Preguiça é a aversão ao trabalho e o amor desordenado do repouso. O repouso não é proibido, quando a necessidade o exige. É mesmo uma necessidade da natureza e a justa recompensa de um trabalho sério e prolongado. O repouso é legítimo, quando se mantém nos devidos limites da moderação ou da obediência, ou quando se toma no tempo e lugar determinado e com reta intenção. Mas amar o repouso mais do que a ordem permite, e a necessidade exige, prolongá-lo, amiudá-lo mais do que pede a razão, é uma desordem e constitui o pecado da preguiça.
Consideremos a preguiça na ordem natural e na ordem espiritual.
Na ordem natural, o amor desordenado do repouso produz uma certa aversão mais ou menos pronunciada ao trabalho físico ou intelectual, e a tudo que exige aplicação e esforço, sobretudo esforço continuado.
O preguiçoso foge do trabalho. Se o não pode evitar absolutamente, aplica-se a ele com repugnância e fá-lo com negligência. Interrompe-o pelo menor pretexto, ou termina-o depressa para se ver livre dele. Necessariamente, a obra fica mal feita, cheia de lacunas e defeitos, e muitas vezes incompleta e por concluir. Não é, pois, de estranhar, que o preguiçoso atraia sobre si censuras e castigos, e que seja despedido da fábrica, da oficina e do emprego.
Este amor desordenado do repouso anda aliado a uma repugnância extrema a tudo que contraria a natureza sensual e a uma inclinação imperiosa para tudo que afaga e recreia os sentidos. O preguiçoso tem aversão a andar depressa, deixa-se enervar pelo calor e tolher pelo frio, governa-se pelas vicissitudes das estações e mudança das temperaturas. O que mais apetece é uma boa espreguiçadeira para nela passar o dia na ociosidade e na inação.
O seu ideal é não fazer nada. É passar o dia de costa direita, deambulando pelas ruas da cidade, visitando os botequins, assistindo a festas e diversões, sentado nos bancos das praças a ler as últimas notícias do dia.
Se é estudante, os livros servem-lhe de almofada e travesseiro. Debruçando sobre eles passa, dormindo, o tempo que devia empregar em estudar as lições e fazer os temas preceituados. Os cadernos das composições desmazelados, imundos e amarfanhados. As letras simples garatujas.
Mas não é só na ordem natural que a preguiça produz seus funestos efeitos, mas principalmente na espiritual, afetando a prática da religião, os exercícios de piedade, o rtabalho da própria santificação. Toma então o nome de tibieza ou acédia espiritual.
A preguiça corporal e a preguiça espiritual, geralmente conservam-se estreitamente unidas. É raro encontrar a primeira sem a segunda. A alma preguiçosa deixa-se, facilmente, arrastar ao pecado venial voluntário, não se quer contrariar em seus apetites desregrados, toma por bagatelas certas imposições da lei de Deus, certas máximas da moral evangélica, e assim vive nem quente nem fria, sem progresso na vitória de suas paixões, sem aumento de virtudes e méritos. Desta indolência espiritual nasce a diminuição do esforço em resistir ao pecado mortal e até pode desaparecer o temor do inferno e dos castigos de Deus.
O preguiçoso espiritual recua diante de tudo que demanda esforço, abnegação e mortificação. Julga-se incapaz de jejuar, pelo menor incômodo dá-se por desobrigado de fazer a oração e outros exercícios de piedade, acha fatigante permanecer muito tempo de joelhos em ouvir a santa missa, sente muito longas as pregações, que se fazem na igreja, e outros exercícios do culto religioso. Não se quer dar ao trabalho de examinar a sua consciência e muito menos de se confessar e cumprir o preceito pascal. E, se é religioso, membro de algum associação, filho ou filha de Maria, recusa-se a fazer o retiro anual, ou, se o faz, é sem fruto, sem trabalhar na reforma da vida e correção de seus defeitos.
A preguiça espiritual, enfraquecendo a vida da alma diminui-lhe a energia, e, por consequência, a força para resistir às tentações; afastando-a de Deus, priva-a de graças especiais, de que terá necessidade no momento do perigo; familiarizando-a com as infidelidades, tira-lhe progressivamente o horror ao pecado e fatalmente terá de sucumbir à tentação.
