O QUE É UMA OCASIÃO PRÓXIMA DE PECADO?
Ocasião próxima de pecado é uma pessoa, uma companhia, um livro ou um brinquedo, com que muito facilmente se cai no pecado.
Não só devemos fugir do pecado, mas também de tudo quanto nos conduz ao pecado. José estava como escravo em casa de Putiphar. A mulher de Putiphar era má e quis seduzir José a um grande pecado. Não precisamos ainda aprender que pecado era. Mas José sabia que devemos fugir da ocasião de pecado: José fugiu de casa. Mas aquela mulher não o quis deixar sair e o segurou pela capa. Mas José deixou a capa e escapou. Então a mulher disse a Putiphar uma grande calúnia de José, e Putiphar lançou José na cadeia. José fugiu da ocasião próxima de pecado, embora com grande prejuízo do que ficar na ocasião próxima de pecado. mas a Providência de Deus dirigiu tudo para o bem. O rei chegou a conhecer José e lhe deu o governo de todo o Egito.
Chamamos ocasião de pecado o que nos põe em perigo de pecar. E quando este perigo de pecar é muito grande, quando alguma coisa nos faz cair muito facilmente no pecado, chamamos a esta coisa uma ocasião próxima de pecado. Próxima quer dizer muito perto. Quem está na ocasião próxima de pecado, está muito perto de pecar. Muitos governos proibiram entrar com fogo nos depósitos onde se guarda a querosene, a pólvora e outras coisas inflamáveis. O fogo das inclinações más é bastante forte em nós; por isso Deus proibiu levar este fogo a lugares, onde seja provável, dar-se uma explosão.
Uma pessoa pode ser para outra uma ocasião próxima de pecado. Quando alguém sabe que outra pessoa o quer seduzir ao pecado, não deve nunca estar sozinho com esta pessoa.
Os irmãos de Santo Tomás de Aquino não queriam que ele ficasse padre. Fecharam-no num quarto e mandaram-lhe uma pessoa má para o seduzir a certo pecado mortal. Tomás pegou do fogão um tição de fogo e com ele expulsou do quarto aquela pessoa má.
Uma companhia pode ser ocasião próxima de pecado.
Quando alguém sabe que em certas vendas, ou pela conversa com certas pessoas se deixa seduzir pelo respeito humano a falar contra a religião, não deve ir a estas vendas e deve evitar a conversa com estas pessoas.
Um livro pode ser ocasião próxima de pecado. É pecado ler livros contra a fé ou contra os bons costumes. É também pecado ter estes livros em casa e vendê-los.
Em estados bem governados sempre há médicos, encarregados de fiscalizar a venda de alimentos nocivos ou de venenos. Assim na Igreja os bispos hão de vigiar os livros, que podem ser veneno para as almas, porque as seduzem ao pecado e lhes tiram a fé. Muitos têm na sua casa uma edição protestante da Sagrada Escritura. Isso é pecado, porque estes livros têm explicações falsas da palavra de Deus. É fácil conhecer uma edição católica da Escritura Sagrada, porque na primeira página há de estar a aprovação dum bispo. Se faltar a aprovação, a Bíblia é protestante e proibida.
Na dúvida devemos mostrar o livro a um padre.
Um dia disse-me um bom lavrador: “Senhor Vigário, o Senhor ralha tanto contra as bíblias protestantes, mas tenho uma aqui, que é muito boa coisa: conta como Nosso Senhor nasceu em Belém, viveu em Nazaré, pregou e fez milagres, sofreu e morreu”. Eu mostrei-lhe que naquele livro se falava contra a Virgem Maria. Mas ele respondeu: pois sim, Senhor, mas por causa destas poucas palavras não convém deixar o resto do livro, que é bom. Eu lhe disse: “Quando entra uma jararaca em tua casa, o que fazes?” Ele respondeu: “Eu mato o bicho e boto-o fóra”. “Mas então,” disse eu “a jararaca tem tão lindas cores e uma pele tão bonita, e só por causa de um dente venenoso você não a quer na sua casa?” “Sim, Senhor,” respondeu ele, “mas aquele dente mata a gente”. “Pois sim,” conclui, “também a bíblia protestante te coisas lindas; mas tem também o dente de cobra: contém erros, que matam a alma, tirando-lhe a vida sobrenatural da fé e da graça. Toda a bíblia protestante deve ser lançada fóra da casa por causa do dente venenosos, os erros, que tiram a fé”.
Um brinquedo pode ser uma ocasião próxima de pecado. Para muitas pessoas o baile é uma ocasião próxima. Tenho a imagem representando um baile. Debaixo da sala do baile se vêm chamas do inferno e alguns dos que estão dançando, caem nestas chamas.
A Santa Escritura diz: Quem ama o perigo, nele perecerá.
Explicação do Pequeno Catecismo, Pe. Jacob Huddleston Slater, Doutor em Teologia e Filosofia Escolástica, 2ª Edição, 1924.
Última atualização do artigo em 23 de março de 2025 por Arsenal Católico