Meios para alcançar a verdadeira virtude

O reino do céu padece força, e só os violentos o arrebatam (Mat. XI, 12).

Sem trabalho não se pode conseguir nada de importante nesta vida; a virtude supõe especialmente a vitória contra a natureza corrompida, e esta a luta contra o demônio e o mundo.

A primeira e principal arma de que hás de fazer uso neste combate, é uma vontade firme e resoluta.

E como é raro encontrar um homem de verdadeira vontade! Querer, não é simplesmente desejar; não é começar hoje e cruzar os braços amanhã, nem fazer apenas uma parte do que importa.

Admiras-te do pouco que adiantas na virtude; mas, tens acaso querido deveras ser virtuosa? Desejas libertar-te de tal falta que cometes com frequência; mas estás resolvida a pôr em prática os meios necessários para não cair nela? Se o enfermo se nega a tomar os remédios necessários à cura, é claro que não quer a saúde.

Quem quiser alcançar a virtude, há de fixar também a atenção em si mesmo, nas suas obras, ideias e pensamentos: porque a distração e a dissipação são grandes obstáculos para ela.

A consciência fala-te, mas não a escutas; ouves a voz de Deus, mas não Lhe prestas atenção; e sabes porquê? Porque andas distraída com mil negócios.

Falta-te a tranquilidade de espírito, e o domínio de ti mesma. Só quando possuíres estas virtudes, poderás contemplar com fruto o modelo divino, compreender o seu modo de sentir e obrar, e recolher no teu coração as suas palavras.

Oh! meu Salvador! Quão pouco conheço da vossa vida e obras sobre a terra! Parece que não vivestes para mim, quando realmente praticastes todas as obras por meu amor.

Dei-vos, o exemplo, para que vós façais como eu fiz (1).

Quão ricos de exemplos são para mim os anos da vossa juventude! Quisestes passá-la ocupado nas coisas ordinárias da vida para me servirdes de modelo; quiseste-me ensinar com o vosso divino exemplo aquelas virtudes que devem ser o apanágio particular desta idade.

Oh Mestre divino! Dai ao meu coração aquela docilidade e força de vontade necessárias para praticar o bem.

Então, conduzida pela vossa mão, caminharei de virtude em virtude; a minha paz será como um rio, e a minha justiça como os remoinhos do mar. Os frutos da minha virtude serão como as areias da praia, e o meu nome não morrerá, nem se apagará da vossa presença (2).

A Virgem Prudente, Pensamentos e Conselhos acomodados às Jovens Cristãs, por A. De Doss, S.J. versão de A. Cardoso, 1933.

(1) Joan. XIII, 15.
(2) Is. XLVIII, 18-19.

Este texto foi útil para você? Compartilhe!

Deixe um comentário