Malícia
Para conhecer a desordem, que está encerrada na preguiça, e o grau de malícia deste pecado, bastará recordar que o homem, foi criado para o trabalho. “O homem, diz o Espírito Santo, foi criado para o trabalho, como a ave para voar”. (Job. 5, 7) O trabalho foi imposto ao homem, como uma lei natural. Adão foi colocado no paraíso terrestre “para cultivar”: ut operaretur eum. Era, certamente, um trabalho sem fadiga, que lhe foi imposto mais com recreio, do que por necessidade. Todavia, depois da queda original, a lei do trabalho foi-lhe imposta como castigo e como um meio de viver: “Comerás o pão com o suor de teu rosto”. (Gên. 3, 19) E esta lei e este castigo foi transmitido a todos os seus descendentes.
Mas o trabalho não é o mesmo para todos. Para uns o trabalho é meramente espiritual, corporal e se faz com as faculdades mentais: para outros é, geralmente, corporal e se faz com os membros do corpo. E deste trabalho, ou corporal ou mental, nenhum homem está isento.
É, pois, a esta dupla lei natural e positiva, que se furta criminosamente o preguiçoso. No que peca mais ou menos gravemente, segundo a gravidade maior ou menor dos deveres que omite ou negligencia. Quando falta, me matéria grave, aos deveres da religião, do próprio estado, de sua vocação ou de seu ministério, o pecado é grave. Se a omissão ou negligência provocada pela preguiça afeta somente os deveres religiosos ou civis de menos importância, o pecado é só venial.
A lei do trabalho é dada em geral, e, por conseguinte, o pecado de preguiça oposto a esta lei, não constitui uma falta especial, que se deva acusar, á parte, na confissão. Basta acusar a omissão ocasionada pela preguiça, por exemplo: Não ouvir missa.
Consequências para o corpo
A moralidade e malícia do pecado da preguiça ressalta ainda mais claramente dos perigos, a que expõe uma alma esta tirânica paixão. Estes perigos são numerosos e podem comprometer, seriamente, a salvação de nossa alma: Multam malitiam docuit otiositas (Ecl. 33, 29).
1. Compromete a saúde
Um corpo costumado a não fazer nada, perde, em breve, toda a sua energia; torna-se mole, flácido, indolente, incapaz de aturar o trabalho e a fadiga. Um homem desocupado tem, geralmente, uma saúde inferior à do que trabalha. Por testemunhos dos médicos, a preguiça arrasta após si um cortejo de doenças nervosas. Devido ao estado de inação, os tumores linfáticos se acumulam, os órgãos se engorgitam e preparam o caminho para as congestões e muitos outros acidentes. As funções vitais alteram-se gradativamente, e a morte vem por termo a uma existência, que o trabalho metódico teria podido prolongar ainda por alguns anos.
2. Dissipa a fortuna
A casa, onde entra a preguiça, está condenada à ruína. Se tem recursos para uma vida desafogada, dissipar-se-ão em breve, e entrará a miséria mais ou menos declarada, e por fim a mendicidade. É a afirmação do Espírito Santo: “Passei, diz, junto do campo do preguiçoso e da vinha do insensato. Os espinhos cresciam por toda a parte, os cardos cobriam a superfície e o muro de pedras estava derrubado… Um pouco de sono, um pouco de sonolência, cruzar os braços para não trabalhar, e verás correr para ti a pobreza como um salteador, e a mendicidade com um homem armado”. (Prov. 24, 30)
3. Paralisa as faculdades
A alma como o corpo não se pode desenvolver no seio da ociosidade. É um fato da experiência: tudo se estiola, se deteriora, se corrompe na inação. As águas estagnadas não tardam a exaltar um odor fétido, o ferro sem uso é comido pela ferrugem, o ar sem movimento se vicia dentro das casas, um vestido fechado num baú e sem uso é devorado pela traça. uma casa sem morador cai em ruínas.
