Mês das Almas do Purgatório: 20º dia – Aplicar sufrágios pelas almas do purgatório é imitar a redenção do Salvador

MÊS DAS ALMAS DO PURGATÓRIO

VIGÉSIMO DIA

Aplicar sufrágios pelas almas do purgatório é imitar a redenção do Salvador

MEDITAÇÃO

I. A obra da redenção foi uma obra digna de um Deus; imitá-la é tornar-se de algum modo semelhante à Divindade. Regozijemo-nos, pois, cristãos, de poder imitar esta santa obra de um modo mais feliz, prodigalizando os sufrágios ao purgatório. Porque se Jesus pela redenção livrou o homem do pecado, nós, pelos nossos sufrágios, livramos aquelas santas almas do resto de pena a que estão sujeitas.

Jesus Cristo salvou o homem da pena eterna que lhe era devida e nós livramos as almas das penas temporais que a justiça divina exige do purgatório.

Jesus Cristo. pela sua graça, restabeleceu o homem na amizade de Deus, e restituiu-lhe seus direitos à felicidade eterna; nós, pelos nossos sufrágios, enviamos as almas ao seio de Deus, e introduzimo-las em plena posse do reino do céu. Podemos, pois, tornar-nos todos redentores do purgatório e imitadores de Jesus Cristo. Quem quererá privar-se de tal glória?

II. Para resgatar o mundo desceu Jesus Cristo do céu, revestindo-se da nossa frágil humanidade, e ofereceu todo o seu preciosíssimo sangue pelo preço da nossa redenção. Não é preciso tanto para que nos tornemos redentores do purgatório. Não temos necessidade de sacrificar a nossa vida nem de nos despojarmos de tudo quanto possuímos.

Se aplicássemos só pelas almas que padecem os sacrifícios que fazemos pelo mundo, o dinheiro que gastamos no jogo, na vaidade e no pecado, pagaríamos grande parte de suas dívidas. Se, seguindo o exemplo dos primeiros cristãos, oferecêssemos pela redenção do purgatório tudo quanto Jesus Cristo sofreu pela redenção do mundo, quantas almas seriam libertadas daquele profundo abismo de misérias e levadas ao paraíso. Usemos, pois, dos meios que Deus nos deu no estado da natureza, e daqueles com que Jesus Cristo nos enriqueceu no estado da graça, e poderemos mudar do purgatório para o céu infinito número de almas.

III. Penetremos mais neste pensamento, ó cristãos! e veremos que, assim como a divina Sabedoria não consente que o justo padeça só na terra, em meio das tribulações, mas que ela própria desce com ele à prisão e não o abandona nas cadeias, assim não abandona nosso Senhor Jesus Cristo as almas que padecem em meio das chamas na prisão do purgatório; antes se compraz com a sua sociedade e sofre de alguma maneira com aquelas que resgatou, como seu Redentor, como um pai com suas filhas, como um esposo com sua esposa, como uma cabeça com seus membros; assim, cheio do desejo de seu livramento, como se ele tivesse parte nele, repete-nos, com os mais tocantes acentos, o mesmo que ele dizia na terra, dos seus queridos pobres: que tudo que fizermos por eles, aceita-o como feito a si próprio, como se ele mesmo estivesse nos tormentos e que o pudessem libertar os nossos sufrágios. Poderia acaso haver mais poderoso motivo, para decidir-nos a tão bela obra? Comecemos, pois, com coragem, e, assim como o Senhor desceu em espírito ao purgatório, desçamos nós também a ele pelos nossos sufrágios, afim de dar liberdade àquelas almas.

SÚPLICA

Ó Jesus Cristo, Senhor nosso! bem vemos que a causa do purgatório não é unicamente a das almas que nele sofrem, mas também a vossa, em razão do interesse que nele toma o vosso Coração. Pela vossa redenção, nos destes a conhecer quanto valem as almas. Queremos, portanto, por vós e por elas, fazer quanto pudermos para esvaziar as prisões do purgatório.

