Quais são os pecados contra o Sétimo Mandamento da Lei de Deus?

QUAIS SÃO OS PECADOS CONTRA O SÉTIMO MANDAMENTO?

Os pecados contra o sétimo mandamento são: furtar, enganar o próximo nos seus bens e não pagar as suas dívidas.

Para nos ensinar, que não devemos meter as mãos nos bens alheios, a Santa Escritura nos conta o seguinte: O rei Achab tinha um grande palácio e um grande jardim. Mas quis fazer o seu jardim maior ainda. Para isso quis comprar a casa e o terreno de um vizinho pobre, chamado Naboth. Mas Naboth respondeu: “Deus me livre! Eu não vendo a herança de meus pais.”

Mas Achab era rei e, ajudado por sua mulher Jezabel, fez matar Naboth para ficar com o terreno.

Achab tirou uma coisa alheia: Achab furtou. Furtar é tomar para si coisas de outros.

Achab saiu de seu palácio e foi tomar posse do terreno roubado.

Mas no caminho o esperava Elias, o profeta de Deus. Elias disse: “Os cães lamberão o teu sangue no mesmo lugar, em que lamberam o sangue de Naboth.”

Algum tempo depois o rei Achab saiu para a guerra contra o rei da Síria.

Achab tinha medo, que todos os inimigos atirassem contra ele, porque era o rei. Por isso, mudou de roupa e vestiu-se como um simples soldado. Mas um dos inimigos atirou uma flecha ao acaso e feriu o rei disfarçado. Levaram o rei moribundo para a capital e ali o rei morreu e os cães lamberam o sangue, que corria da ferida.

O bem alheio sempre faz mal ao ladrão: muitas vezes a seu corpo, sempre à sua alma.

Os animais não precisam de preparos para a sua comida, nem de roupa, nem de casa. Os animais tomam sua comida assim como a acham; não hão de cozê-la nem de fazer misturas nem salgá-la. O pelo dos animais cresce-lhes no corpo para os cobrir contra o frio. Não precisam de roupa: não hão de tecer, nem de costurar, nem de lavar. Os animais não precisam de casa; não precisam de construir, nem de edificar.

Os animais não precisam de preparos: tudo, o que precisam é para gastar logo.

Os homens, ao contrário, precisam de muitas coisas que não se gastam logo, os homens precisam de muitas coisas que se hão de preparar para mais tarde. Os homens precisam de casa, roupa, louça para a comida. Os homens precisam de enxadas para cultivar a terra, de agulhas para costurar e de muitos outros objetos.

Os homens precisam de terrenos para fazerem sua roça. Ora, se alguém tivesse feito uma casa, e não tivesse o direito exclusivo de ficar com ela, não convinha fazer a casa. Portanto, temos o direito de ter as coisas como nossas, isto é, só para nós, não deixando os outros usar delas, contra a nossa vontade. Se alguém tivesse costurado uma roupa para si, qualquer outro tivesse direito de usá-la, não convinha fazer a roupa. Portanto a gente há de ter direito de propriedade, isto é, direito de dispor das coisas suas, como quiser. Tirando o direito de possuir coisas suas, os homens teriam de viver como bichos selvagens.

Por isso Deus ordenou no sétimo mandamento respeitar os bens alheios.

Quando uma galinha acha um pedaço de pão, logo todas as outras galinhas vão atrás dela para roubar esta comida. Se os homens fizessem o mesmo, não havia mais sociedade nem civilização. Os homens seriam bichos e piores que os bichos. Ninguém queria mais fazer uma casa, porque outro mais forte a viria roubar. Ninguém cozinhava mais comida, porque antes de pronta outro a havia de levar. Por isso Deus mandou que cada um ficasse com o que é seu.

Um dia, quando eu era pequeno, na grande cidade, em que nós morávamos, passei perto da cadeia, uma casa muito alta, com grades de ferro nas janelas. À porta estavam dois soldados. Parou um carro em frente da cadeia. Era o carro dos presos, todo fechado por cima e coberto de ferro. Na parte de trás havia uma porta de ferro e um assento onde estavam três polícias. Dois tinham a mão na porta de ferro bem fechada. O terceiro tinha a espingarda pronta para atirar, se alguém quisesse escapar-se do carro.

A porta abriu-se e saíram dois homens amarrados com correntes de ferro. Homens colossais, com a barba e os cabelos em desordem e os olhos selvagens. Eram dois ladrões e assassinos, condenados à cadeia por toda a vida. Não pareciam gente, mas bichos.

Porém estes homens nem sempre tinham sido assim. Quando eram pequenos, eram bonzinhos, iam à escola, talvez à igreja e ninguém podia supor que depois se tornariam tão ruins. Só talvez gostassem um pouco demais das frutas da chácara do vizinho. E para comprar doces, achavam que não fazia mal tirar um tostãozinho ou fazer na venda uma pequena dívida, que depois não podiam pagar. Achavam divertido atirar às galinhas dos outros e sujavam e rasgavam a roupa dos outros. Oh! Se tivessem ouvido bem a doutrina! Teriam pensado a tempo: “Para! Eu sou inclinado a não respeitar o bem alheio. Hei de vencer-me mais. Se não, qualquer dia vou acabar ladrão.” Mas não pensaram assim. Disseram: “Eu tiro só coisinhas pequenas, isso não é roubar,” ou diziam: “Ele tem muito dinheiro. Um tostão não lhe faz falta.” E era verdade: ao outro um tostão não fazia falta. Mas a eles fazia falta a probidade que perdiam com esses roubos. Ou diziam: “Os do governo roubam também; porque então não o poderei fazer?” Assim disseram e respeitavam cada vez menos os bens alheios. Comprando ou vendendo enganavam os outros; papai os mandava fazer compras, e ficavam com algum dinheiro, diziam que custava mais.