Entorpecida pela preguiça e falta de exercício, a memória definha, o gume da inteligência se atrofia e embota, a vontade, que é das potências a mais nobre e destinada a governar a alma em seus atos e quebrar os obstáculos, que se opõem á realização de seus planos, torna-se cada vez mais indecisa, é um como simulacro de vontade, que já quer uma coisa, já quer outra, e, como diz o Espírito Santo nos Provérbios: “O preguiçoso quer e não quer: Vult et non vult piger. (13, 4) Os seus quereres são puras veleidades, meros caprichos, desejos ineficazes, que conduzem à morte: Desideria occidunt pigrum. (Prov. 21, 25)
Que é que se pode esperar de um homem, que só vive de desejos, sem praticar obras de mérito e virtudes? Santo Inácio não queria na sua Ordem sujeitos, que já querem já não querem; já querem ser santos, já não querem; já querem ser virtuosos, já não querem; já querem ser humildes, já não querem… Destas vontade irresolutas nada há que esperar para o próprio adiantamento, para bem das almas e para glória de Deus.
4. Mancha a reputação
“Deus e os homens, diz Oliveira Salazar, desprezam, repelem de si, como um ser inútil, o homem que não trabalha, que nada produz”. O Espírito Santo assinala o castigo, que merece o preguiçoso: “Seja apedrejado com lama”. In lapide luteo lapidatus este piger. (Ecl. 22, 1, 2)
Não há palavras, que mais deprimam a reputação do preguiçoso. Ele mesmo reconhece que nada vale, pois tem-se por um ser inútil, diminuído, imprestável para a sociedade, para a nação, para a família.
5. Suscita tentações e expóe a pecados
Tem-se dito: “Aquele que nada faz, está próximo a praticar o mal; e que um preguiçoso é um criminoso em disponibilidade”. Uma alma ociosa dá entrada a toda a sorte de pensamentos: recordações mundanas, representações desonestas, sentimentos impuros, curiosidades ilícitas. Que virtude pode germinar numa alma dominada por tantos inimigos? Que influência pode ter sobre ela a religião, as verdades eternas, o temor de Deus? Davi e Salomão prevaricaram na ociosidade. “Sendo santos, diz Santo Agostinho, enquanto estavam ocupados, foram enganados e vencidos na ociosidade”. In ocupationibus sancti, in otio perierunt. Diz um provérbio, que o demônio não se cansa em procurar trabalho para os que o não têm.
Mas é, sobretudo, a impureza o pecado, em que mais cai o ocioso; assim como se quer aximir da lei do trabalho, procura sacudir de si o jugo da lei de Deus, sobretudo do preceito mais delicado, a castidade. Um moralista dá o infeliz, que se torna vítima da impureza, um sinal, que, traço por traço, se aplica ao que é dominado pelo vício da preguiça: “É apático, lânguido, indolente, sem entusiasmo, sem energia, não caminha por si, mas deixa-se levar a reboque de suas paixões; e sem iniciativa, atém-se, unicamente, ao dever de que não pode livrar-se, é sumamente negligente e muito hábil em encontrar pretextos para declinar um serviço e poupar um esforço.
São Bernardo não exagera, quando chama a ociosidade o esgoto de todas as tentações, de todos os pensamentos maus e inúteis, a madrasta das virtudes, a morte da alma, a sepultura de um homem vivo, o receptáculo de todos os males.
Conclusões
Consideradas as tristes consequências da preguiça, na ordem física e moral, natural e espiritual, uma conclusão se impõe a todo aquele que se sente atingido ou ameaçado por este deplorável vício: libertar-se a todo o custo do seu domínio, reagir constantemente contra a sua tirania. É certo que a empresa é difícil não só em levá-la a cabo, mas até mesmo em inaugurá-la. Porém, com a graça de Deus, tudo é possível.
A preguiça, como foi dito, é a propensão desordenada para o descanso e um horror incrível ao trabalho, ou em geral, ou em alguma de suas múltiplas formas. É preciso, pois, a quem se quer curar deste vício, negar-se desapiedadamente ao repouso, que não seja legítimo, e aplicar-se ao trabalho quer material, quer intelectual, apesar do tédio repugnância e fadiga, que nele sinta.
