Mês das Almas do Purgatório: 1º dia – Existência do Purgatório

MÊS DAS ALMAS DO PURGATÓRIO

Novembro

Sancta et salubris est cogitatio pro defunctis exorare, ut a peccatis solvantur. – É um santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que lhes sejam perdoados os seus pecados (2 Mc 12, 46).

A devoção às almas do purgatório é muito agradável ao Senhor, e utilíssima a quem a pratica. Jesus Cristo ama imensamente essas almas e suspira pelo momento em que as possa estreitar contra o peito; e as santas prisioneiras mostrar-se-ão gratas para com aquele que lhes obtém o livramento do seu cárcere ou ao menos algum alívio nas suas penas. Sufraguemos, pois, constantemente as almas do purgatório, particularmente no mês consagrado à sua memória. É tão fácil oferecer, em sufrágio das benditas almas, alguma esmola, algum jejum ou qualquer outra mortificação. Para o mesmo fim frequentemos os santos sacramentos, fazendo uma sincera confissão, uma santa comunhão e, sendo possível, algumas vezes por semana a Via Sacra. Mas, sobretudo assistamos por elas, o mais possível, à Santa Missa, e, se o permitir a nossa condição, mandemos celebrar alguma Missa, que é o sufrágio mais proveitoso às almas. Afirma S. Jerônimo que “cada Missa devotamente celebrada faz sair várias almas do purgatório” e em outras partes “as almas que penam no purgatório, pelas quais o sacerdote ora durante a celebração da Missa, não sentem as penas enquanto durar a celebração”.

E é também neste mês que a nossa boa mãe, a santa Igreja, dá os seus tesouros de indulgências para ajudar as almas. O Papa Leão XIII (17 de jan. d e1888) concedeu a todos os fiéis que cada dia do mês de novembro, em público ou em particular, se aplicarem em socorrer as almas do purgatório, por exercícios de piedade, as indulgências seguintes, aplicáveis às mesmas almas: 7 anos e 7 quarentenas uma vez cada dia do mês de novembro e plenária cumprindo as condições de costume num dia do dito mês à escolha da pessoa. Com as mesmas condições todos os fiéis podem lucrar uma indulgência plenária, quantas vezes visitarem uma igreja, ou capela ou oratório públicos, no dia 2 de novembro, rezando cada vez 6 Pai-Nossos e 6 Ave-Marias e 6 Glória ao pai (decr. 26 de junho de 1914). Esta indulgência não está fixa ao dia 2 de novembro, mas ao dia em que se celebrar cada ano a comemoração de todos os fiéis defuntos (13 de nov. de 1916).

PRIMEIRO DIA

Existência do Purgatório

MEDITAÇÃO

I. A morte é certa; o decreto está lavrado, todos os homens devem morrer. Qualquer outra desgraça se pode evitar, mas nunca a morte. Nada nos pode isentar dela: nem a idade, nem a condição, nem o sexo, nem socorro algum humano. Desde o primeiro até ao último dos homens, todos verão o termo dos seus dias; muitos já chegaram a ele, outros aproximam-se-lhe, e todos, como água que correr, cairemos irremissivelmente no sepulcro. E todavia que faremos nós, cristãos? Preparamo-nos acaso para o fim inevitável que nos espera? Oh! quanto a morte nos parecerá amarga, se nos não dispomos a tempo para recebê-la!

II. Quando alguém morre, parte deste mundo para entrar na outra vida… e quem encontraremos nessa outra vida? A fé ensina-nos que há um paraíso, um inferno, um purgatório. As almas perfeitas, que não têm culpas a expiar nem penas a sofrer, sobem imediatamente, ao saírem do corpo, a gozar da felicidade no paraíso. As almas carregadas de pecados mortais, são arrastadas pelo peso de suas iniquidades ao inferno, onde a justiça divina lhes faz suportar a punição merecida. Oh! que diferença entre umas e outras! As primeiras eternamente felizes com Deus; as segundas eternamente condenadas com os demônios! Qual destas situações nos parece preferível? A escolha depende de nós. Se desejamos ir para o paraíso com os justos, vivamos como os justos, na justiça; se o inferno nos faz horror, fujamos do pecado, que conduz a ele.

