Ludwig Passini, orando em uma Igreja [Detalhe], 1873, domínio público, Wikimedia Commons

Ajudai-me, Senhor, a progredir rapidamente no caminho da virtude.

1 – “Sede santos porque eu sou santo” (Lev. 19, 2): esta é a vontade de Deus, esta é a nossa vocação, este é o objeto dos nossos desejos e esforços. Criados à semelhança de Deus, não queremos que a Sua imagem seja ofuscada em nós por defeitos e paixões; queremos que ela brilhe, límpida e pura, refletindo o mais possível a Sua santidade. Para nos tornar semelhantes a Si, Deus infundiu na nossa alma, juntamente com a graça, as virtudes teologais e morais que têm o fim de reproduzir em nós algo das Suas perfeições infinitas; e Ele que, como Pai, gosta de encontrar em Seus filhos os traços da Sua semelhança, deseja sumamente ver-nos crescer na virtude. “Porque a alma – diz S. João da Cruz – não pode exercitar e adquirir as virtudes sem o auxílio de Deus, nem Deus as opera sozinho na alma sem o concurso desta” (C. 30, 6). Com efeito, ainda que no batismo Deus tenha infundindo em nós as virtudes sem nenhum merecimento nosso, não as faz crescer sem a nossa colaboração; compete-nos – sempre com o auxílio da graça – fazer crescer os gérmens de virtude que Ele nos deu. Só assim adquiriremos os bons hábitos e passaremos facilmente à realização dos atos.

Por isso, se queremos secundar a ação de Deus, que deseja tornar-nos semelhantes a Si, devemos aplicar-nos com grande cuidado à prática das virtudes. Em primeiro lugar aplicar-nos-emos à virtude que reconhecemos mais necessária para corrigir os nossos defeitos e vencer a nossa paixão dominante; faremos dela o objeto particular dos nossos propósitos, dos nossos exames e consciência e deles daremos conta ao nosso diretor espiritual. Não pensemos que este exercício está reservado aos principiantes, porque “a obrigação de crescer no amor de Deus – e portanto em todas as demais virtudes – acompanha-nos até à morte” (S. Francisco de Sales). Ninguém, por avançado que esteja nas vias do espírito, se pode considerar dispensado do exercício das virtudes.

2 – S.ta Teresa de Jesus, descrevendo as grandezas da vida de união com Deus, faz contínuas digressões para recomendar vivamente a prática das virtudes: “É necessário – escreve às suas filhas – que não ponhais o vosso fundamento só em rezar e contemplar, porque se não procurais adquirir virtudes e exercitá-las, sempre ficareis anãs” (M. VII, 4, 9); e noutro lugar diz expressamente que por meio das virtudes “poderão progredir muito no serviço do Senhor, mesmo sem ser grandes contemplativas, enquanto que sem elas nenhuma poderá sê-lo” (Cam. 4, 3). Para sermos santos pouco importa que Deus nos leve ou não pelo caminho duma alta contemplação, aliás isso não depende da nossa vontade. Pelo contrário, o essencial – e isso depende de nós – é que pratiquemos sempre a virtude. Quer Deus nos queira numa vida de família ou no exercício duma profissão, quer nos chame ao apostolado ou à vida contemplativa, só nos tornaremos santos na medida em que formos virtuosos.

Quanto mais nos dermos ao exercício das virtudes, mais fácil e quase conatural se nos tornará a sua prática; mas para alcançarmos esta facilidade, que é a característica da virtude que atingiu a maturidade, devemos ter coragem para perseverar longo tempo na luta contra os nossos defeitos e no esforço para adquirirmos os hábitos opostos. Contudo, jamais chegaremos à virtude perfeita, e muito menos à heroica, sem o auxílio dos dons do Espírito Santo, cujo papel é aperfeiçoar as virtudes. Se bem que esteja nas nossas mãos exercitar as virtudes, só Deus pode pôr os dons em ato; habitualmente, porém, fá-lo de um modo proporcionado ao nosso empenho em cultivar as virtudes. A prática assídua das virtudes abre a nossa alma de par em par a ação de Deus e torna-a apta para colher e seguir as moções do Espírito Santo. Entreguemo-nos, pois, com generosidade, a este exercício; o Espírito Santo não tardará em vir ao nosso encontro com os Seus dons e nós avançaremos rapidamente em direção À virtude perfeita, heroica, em direção à santidade.

Colóquio – ajudai-me, Senhor, a combater os meus defeitos para me despojar do homem velho; ajudai-me a praticar as virtudes para me revestir do homem novo. Na Vossa presença pouco vale o esplendor das obras ou a fama de um nome glorioso, porém vale muito o exercício da virtude.

“Vós preferis ver em mim o menor grau de pureza de consciência a quantas obras possa fazer.

“Preferis em mim o menor grau de obediência a todos os serviços que posso prestar-Vos.

“Estimais mais em mim que me incline à aridez e a sofrer por Vosso amor que todas as consolações espirituais que possa ter” (J.C. AM. I, 12-14).

Intimidade Divina, Meditações Sobre a Vida Interior Para Todos os Dias do Ano, P. Gabriel de Sta M. Madalena O.C.D. 1952.

Última atualização do artigo em 25 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico

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