Jesus Cristo tem feito e padecido tudo por nosso amor

Dilexit me, et tradidit semetipsum pro me — “Ele me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gal. 2, 20).

Se é verdade, ó meu Jesus, que por meu amor abraçastes uma vida penosa e uma morte amargosa, posso dizer com razão, que a vossa morte é minha, que são minhas as vossas dores, meus os vossos merecimentos, que, em suma,Vós mesmo sois meu, já que por meu amor Vos entregastes a tão grandes padecimentos. Ah, meu Jesus! Nada me aflige tanto como o pensar que houve um tempo em que Vós éreis meu, e eu voluntariamente Vos tenho perdido repetidas vezes. Perdoai-me e estreitai-me ao vosso peito, nem permitais que eu ainda torne a ofender-Vos. Amo-Vos de toda a minha alma. Vós quereis ser todo meu, eu quero ser todo vosso.

O Filho de Deus, por ser Deus verdadeiro, é infinitamente feliz. Contudo, observa Santo Tomás, Ele tem feito e padecido tanto por amor do homem, como se sem este não pudesse ser feliz: quasi sine ipso beatus esse non posset. Se Jesus Cristo, durante a sua vida terrestre, tivera de merecer a eterna bem-aventurança para si mesmo, que é que mais pudera fazer do que carregar-se de todas as nossas fraquezas, tomar sobre si todas as nossas misérias, para depois terminar a vida com uma morte tão dura e ignominiosa? Mas Jesus era inocente, santo e bem-aventurado em si mesmo; tudo quanto tem feito e padecido, tem-no feito a fim de merecer para nós a graça divina e o paraíso perdido. — Desgraçado de quem não Vos ama, ó Jesus meu, e não vive abrasado no amor de tão grande bondade!

Se Jesus Cristo nos houvera permitido, que lhe pedíssemos as provas mais manifestas do seu amor, quem jamais se teria animado a pedir-lhe, se fizesse criança semelhante às outras crianças, abraçasse todas as nossas misérias, se fizesse entre os homens, o mais pobre, o mais desprezado, o mais mal tratado, até morrer à força de tormentos sobre um lenho infame, amaldiçoado e abandonado de todos, mesmo do seu próprio Pai? Mas o que não nos animaríamos nem sequer a imaginar, Jesus o excogitou e fez.

Ó meu amado Redentor, peço-Vos que me concedais a graça, que para mim merecestes com a vossa morte. Amo-Vos e pesa-me de Vos ter ofendido. Tomai posse da minha alma; não quero que ela continue em poder do demônio. Quero que ela seja toda vossa, já que Vós a comprastes com o vosso sangue. Vós me amais a mim e eu quero só amar a Vós. Preservai-me do castigo de viver sem o vosso amor, e pelo mais castigai-me como quiserdes. Maria, meu refúgio, a morte de Jesus e a vossa intercessão são a minha esperança. (II 320.)

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I – Santo Afonso

Fonte: Dominus Est

Compartilhe:

Picture of Arsenal Católico

Arsenal Católico

O Arsenal Católico é um blog dedicado à preservação e divulgação da fé católica tradicional. Aqui, você encontra orações, novenas, ladainhas, documentos da Igreja e reflexões sobre a vida dos santos e a doutrina católica. Nosso compromisso é oferecer conteúdos profundos e fiéis aos ensinamentos da Igreja, promovendo a formação e o fortalecimento da espiritualidade de cada visitante.
Encontre-nos aqui

Deixe um comentário

Relacionados