Mestre, seguir-vos-ei para onde quer que fordes (Mat. VIII, 19).
Mas então, tu és rei? perguntou Pilatos ao Salvador. Tu o disseste: sou rei (1), respondeu o Senhor.
Sim, jovem cristã. Jesus é Rei; o Rei dos reis; Jesus é o teu Rei.
O domínio que tem sobre ti, adquiriu-o à custa de muito trabalho e do Seu próprio Sangue (2). De ti pode-se dizer o do apóstolo: Vós já não sois vossos (3). És propriedade de Jesus; Ele é o teu soberano Senhor.
Desta verdade deduzem-se consequências muito importantes.
Se Jesus é o teu Rei, tu deves-lhe submissão, fidelidade e devoção; se é o teu Rei, deves-lhe obediência sincera, generosa e pronta para os maiores sacrifícios.
Não há condição, idade ou sexo que esteja isento da obrigação de Lhe obedecer.
Com efeito, Jesus é Rei e Rei generoso. Desceu do céu para submeter o mundo todo ao Seu Pai celestial e para destruir o reinado do poder das trevas. Não veio trazer a paz, mas a espada (4).
Logo que o homem pecou no paraíso, foi prometido ao gênero humano este vingador e libertador que havia de esmagar a cabeça da serpente. Esta luta, propriamente começou quando o Filho de Deus veio à terra em carne humana; dura ainda hoje cada vez mais encarniçada e terrível, e prolongar-se-á até ao fim dos séculos. Jesus há de dominar e combater, até ter dobrado ante os seus pés todos os seus inimigos; o último a ser destruído será a morte (5). Só então começará o reinado da eternidade, glorioso para os imitadores de Jesus, desgraçado para os seus inimigos.
Em que número queres tu ser contada? Cristo ordena-te que O sigas, apontando-te com toda a clareza e precisão as condições para isso. Quem quiser vir após de mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (6).
Não exige de ti nada que Ele não tenha praticado primeiro: toma parte em todas as tuas privações e combates, quer estar ao teu lado e combater em ti e contigo. Oh combate glorioso! A vitória é certa! Por ela combatem denodadamente crianças e anciãos! Quantas donzelas, como Santa Inês, Santa Catarina, Santa Luzia alcançaram a palma do triunfo nesta guerra gloriosa!
Ouve, pois, a voz do teu Rei, e vai em pós dEle pelo caminho da virtude e da justiça, dizendo-Lhe: Seguir-Vos-ei para onde quer que fordes (7). Vós sois o caminho, a verdade e a vida (8). Poderei extraviar-me, indo por este caminho? Poderei errar, guiada por esta verdade? Poderei morrer, unida a esta vida? Até as feridas que receber neste combate se me converterão em fontes de vida, porque Vós, Chefe invencível, tirastes da própria morte o gérmen da vida.
Ânimo pois, alma minha. Contempla o teu Rei, fixa-te na sua bandeira vitoriosa. À sua sombra e guiada por ela, alcançarás a coroa imarcescível da glória.
A Virgem Prudente, Pensamentos e Conselhos acomodados às Jovens Cristãs, por A. De Doss, S.J. versão de A. Cardoso, 1933.
(1) Joan. XVIII, 37.
(2) I Cor. VI, 20.
(3) I Cor. VI, 19.
(4) Mat. X, 34.
(5) I Cor. XV, 25-26.
(6) Mat. XVI, 24.
(7) Joan. XIV, 6.
Última atualização do artigo em 25 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico