Maria na mente divina

Nossa Senhora com o Menino Jesus [Croped], Galleria Borghese, Roma, por volta de 1742, Domínio público, Wikimedia Commons

1º – Todos nós existimos desde toda a eternidade na mente de Deus… Deus a todos conhecia perfeitamente… em ti pensava dum modo particular e… quando faltavam ainda milhões e milhões de anos para a tua existência neste mundo, já então Ele te amava!…

Razão tinha São João para dizer: “Amemos a Deus porque Ele nos amou primeiro“. – Se isto se diz de todos em geral e se podes dizê-lo particularmente de ti, que dirás de Maria? – Sem dúvida, ela ocupava a mente de Deus no mais alto grau. Depois da sua essência, que é o pensamento principal de Deus, o que primeiro seus olhos vêem é Maria… a Ela… primeiro do que ninguém, e nela vê todos os mortais. Se Deus pudesse esquecer-se de todos e deixar de os conhecer, o que é impossível, não poderia deixar de ver e contemplar em sua mente a Maria, pela participação que nela há de Deus… pela união em que ela está com Deus.

Enfim, Maria é o pensamento máximo de Deus a seguir ao que Ele tem de si mesmo.

2º – A ideia de Maria na criação – Quando um artista quer traduzir numa obra o ideal que a sua mente concebeu, primeiro faz ensaios no barro, para depois modelar a imagem com toda a perfeição…

Assim aconteceu com a criação… que foi um ensaio que Deus fez para depois formar Maria, a obra prima das suas mãos. Ela é portanto como que um resumo ou síntese de toda a criação. – As graças e belezas repartidas pelos outros seres encontram-se acumulados e sublimados em Maria. – E assim, ao formar Deus a sua Mãe parece que se foi inspirando em tudo o que havia feito para fazê-la muito superior a todas as criaturas. – Inspirou-se nos serafins, para abrasá-la em amor, inspirou-se nos anjos, para a sua pureza… nos patriarcas, como Abraão, para fortalecer e robustecer a sua fé… em Ruth, para a sua modéstia… em Judith, para a sua coragem… mas… para lhe dar o seu coração de Mãe, não pôde inspirar-se em nada… Não hã nada que possa comparar-se e assemelhar-se com o coração da Virgem Santíssima… foi necessário que Deus olhasse para o seu próprio coração para dar-lhe um coração semelhante ao seu… e assim com esse coração amasse a Deus e aos homens, como Ele mesmo nos amava.

A Igreja aplica-lhe estas palavras magníficas que resumem a mesma ideia: “Antes que o Senhor criasse alguma coisa, já eu estava com Ele. Quando ditava a lei aos astros e aos mares, já eu estava com Ele ordenando tudo, regozijando… me continuamente com Ele na sua presença”.

Por isso podes ver Maria sempre que olhares para os seres da criação…; o azul do céu lembrar-te-á o seu manto… as estrelas, a orla que o adorna… o sol, a sua luz sem sombras nem manchas… a lua, a sua plácida formosura… as flores, a sua incomparável beleza e aroma… e deste modo podes i r discorrendo como verdadeiro devoto

de Maria que em tudo vê a sua imagem, como ela a é de Deus.

3º – A ideia de Maria em ti.– Deus quis que também tu a imaginasses nisto. – Ele deseja que essa ideia seja igualmente a ideia central do teu entendimento e a que dê calor e movimento à vida da tua alma. Antes de qualquer criatura, ela foi predestinada à graça… à glória… e à dignidade incomparável da Mãe de Deus… mas depois dela, fomos nós também predestinados à graça que nunca nos falta… à glória, se correspondermos a esta graça… e à dignidade incomparável de nos chamarmos e de sermos filhos de Deus e irmãos de Jesus Cristo… Mas esta altíssima dignidade está intimamente ligada com Maria.- Ela é tua Mãe!… Ela te dará o ser de filho de Deus!

Logo, toda a tua dignidade e glória há de vir de Deus, mas por meio de Maria, – Compreendes agora a razão pela qual o Senhor quer que ela seja o pensamento dominante da tua vida? – E… é assim na realidade?… Como realizas tu este magnífico plano divino?… Procuras deveras que Maria seja a ideia diretriz e motriz de todos os teus atos? Tratas realmente de viver pensando nela…, vendo-a a Ela em tudo?…, procurando acomodar-te a Ela, sendo sua imagem viva e perfeita conseguida pelo exercício da imitação?

Pede graça ao Senhor e ajuda e proteção a Maria, para procederes assim daqui por diante… pois sendo ela a tua constante obsessão, não saberás nem poderás nunca prescindir dela, como é o desejo de Deus.

Oxalá que na tua loucura nunca chegues a destruir ou a inutilizar este plano de Deus, pelo teu amor próprio ou por qualquer outra paixão que te estorve de ver…, conhecer e amar… a tua Mãe!…

Pontos de Meditação sobre a vida e Virtudes de Nossa Senhora, Dr. D. Ildefonso Rodriguez Villar, 1954.

Última atualização do artigo em 21 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico

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