Chamamos-lhes (os soberanos) felizes:
— se governarem com justiça;
— se, no meio das palavras dos que os põem nas alturas e das homenagens dos que os saúdam com demasiada humildade, eles se não orgulharem, mas se lembrarem de que são homens;
— se submeterem o seu poder à majestade de Deus a fim de dilatarem ao máximo o seu culto;
— se temerem a Deus, O amarem e O adorarem;
— se mais amarem esse reino onde não temerão terem rivais;
— se forem lentos a punir e prontos a perdoar;
— se exercerem a sua vindicta pela obrigação de governarem e de protegerem a República, e não para cevarem os seus ódios contra os inimigos;
— se concederem o perdão, não para deixarem o crime impune, mas na esperança de uma emenda;
— se, muitas vezes constrangidos a tomarem medidas severas, as compensarem com a brandura da misericórdia e a largueza dos benefícios;
— se neles a luxúria for tanto mais castigada quanto mais livre possa ela ser;
— se preferirem dominar as suas paixões depravadas, a dominar quaisquer povos;
— se tudo isto fizerem, não pelo ardente desejo de vanglória mas por amor à felicidade eterna;
— se não forem negligentes em oferecer pelos seus pecados, ao seu verdadeiro Deus, um sacrifício de humildade, de propiciação e de oração.
Tais imperadores cristãos dizemos nós que são felizes, por ora, na esperança, e depois, na realidade, quando chegar o reino que aguardamos.
Santo Agostinho in ‘A Cidade de Deus’, livro V, capítulo XXIV
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