Maria é Mãe dos homens, Co-redentora, Medianeira

Frequentemente nós, católicos, somos acusados pelos protestantes de exagerarmos nossa piedade para com Nossa Senhora. Dizem que nós tiramos a glória de Jesus para dá-la a Maria Santíssima. Falam que os católicos introduzem, em tudo, Nossa Senhora, quando só deveriam considerar nosso único Mediador Jesus Cristo.

Estão redondamente enganados. Eles é que exageram suas atitudes para com Nossa Senhora, negando-lhe o posto de destaque em que o próprio Deus colocou Nossa Senhora.

Se Deus quis precisar de Maria Santíssima com maior razão nós precisamos dela. Mas sabemos colocar Nossa Senhora no seu justo lugar: abaixo de Deus mas acima das outras criaturas, porque o próprio Deus a chamou para a mais alta das dignidades, a de ser Mãe de Jesus, o Filho de Deus feito homem.

Justamente, porque Maria é Mãe de Deus, é ela Imaculada e sempre Virgem. E porque ela deu à luz o Filho de Deus feito homem, que em si elevou novamente toda a natureza humana decaída em Adão, Maria se tornou Mãe de todos os homens renascidos para o mundo sobrenatural. Além disso foi associada de modo especial a Cristo na sua obra redentora, e por isso é Co-redentora e Medianeira.

Com efeito, ninguém participou mais ativamente do sacrifício de Cristo do que Maria. Maria sofre com Jesus, porque Jesus é seu Filho, porque Jesus é inocente, porque Jesus morre em lugar dos homens, porque os sofrimentos de Jesus para muitos serão inúteis, porque não serão aproveitados por muitos de má vontade.

E é no momento solene do sacrifício redentor que Jesus olha. para a sua Mãe e vê nela o maior tesouro que podia deixar aos homens. Consideremos que é Deus quem fala e que as suas palavras são onipotentes. Jesus, pois, tendo visto sua Mãe e o discípulo que Ele amava, isto é, São João Evangelista, disse à sua Mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí a tua mãe”. Conforme a interpretação dos Santos Padres, São João representava naquele momento toda a humanidade, que Jesus confiava aos cuidados maternos de sua Mãe. E depois . . . Jesus, tendo tomado o vinagre, disse: “Tudo está consumado!” E, inclinando a cabeça, morreu.

Foi este o sacrifício, que remiu a todos os homens, de maneira superabundante, porque oferecido pelo próprio Filho de Deus, e portanto de valor infinito. Nada mais faltava, ao sacrifício de Cristo. Mas por vontade de Deus Pai, para poder adotar os homens como filhos, torna-se necessário que cada um coopere com a graça, que lhe é dada por Cristo. A própria Mãe de Deus devia cooperar para a sua redenção,. oferecendo a Deus, na qualidade de Mãe de Deus, em união com o seu Filho, o sacrifício redentor. Ora, o seu Filho não morria só por ela, mas morria em nome de toda a humanidade e para elevá-la ao estado sobrenatural perdido pelo pecado de Adão. E se Nossa Senhora oferecia a Deus o sacrifício do seu Filho, se renunciava a todos os direitos maternos, que tinha sobre Ele, desinteressando-se, por assim dizer, de provar a sua inocência, é porque sabia que Ele estava carregado com os pecados de todos os homens e voluntariamente Se oferecia em lugar deles para salvar a todos. Por isso, sabendo por Isaías, por outros profetas e provavelmente pelos lábios do próprio Jesus, que Seu Filho tinha de Deus o preceito de morrer por todos os homens, une-se ao sacrifício, que Cristo faz de si mesmo ao Pai e aceita generosamente a vontade salvadora de Deus e torna-se, assim, a Co-redentora do gênero humano.

