Mês das Almas do Purgatório: 12º dia – Santidade das almas do purgatório

MÊS DAS ALMAS DO PURGATÓRIO

DÉCIMO SEGUNDO DIA

Santidade das almas do purgatório

MEDITAÇÃO

I. Por que culpas são condenadas as almas ao fogo atroz do purgatório? Nos juízos do mundo, são misérias, bagatelas, nadas, que nenhuma importância têm e que facilmente se perdoam. Mas Deus, que lhes conhece o valor intrínseco, pesa-as na balança da sua justiça e pune-as por consequência. Ah! quão diferentes são as balanças de Deus das balanças dos homens! Nós julgamos segundo os nossos preconceitos, e as mais das vezes subjugados pelas paixões, que nos dominam; Deus julga segundo a sua inexorável justiça, que não é sujeita a prevenção ou erro. Não nos deixemos, pois, iludir pelas ilusões e mentiras do mundo.

II. Pensa-se ordinariamente que as culpas daquelas almas consistem em pecados veniais, que são leves faltas comparadas com os pecados mortais, mas que se podem chamar gravíssimas se se consideram sob o ponto de vista da ofensa que com elas se comete contra Deus, bem infinito. Ora, se os pecados veniais são punidos com tanto rigor no purgatório, por que se faz tão pouco caso deles, tratando de escrupulosos os que os evitam? Descerremos, cristãos, os olhos da alma sobre um assunto de tão grande importância, e formemos a resolução de nos abstermos, tanto quanto for possível, de toda a culpa, por ligeira que seja, e de imitar, em vez de condenar, a prudência daqueles piedosos fiéis que, por amor de Deus, fogem do perigo de cair no pecado, como fugiriam da vista e da mordedura de uma serpente venenosa.

III. Ensinam os teólogos que o erro do pecado não pode ser perdoado senão nesta vida pela sincera detestação da culpa e infusão da graça santificante; de sorte que não é a mancha do pecado, que retém as almas, esposas de Deus, nas chamas vingadoras do purgatório, mas sim a pena, que devem padecer para expiar suas culpas, e que pode ficar, como na realidade fica, para se pagar na outra vida. E assim diz a sagrada Escritura que elas não sairão daquela prisão de sofrimentos, senão depois de darem a mais completa satisfação à justiça divina. Que dívida não tem contraído a nossa alma pelos pecados que cometeu? Onde contamos pagá-la, n esta vida ou na outra? Consideremos quanto é mais rigorosa a satisfação na outra vida do que nesta; façamos por satisfazer a nossa dívida o mais depressa que pudermos.

SÚPLICA

Ah! Senhor, se compreendêssemos quanto mais rigorosa é a satisfação, que exigis na vida futura, e como as almas experimentam atrozes penas no purgatório! Por faltas Que a nossos olhos não o parecem ser, ou em punição de pecados já perdoados e esquecidos, as trata a vossa justiça com tanto rigor que não o pode compreender o espírito humano.

Ah! Senhor, que a vossa soberana misericórdia diga uma vez: “Basta” e que ela compense os direitos, que a vossa, justiça exerce, exigindo a punição dos pecados e o pagamento das dívidas daquelas pobres almas. Porque a vossa clemência deve ser maior que a vossa severidade, e a vossa infinita bondade deve exceder vossa justiça.

EXEMPLO

Morrendo, em Mântua. um a certa freira chamada Paula, religiosa de elevado espírito no mosteiro de S. Vicente, foi o seu corpo exposto, segundo o uso, no meio do coro, rodeando-o todas as irmãs, que cantavam o ofício dos defuntos. Fôra a defunta particularmente querida da beata Estefânia Quinzana, a qual, orando por ela rum fervor, foi transportado por um movimento do espírito até à eça, onde, tendo ajoelhado, com as mãos postas, sentiu-se agarrar pela mão direita e com tanta força, que não pôde livrar a mão de tão vigoroso aperto. Cheias de surpresa, vendo isto, mandaram as religiosas chamar o padre confessor, que ordenou, em virtude da santa obediência, à defunta que largasse no mesmo instante a mão de Estefânia, no que foi obedecido. Paula não falou, mas bem compreendeu a santa o que ela queria dizer: “Oh ! minha irmã quanto são para temer os juízos de Deus, quão rigorosos são os seus castigos pela mais ligeira culpa! Se eu pudesse fazer-vos compreender as penas que padeço no purgatório por aquelas pequenas distrações de que não fazia caso, não pouparíeis esforço algum para me livrar delas! Não me esqueçais nunca, ajudai-me com toda a sorte de sufrágios, porque a minha necessidade é extrema e o meu martírio crudelíssimo”. Desde aquele momento não cessou a santa serva de Deus de fazer boas obras por intenção daquela alma, até que uma revelação lhe manifestou que, livre das suas cadeias de fogo, ela voara ao paraíso.

Pensemos em que cada alma do purgatório nos diz outro tanto, e imitemos o caridoso zelo da beata Estefânia. (Franc. Seghizzus, in vila beatae Stephanae, pag. 110).

SUFRÁGIO

O Senhor atenderá as nossas súplica., pelos defuntos, se as fizermos com perseverança, e juntarmos a elas o merecimento do jejum.

***

Um sacerdote, que sofria atrozes tormentos no purgatório, pediu a S. Remberto que jejuasse por sua intenção durante quarenta dias, afim de suprir com aquela penitência o que lhe faltava pagar pelos seus pecados. Cumpriu o santo os jejuns que lhe havia pedido, juntando a eles muitas orações, e acabando aquela quaresma voluntária, apareceu-lhe o sacerdote para lhe agradecer a sua caridade, que lhe abrira as portas do céu. O jejum é uma das obras satisfatórias mais eficazes. Pensemos, pois, em fazer alguns pelos defuntos que nos são caros e acrescentemos-lhes a oração, afim de obter mais depressa e seguramente o seu livramento. (Surius dic 4 Febr.).

O Anjo Consolador – Piedosos exercícios, Leituras e Orações Dedicadas a Veneração das almas do Purgatório, compiladas por E. Da S. V. Redentorista, 1939.

Última atualização do artigo em 1 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico

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