“Nunca estejas totalmente ocioso, diz a Imitação de Cristo, mas ou lendo, ou escrevendo, ou orando, ou meditando,ou fazendo qualquer outra coisa para o bem da comunidade”. (L. I, c. 19)
“Se se deixa de fazer um ofício por tédio ou negligência, será grande a culpa”. (L. c.)
“Deves ter cuidado em não seres preguiçoso para as obras comuns e pronto para as particulares; mas cumprido fiel e integralmente o que te foi imposto, se ainda tiveres tempo, aplica-te ao que a tua devoção te inspirar”. (L. 1, c. 19)
À preguiça convém opor um trabalho qualquer, ou seja um trabalho material, se a condição pessoal o exige, ou seja um trabalho intelectual, se as circunstâncias o prescrevem, ou seja um trabalho de apostolado, se a vocação assim o reclama. Mas, em qualquer dos casos, que seja um trabalho consciencioso, executado com séria aplicação e segundo a vontade de Deus.
Para cumprir esta resolução, convém observar as seguintes regras. Primeiramente, é preciso guardar um certo limite. Para não desanimar, é preferível impor-se cada um a si mesmo um trabalho sério por um tempo limitado, ainda que não seja senão por uma hora, ou menos ainda. Este breve espaço de tempo pode prolongar-se pouco a pouco.
Em segundo lugar, se vossa posição social vos impõe o trabalho como obrigação, dai-vos por felizes e dizei: “Ó bendita necessidade, que, não obstante minha repugnância, me obriga a trabalhar!” Se, pelo contrário, nada vos obriga a uma ocupação determinada, e tendes plena liberdade de dispor do tempo, determinai, por um horário fixo, o que deveis fazer em cada hora, ainda que seja só por uma parte do dia, procurai ser-lhe fiéis. O difícil não é organizar um horário, mas ater-se a ele constantemente.
Em terceiro lugar, para vos animar ao trabalho e combater a ociosidade, convém que recordeis as funestas consequências, de que vos falei no ponto precedente. Meditai atentamente os ruinosos efeitos do vício da preguiça, pensai no valor do tempo, nas responsabilidades a que nos arrasta a sua profanação, e por fim, refleti nestas gravíssimas palavras do Apóstolo São Paulo: “Façamos o bem enquanto tempos tempo”. Dum tempus habemos operemur bonum. (Gál. 6, 40) Ajudam também a fazer bom uso do tempo estas três verdades:
“A vida passa”. Transibit vita nostra. (Sap. 2, 3)
“A morte vem”. Mors apropinquet. (Ecl. 11, 20)
“A eternidade nos espera”. Ibit homo in domum aeternitatis suae. (Eccles. 12, 5)
Exemplos dos Santos
Para reforçar o vigor destas reflexões convém considerar os exemplos dos Santos. todos foram amigos do trabalho, todos tiveram horror à ociosidade.
Santo Inácio, elaborou esta regra para os seus religiosos: “todos, enquanto têm saúde, tenham em que se ocupar em coisas espirituais ou exteriores, para que a ociosidade, que é origem de todos os males, não tenha em casa lugar, quanto for possível”. (Regra 44 do Sumário)
Tão inimigo era da ociosidade o P. Jorge Rijo, que, ouvindo um dia tocar a campa da comunidade, perguntou a um irmão a que se tangia. À mesa, respondeu. Pois eu, disse o Padre, tenho vergonha de ir à mesa, porque hoje nem preguei, nem fiz a doutrina, nem confessei.
Uma das coisas, que mais consola à hora da morte, é não ter sido indulgente com a preguiça. O irmão Leão da Ordem de São Francisco, passou toda a vida trabalhando de alfaiate. Quando estava na agonia, pediu que lhe levassem a chave do céu. Levaram-lhe um livro de orações com este título. Acenando que não era isto, levaram-lhe o crucifixo e o livro das regras. Como não fosse ainda isto, lembrou-se um irmão que poderia ser a agulha com que sempre estava ocupado na sua oficina, e trouxe-lha. Quando a viu o irmão Leão, beijou-a, dizendo: Bem-vinda, bendita companheira de minha vida. Tu me vais abrir a porta do céu.
