultura em uma gruta de Getsemani. Tradição antiquíssima conta que, durante três dias, se ouviu doce cantar dos Anjos. Passados três dias; não mais se ouviu o canto. Tendo entretanto chegado também Thomé e desejando ver e venerar o corpo, que tinha concebido o Filho de Deus, os Apóstolos abriram o túmulo, mas não acharam mais vestígio do corpo Imaculado de Maria, Nossa Senhora.

Encontraram apenas as mortalhas, que tinham envolvido o santo corpo e perfumes deliciosos enchiam o ambiente. Admirados de tão grande milagre, tornaram a fechar o sepulcro, convencidos de que Aquele que quisera encarnar-se no seio puríssimo da SS. Virgem, preservara também da corrupção este corpo virginal e o honrara pela gloriosa Assunção ao céu, antes da ressurreição geral.”

REFLEXÕES

Como deve ser suave a morte como termo de uma vida santa! Se queres ter uma morte santa, imita a Maria Santíssima na prática das virtudes, principalmente na fé, na confiança em Deus, no amor a Deus e ao próximo, na humildade, paciência e mansidão, na incomparável pureza, na conformidade absoluta à vontade de Deus. Não há nenhuma destas virtudes, cuja prática esteja acima das tuas forças. Não importa que os homens te desprezem, se Deus te dá sua estima, como a Maria. Que importa, se os homens te abandonarem, sendo Deus teu amigo e protetor? É indiferente que sejas rico ou pobre, se possuí­res a Deus. Que são os sofrimentos, tribulações, pobreza, fome, sede e doença em comparação com uma boa morte, que te transportará para uma glória e felicidade sem fim? Quem mais participou da Paixão de Jesus Cristo do que sua santa Mãe? Há, entre os Santos todos, um só, que tenha sofrido como Maria Santíssima? Não é ela a Rainha dos Mártires? Não obstante é a bendita entre as mulheres, a Esposa do Espírito Santo, a eleita da Santíssima Trindade. Também nós havemos de seguir o caminho da cruz, para nos tornarmos dignos da eterna glória. À vista de Maria Santíssima ao pé da cruz e seu divino Filho pregado no lenho da ignomínia, devem emudecer as nossas queixas, nossos desânimos.

Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume II, 1935.

Última atualização do artigo em 11 de abril de 2025 por Arsenal Católico

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