III. Se a alma, surpreendida pela morte, não está em pecado mortal, nem em perfeita justiça, mas num estado, por assim dizer, entre os dois casos, e por isso nem suficientemente culpável para ser condenada ao inferno, nem tão perfeita que possa entrar na glória do paraíso, para onde irá? É forçoso que haja um lugar intermediário, um lugar de passagem, onde as almas dos defuntos se purifiquem de suas manchas, como o oro na fornalha, tornando-se dignas do paraíso. Ora, é neste lugar que cai a maior parte das almas, que se salvam, e bem poucas conseguem evitá-lo, porque bem poucas saem deste mundo, sem levarem dele alguma poeira. Queremos ser disso isentos? Purifiquemo-nos perfeitamente nesta vida, porque aquele que a deixa sem mancha vai diretamente para o céu.

SÚPLICA

Ó Deus! como deve assustar-nos o que se passa logo após a morte… Ou o céu, ou o purgatório, ou o inferno! temos de escolher nesta vida: morrer como amigo ou como inimigo de Deus… Atendei, ó grande Deus, às nossas súplicas; fechai para todos os fiéis as portas do infernal abismo, abri-lhes as da gloriosa bem-aventurança. Libertai as almas, que se acham no purgatório, e chamai-as a gozar convosco da imortal coroa da felicidade eterna.

EXEMPLO

Morreu na diocese de Nocera (Itália) um moço que professava singular devoção a São Bernardino de Sena; este, para recompensá-lo, obteve o torná-lo à vida. Mas quis primeiro fazer-lhe conhecer as coisas do outro mundo, e, levando-o consigo, conduziu-o às regiões infernais.

Ali, em turbilhões de espesso fumo e de fogo devorador, lhe fez ver uma multidão infinita de condenados, que um desespero eterno devorava.

Transportou-o, em seguida, ao céu, onde em admirável ordem os coros dos anos e as cortes dos santos gozavam de uma felicidade acima de quanto se pode imaginar.

E finalmente mostrou-lhe a prisão do purgatório, onde em meio de ardentes chamas se purificavam as almas dos defuntos até que se tornassem dignas de entrar na glória do céu. Com profunda comoção viu ele aquelas almas agruparem-se em torno dele, pedindo-lhe que descrevesse aos homens, na sua volta para o mundo, os horrorosos tormentos, que elas suportavam, e que os excitasse a aliviá-las por abundantes sufrágios; o que ele fez com grande vantagem dos pobres penitentes, porque tornando à vida, a todos falava do purgatório: “Teu pai, dizia ele a um, está entre as chamas vingadores e espera os efeitos da tua piedade filial; teu filho, dizia a outro, recomenda-se ao teu amor paternal; teu benfeitor, ingrato herdeiro, pede-te que executes as suas piedosas disposições; todas estas almas, em uma palavra, recorrem à vossa fé, à vossa caridade, para obterem pronto e poderoso alívio”. Imaginemos escutar hoje as mesmas exortações, e demos manifestas provas de nossa devoção pelo purgatório. (S. Franciscus, Beartius, soc. Jesu contin. Bolland, in Act, sant. in append. ad 20 maii).

SUFRÁGIO

Para conservarmos as nossas relações com os defuntos, apliquemo-nos a orar por eles, rezando principalmente o De profundis.

***

O P. D. Giampaolo Montorfano, teatino, para mostrar, um dia, a uma pessoa do mundo o preço dos sufrágios pelos defuntos, pegou numa grande quantia de dinheiro e lançou-a em uma balança; pôs na outra o salmo De profundis, escrito num folhinha de papel e, com grande espanto de todos, no mesmo instante, pesando este mais que o consistente e precioso metal, fez inclinar do seu lado a balança.

Que isto nos excite a recitar muitas vezes este salmo pelos nossos defuntos, e que, desde o primeiro até ao último dia deste mês, o De profundis remate este santo exercício. (P. D. Joseph Silos, Hist. ord. theat., 1ª part., lib. 15, 1580).

O Anjo Consolador – Piedosos exercícios, Leituras e Orações Dedicadas a Veneração das almas do Purgatório, compiladas por E. Da S. V. Redentorista, 1939.

Última atualização do artigo em 24 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico

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