Oh! que amargura deveu sentir o Coração do Menino Jesus, no momento em que seu Pai lhe pôs ante os olhos a longa série de desprezos, dores e agonias, que teria de sofrer durante a sua vida para livrar os homens dos seus males.
Ó doce, ó amável, ó amante Coração de Jesus, fostes desde a infância cheio de amargura e agonias, sem alívio algum, e sem que ninguém visse a vossa pena, ou ao menos vos consolasse, compadecendo-se convosco. Tudo isto sofrestes, meu Jesus, para satisfazerdes pelos meus pecados e me livrardes da agonia eterna que eu devia sofrer no inferno. Duro abandono padecestes, privação de todo socorro, para me salvardes, a mim que tive a audácia de abandonar a Deus, para contentar os meus desordenados apetites. Graças vos dou, ó Coração afligido e amorosíssimo do meu Senhor; graças vos dou, e me compadeço das vossas dores, sobretudo vendo que sofreis tanto pelo amor dos homens, e estes ficam insensíveis. Ó amor divino! . . . ó ingratidão humana! . . . Ó homens, ó homens, olhai, eu vos peço, para este inocente Cordeiro, agonizando por vós, a fim de satisfazer a justiça de Deus pelas injúrias que lhe fizestes; vede-o orando e intercedendo em vosso favor a seu eterno Pai; contemplai-o, e amai-o! . . . Ah! Dulcíssimo Redentor meu, quão pequeno é o número dos que, pensam nas vossas dores e no vosso amor! Ó Céu! quão poucos os que vos amam! eu mesmo tive a desgraça de viver largo tempo sem pensar em vós! tanto haveis sofrido para ganhar o meu amor, e eu vos não tenho amado nada! Perdoai-me, ó meu Jesus, perdoai-me; quero me corrigir e vos amar. Não permitais responda mais com ingratidão ao vosso amor. Atendei-me, suplico-vos, pelos merecimentos da vossa Paixão; nela ponho toda a minha confiança. Ó Maria, minha terna Mãe, socorrei-me: vós é que me tendes conseguido todas as graças que de Deus me vieram; do íntimo vos agradeço; mas, se não continuais a proteger-me, serei sempre infiel como no passado.
As Mais Belas Orações de Santo Afonso, Coordenadas pelo Pe. Saint-Omer, Redentorista e vertidas para o vernáculo por D. Joaquim Silvério de Sousa, Editora Vozes, 1961.