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O Liberalismo é Pecado – 13. Notas e comentários à doutrina exposta no capítulo anterior

O Liberalismo é pecado

LIBERALISMO É PECADO

D. Félix Sardà y Salvany

13. NOTAS E COMENTÁRIOS À DOUTRINA EXPOSTA NO CAPÍTULO ANTERIOR

Temos dito que não são ex se liberais as formas democráticas ou populares, puras ou mistas; e julgamos tê-lo suficientemente provado.

Não obstante, isto que falando especulativamente ou em abstrato é uma verdade, não o é tanto na prática ou em concreto, isto é, na ordem dos fatos a que principalmente deve andar sempre atento o propagandista católico.

Com efeito, apesar de que consideradas em si mesmas não são liberais tais formas de governo vê, a sê-lo em nosso século, atendendo a que a Revolução moderna, que não é outra coisa que o Liberalismo em ação, no-las apresenta baseadas em suas errôneas doutrinas.

É assim que mui cordatamente o vulgo, que entende pouco de distinções, classifica de Liberalismo tudo o que em nossos dias se lhe apresenta como reforma democrática no governo das nações; porque ainda que por natural essência das idéias o não sejam, vem a sê-lo de fato.

E portanto discorreram com singular tino e acerto nossos pais, quando repeliam como contrária À sua fé a forma constitucional ou representativa, preferindo a monarquia pura, que nos últimos séculos era o governo de Espanha.

Um certo instinto natural dizia ainda aos menos avisados que as novas formas políticas, em si inofensivas como formas tais, vinham impregnadas do princípio herético liberal; pelo que faziam muito bem em chamar-lhes liberais; pelo que faziam muito bem em chamar-lhes liberais; e se semelhantemente a monarquia pura, que de si podia ser muito ímpia e até herética, se lhes apresentava como forma essencialmente católica, pois desde muitos séculos atrás a vinham recebendo os povos informada pelo espírito do Catolicismo.

Erravam, pois, ideologicamente falando, os nossos realistas que identificavam a religião com o antigo regime político e reputavam ímpios os constitucionais; porém acertavam praticamente falando, porque no que se lhes apresentava como mera forma política indiferente, viam eles, com o claro instinto da fé, envolta a idéia liberal. Isto sem contar com que os corifeus e sectários do bando liberal fizeram todo o possível com blasfêmias e atentados para que o verdadeiro povo não desconhecesse qual quera no fundo a significação de sua odiosa bandeira.

Tampouco é rigorosamente exato que as formas políticas sejam indiferentes à Religião, ainda que esta as aceite todas.

O filósofo sensato as estuda e analisa; e sem condenar nenhuma, não deixa de manifestar preferência pelas que mais a salvo deixam o princípio da autoridade de que está baseado principalmente na unidade. Em vista do que, vendo-se está que a forma mais perfeita de todas é a monárquica como a que mais se assemelha ao governo de Deus e da Igreja: assim como pela razão inversa a mais imperfeita é a república.

A monarquia exige a virtude de um homem só, a república exige a virtude da maioria dos cidadãos.

É pois, logicamente falando, mais irrealizável o ideal republicano que o ideal monárquico. E esse é mais humano que aquele, porque exige menos perfeição humana e se acomoda mais á rudeza e vícios da generalidade.

Mas para o católico do nosso século, a maioria de todas as razões para preveni-lo a respeito dos governos de forma popular, deve ser o afã constante com que em toda a parte tem procurado implantá-los a Maçonaria.

Por uma instituição maravilhosa conheceu o inferno que estes eram os sistemas melhores condutores da sua eletricidade, e que nenhum poderá servir-lhes mais a seu gosto.

É pois indubitável que um católico deve olhar como suspeito tudo o que neste conceito lhe prega a Revolução, como mais acomodado a suas vistas; e que portanto tudo o que a revolução acaricia e apregoa com o nome de Liberalismo, fará bem em olhá-lo como Liberalismo qua tal, ainda que só de formas se trate; pois tais formas não são neste caso mais que o envase ou invólucro com que querem fazer-nos admitir em casa o contrabando de Satanás.

O Liberalismo é Pecado – Pe. Félix Sardá y Salvany, 1949.

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