Imitaremos o exemplo que nos destes; fazei com que, nos não limitando a vãos desejos, sigamos realmente o caminho que trilhastes, e que, por abundantes e contínuos sufrágios, unidos aos merecimentos do vosso preciosíssimo sangue, operemos plena redenção nas almas do purgatório.

EXEMPLO

A grande serva de Deus, soror Maria Villani, da Ordem de S. Domingos, meditava, um dia, sobre a paixão do Salvador com singular devoção, oferecendo o valor e o merecimento de cada tormento de .Jesus Cristo em expiação das penas infligidas no purgatório. Viu em a noite seguinte, em êxtase, caminhar diante dela uma multidão de pessoas que nunca vira; uma virgem resplandecente de glória, e tendo uma palma na mão em sinal de triunfo, abria a marcha; após ela vinham, duas a duas, pessoas vestidas de branco, e que traziam, cada uma, com grande respeito, um dos instrumentos da paixão: a cruz, os cravos, os espinhos, os açoites, a coluna, a lança, as cordas, os martelos, a manopla, o cálice, a esponja, a cana, em uma palavra, tudo que pelo seu emprego fôra consagrado na obra da redenção. Avançavam elas para um templo suntuoso e antes de entrar nele cada uma depunha, fazendo uma saudação profunda, o instrumento que levava, sobre um altar de ouro, que se erguia aos pés de um homem, cujo rosto tinha alguma de divino, e que lhes dava em troca uma coroa esplêndida com o título de rainha e esposa. Então, todas no cúmulo da alegria davam solenes ações de graças à gloriosa virgem que as conduzira a tão grande felicidade. O suntuoso templo, aonde se dirigia a santa côrte, era o céu, derradeiro fim e centro da ventura da criatura racional. as pessoas que levavam as gloriosas insígnias da paixão, eram as almas livres pelos merecimentos da paixão de Jesus Cristo; o senhor, que distribuía as coroas, representava Deus, que lhes dá por galardão a coroa eterna, e a virgem, que as guiava, com uma palma na mão, figurava a piedosa serva de Deus, que se fazia redentora do purgatório; oferecendo as dores causadas pelos diversos instrumentos, conduzia as almas resgatadas ao trono do Eterno. Ofereçamos pois, também, com sentimentos de uma ardente piedade, a paixão de Jesus Cristo em favor dos defuntos, e, resgatando deste modo muitas almas daquele cruel cativeiro, levá-las-emos do purgatório no céu, do fundo da miséria ao cúmulo da felicidade. (Fr. Dom Maria Marcherius, in vita M. Villinae, lib. II, cap. 5).

SUFRÁGIO

O espírito do Senhor deseja que propaguemos a devoção pelas almas do purgatório e que as consolemos com abundantes sufrágios.

***

Um dia, santa Margarida de Cortona orava pelas almas do purgatório; apareceu-lhe o Redentor e disse-lhe: “Minha querida, vai de minha parte e como embaixadora minha recomendar à religiosa família de S. Francisco que comemore, muitas vezes, os defuntos, nos seus piedosos exercícios, e que os não abandone nunca, como muitas vezes fazem aqueles que foram os seus parentes e amigos mais íntimos. Podemos pensar que esta missão, dada a santa Margarida, a recebemos nós também; não nos contentemos em ajudar as almas do purgatório pelos nossos próprios sufrágios, mas empenhemos os outros a imitarem o nosso exemplo e façamos particularmente que adotem este precioso exercício. Poderemos então ser chamados redentores do purgatório. (P. Joan. Bolland. in acta ss. 22 febr. in vita B. Margaritae de Cortona).

O Anjo Consolador – Piedosos exercícios, Leituras e Orações Dedicadas a Veneração das almas do Purgatório, compiladas por E. Da S. V. Redentorista, 1939.

Última atualização do artigo em 25 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico

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