Santa Clara, quando as suas enfermeiras a impediam de se levantar do leito, mandava colocar atrás das costas um feixe de varas a fim de poder trabalhar com as mãos em fazer cestos.
Santa Sofia Barat, fundadora das Damas do Sagrado Coração, era um perfeito exemplo de trabalho para suas filhas. Nunca ninguém a viu ociosa. Fazia renda, remendava os vestidos das irmãs, costurava de agulha, e com estas e outras ocupações alimentava e entretinha a conversa no recreio. Tendo uma irmã posto de parte, por um momento, a obra que estava fazendo, para contar não sei que história, a madre Barat disse-lhe sorrindo: “Minha filha, conta a tua história trabalhando, pois assim recreias tuas irmãs e ajudas os pobres”.
todos sabemos que Santo Afonso tinha feito voto de não perder tempo.
Mas o exemplo que supera a todos é o de Jesus Cristo, que passou toda a vida, desde os anos da juventude, ocupado no trabalho de carpinteiro: Et in laboribus a juventute mea. (Sal. 87,16)
A mesma vida de Deus é um contínua operosidade em governar o mundo e em dirigir tudo a seus fins com ordem e suavidade. Pater meus usque modo operatur. (Joan. 5, 17)
Último ataque
Para lançar o último ataque contra a preguiça, convém persegui-la em suas causas, que podemos reduzir a duas: uma exterior e outra interior.
A exterior constitui uma ocasião próxima de cair no vício da ociosidade, e consiste no trato com os preguiçosos, com os desocupados, com todos aqueles que não sabem em que empregar o tempo, que o desperdiçam em viagens, em visitas, em palestras frívolas, em banquetes, em serões prolongados, em festas e divertimentos. A preguiça é um vício essencialmente contagioso; quem frequenta a companhia dos preguiçosos em breve está com eles, perde o gosto a todo o trabalho, e contrai costumes dissolutos. Pelo contrário, a companhia dos que trabalham é mais proveitosa, pois o seu exemplo é uma constante exortação ao cumprimento do dever. O Espírito Santo chega até a propor ao preguiçoso o exemplo de um minúsculo inseto: “Vai, ó preguiçoso, ter com a formiga, e considera os seus caminhos e aprende a sua sabedoria”. (Prov. 6, 6)
A segunda causa é interior e se confunde com a mesma preguiça: é a moleza. Os caracteres da moleza, tais como M. Segur os apresenta em sua linguagem pitoresca e familiar, são os seguintes: “A moleza é um não-te-rales, um amor desordenado da vida airada, um pavor imoderado do trabalho, e da fadiga, que nos torna inúteis e supérfluos na sociedade, e que nos relega para a classe “dos que não servem para nada”.
A moleza no embota todas as faculdades, faz-nos cair de negligência em negligência, torna-nos sensuais, efeminados, indolentes, laxos, apáticos, refratários ao menor sacrifício, que o dever nos imponha.
O anjo, que apareceu a Gideão, saudou-o com estas singulares palavras: “Sê homem, sê enérgico”. Eu também te digo a mesma coisa, fala o Santo com um jovem operário; sim, meu caro Jacó, sê homem, porque há homens, que não são homens, mas omeletes, moles como ovos fritos, e moços, que não são moços, mas moçoilas. Choram com o menor arrepelão, intrigam-se com a menor galanteria. Só servem para estar numa redoma ou numa estufa.
Não se esqueças, que todos os meios indicados ficarão sem efeito, se não forem fecundados pela graça. É preciso, pois, primeiro que tudo, acudir à oração todos os dias e receber os sacramentos da confissão e eucaristia. Depois de teres empregado todos estes meios, terás feito a experiência destas palavras animadoras de Santo Afonso: “Uma vontade resoluta, com o auxílio de Deus, consegue tudo”.
O Homem de Deus, Conferências para o Clero, Cap. II, 1953.