Assim Maria em sentido verdadeiro tornou-se a “mãe de todos os viventes”, não na ordem natural, mas na ordem sobrenatural da graça. Como Cristo salvou a todos, Ela é Mãe dos homens todos, e especialmente dos eleitos, que recebem a graça de Cristo no batismo. É a nova geração, de que falou Jesus a Nicodemos e Pio XII fala na carta sobre o Corpo Místico de Cristo: ” . . . Aquela que pelo corpo era Mãe da nossa Cabeça (Jesus), pelo espírito se tornou Mãe de todos os seus membros por um novo título tanto de dor como de glória”.

A Cristo, pelos merecimentos da Sua paixão e Morte, foi dado todo o poder no céu e na terra. Do mesmo modo foi dado a Maria no reino de Cristo o cargo de Medianeira de Suas graças ou Dispensadora dos Seus tesouros, precisamente por causa daquela comunhão de sofrimentos, que ela teve com o seu divino Filho. Foi tal esta união de sofrimentos da Mãe com o Filho que na expressão de Leão XIII “ela morria com Jesus pelo coração, que era transpassado por uma espada de dor”. Mas o triunfo final do Filho redunda em glória da sua santíssima Mãe. O Filho Jesus é Rei de todo o mundo. Maria é também Rainha de todo o mundo.

O reino de Jesus é, porém, antes de tudo interno, com o domínio dos corações pela graça. Maria, assim como foi Mãe para gerar, nutrir e oferecer a Hóstia divina, que é Jesus, é agora também Rainha, Medianeira e Mãe para distribuir as graças merecidas por Cristo.

Cristo é o grande reservatório de graças e Maria o canal, por onde desce a graça divina. Isto significa que a sua influência junto do Seu Filho, que é Deus, é tal, que consegue para todos os homens os favores, que precisam para salvar-se.

E intercede por todos, mesmo que não seja invocada, porque foi Deus quem a constituiu Mãe de todos. Infelizmente, porém, nem todos se salvam, porque nem todos cooperam com a graça de Deus e fazem mau uso da sua liberdade, ofendendo gravemente a Deus.

A Igreja sempre recorreu à especial intercessão de Maria, porque sabe que Ela ocupa um lugar de destaque acima de todos os santos e acima de todos os anjos. Supera a todos em poder de alcançar as graças, porque é a Mãe de Deus a interceder pelos seus filhos junto a Deus.

A devoção a Nossa Senhora Medianeira de todas as graças espalha-se, cada vez mais, no Brasil. Alguém poderá pensar que seja uma novidade. Nossa Senhora é medianeira, desde o primeiro milagre de Jesus, nas bodas de Caná.

A Igreja, repetindo as palavras da saudação Angélica na Ave Maria, suplica a mediação de Nossa Senhora.

São Luís Maria escreveu um livro precioso chamado “O Tratado da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora”, que tem despertado em muitas almas o desejo de se consagrar a Deus pelas mãos puríssimas de Nossa Senhora. É uma prática recomendável e bastante agradável a Deus.

Oração. – Ó Maria Nossa Mãe e Medianeira de todas as graças, alcançai-nos de Deus a preciosa graça de conservar-nos sempre na sua graça para que sejamos sempre vossos filhos prediletos. Não permitais, ó Mãe querida, que desprezemos o sangue do Vosso Filho Jesus. Mas antes alcançai-nos a graça de unir os nossos sofrimentos aos sofrimentos de Cristo, que são também os Vossos, para assim crescermos cada dia mais na vida divina, que circula em nossas almas. Fazei-nos crescer, ó Mãe querida, na amizade com Deus, fazei-nos amar cada vez mais a Deus, que é Vosso Filho e por nós deu a vida. E assim esperamos da Vossa misericórdia que um dia gozaremos convosco da visão feliz de Deus para toda a eternidade. Amém.

Rezemos, como ato de fé, o Creio em Deus Pai . . .

Resolução: Vencer o respeito humano nas homenagens a Nossa Senhora: procissão, terço ou práticas do mês de maio.

Leituras de Doutrina Cristã, Parte I – Dogma, Padres Jesuítas de Três Poços, Pinheiral, Estado do Rio, 1958.

Última atualização do artigo em 22 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico

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