Foto: Paolo Chiabrando - Unsplash

Ora na presença do Senhor, e evita as ocasiões de pecado (Ecl. XVII, 22).

Oxalá que os homens se desvelassem tanto por conseguir a formosura da alma, como se empenham por alcançar a do corpo! Então guardariam com a máxima vigilância as portas da alma, para que no interior do santuário não penetrasse nada que pudesse empanar-lhe o esplendor.

Por isso diz o Salmista: Desviai os meus olhos da vaidade para que não a vejam (1). E o Sábio avisa-nos com estas palavras: Ora na presença do Senhor, e evita as ocasiões de pecado (2). E tu mesma dizes muitas vezes quando rezas: Não nos deixeis cair em tentação.

Se fazes com sinceridade este pedido, então não vás ao teatro.

Lá encontram-se estreitamente unidos centenas e milhares de espectadores que ali foram só para gozar dos prazeres sensíveis no meio de uma atmosfera carregada de miasmas corruptores.

Pelos olhos e pelos ouvidos, como por portas abertas de par em par, penetram a sedução da música, da luz e das cores. Quando o pano de boca se levanta, os espectadores sentem-se transportados como por encanto, a um mundo novo. As cenas vão-lhe sucessivamente despertando o interesse. Como o mar que violenta tempestade revolvesse até ao fundo, também o espírito ali se sente vivamente agitado pelos afetos mais diferentes de amor, admiração, compaixão, ódio, temor e alegria.

Nos dramas históricos, em que um grande personagem ao cabo de duros combates com inimigos poderosos, nos é apresentado como triunfador da traição e da vileza, devem esses sentimentos tão fortes exercer no espírito do espectador uma influência purificadora, nobre e levantada.

Mas o drama histórico desaparece da cena quase por completo para dar lugar a obras de uma invenção sem sabor, a poesias na maior parte de uma valor muito duvidoso, ou a histórias amorosas dum baixo nível moral.

A cena moderna decaiu mais ainda. Nela reina desenfreado o culto da carne, pervertem-se todas as noções da moral mais sã, e o vício é aplaudido debaixo da forma mais vergonhosa.

E a melhor prova do estado de degradação a que desceu a sociedade contemporânea, é que nem a semelhantes pelas faltaram jamais espectadores, nem os empresários hesitam em explorar as paixões mais vis para terem a casa atulhada de público e o erário abarrotado de dinheiro.

O teatro romano tinha um nível mais elevado: o mundo pagão deleitava-se é certo com o espetáculo sangrento dos gladiadores e com o martírio dos primeiros cristãos: mas ao menos só dali saíam mal feridos os corpos. Do teatro moderno saem as almas feridas de morte.

Verdadeiramente, isto não é concorrer para a educação moral.

Como veem aqui o propósito as palavras de Cristo: Se a tua vista direita te escandaliza, arranca-a, e arremessa-a para longe de ti: porque melhor é que pereça um só membro, do que ser todo o corpo lançado no inferno (3).

A Virgem Prudente, Pensamentos e Conselhos acomodados às Jovens Cristãs, por A. De Doss, S.J. versão de A. Cardoso, 1933.

(1) Salm. CXVIII, 37.
(2) Ecl. XVII, 22.
(3) Mat. V, 29.

Última atualização do artigo em 9 de março de 2025 por Arsenal Católico

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