Assim na alma deles o amor do dinheiro ficou tão forte, que matou todas as outras inclinações mais nobres e os fez ladrões assassinos. Cuidado com as coisas pequenas! Quem sente vontade de roubar as frutas do vizinho, convém dar também das suas frutas a outros, para vencer a má inclinação.

Quem quer roubar doces, dê dos seus doces aos outros mais pobres, para se acostumar a ser forte. Quem tirou do dinheiro, que recebeu para compras, diga-o ao pai, para receber o castigo merecido e dê também do seu dinheiro aos pobres, para não ficar escravo do dinheiro. Pois quem cede a uma inclinação má, faz que ela fique cada vez mais forte.

Os leões são bichos bravos, que comem os outros bichos e também a gente.

Porém já houve leões tão manos e tão bem ensinados, que um home metia a cabeça na grande boca deles, sem que mordessem.

Um leão sabe assim governar sua vontade de comer, sem saber porque. Então nós não poderemos vencer a nossa vontade de comer? Sabemos que é tão necessário, para ficarmos gente honesta e ganharmos o céu. Tirar alguma coisa aos outros é pecado contra o sétimo mandamento. Quando o valor da coisa furtada é grande, o pecado é mortal.

Grande considera-se a quantia, que o dono gasta num dia para si e para a sua família. Por isso, furtar a um homem pobre será facilmente pecado mortal.

Uns estudantes deitavam umas moedas de cobre no fogo, e quando estavam bem quentes, as lançavam na rua. Os rapazes, não sabendo que estavam quentes, as pegavam; mas logo largavam e não pegavam mais. Assim deveria ser para nós o dinheiro alheio. O dinheiro alheio queima. Não queima a mão, mas queima a alma.

Devemos ter medo de pegar nele; pois queima.

Enganar o próximo nos seus bens é pecado contra o sétimo mandamento. Enganar é a mesma coisa que furtar. Enganar o próximo nos seus bens é por exemplo: usar pesos ou medidas falsas, misturar gêneros alimentícios com coisa mais baratas; pedir esmola sem necessidade; pagar com dinheiro falso. Todo o dinheiro assim adquirido é furtado e deve ser restituído ao dono.

Não pagar suas dívidas é pecado contra o sétimo mandamento.

O dinheiro, que temos de pagar a outro, já não é nosso: pertence ao outro.

Não pagar as dívidas também é furtar.

Fazer dívidas que não possamos pagar a tempo, também é pecado.

Também é pecado contra o sétimo mandamento fazer prejuízo à roupa, à casa, à roça, aos animais e a qualquer outro bem do próximo.

Tirar os bens da Igreja é furto e também sacrilégio: pois os bens da Igreja são coisas santas. Não pagar as dívidas à Igreja, é furtar coisas santas.

Gastar para si uma parte do dinheiro, pedido para mandar dizer uma missa, é furtar coisas santas.

Gastar para si dinheiro pedido para a igreja ou para uma festa1 é furtar coisas santas.

Nunca alguém fica dono do dinheiro furtado: deve restituí-lo.

Se o dono morreu, restitua aos herdeiros.

Se não houver herdeiros ou se não souber quem é o dono, dê aos pobres. Quem roubou, nunca fica dono da coisa roubada.

Quem não tem para restituir, deve restituir quanto pode e fica devendo o resto.

Neste caso convém falar com o confessor.

Quem não quer restituir dinheiro mal adquirido, não pode receber os sacramentos, porque vive em pecado mortal, nem se pode confessar.

Um dia São Clemente Hofbauer foi chamado para um moribundo, negociante muito rico. O moribundo disse-lhe que ganhara quase todo o seu dinheiro, enganando o próximo nos seus bens, mas não quis restituir o dinheiro furtado.

Então São Clemente lhe fez ver que assim não podia entrar no céu. Mas o homem respondeu: “Não posso deixar meus filhos na pobreza. Antes quero ir para o inferno.”

Depois o homem pediu ao padre um remédio contra sua doença.

São Clemente disse: “Pois sim, para ficar bom só é preciso queimar a carne dum homem vivo, até que três gotas de gordura caiam sobre a ferida.” Pois o homem tinha uma grande ferida. “De certo,” continuou o padre, “de certo, seus filhos prestarão este serviço a seu pai.”

O pai chamou seus filhos e pediu-lhes que um deles queimasse a carne no braço até que três gotas de gordura caíssem sobre a ferida. Mas nenhum dos filhos quis saber da coisa. Então São Clemente disse: “Veja agora: os seus filhos não querem aguentar o fogo durante um minuto por amor de você; e você por causa deles quer aguentar o fogo durante toda a eternidade.”

O homem compreendeu o erro, restituiu o bem alheio e não deixou aos filhos o que não era dele.

O amor do dinheiro é uma grande loucura. Quando algum papel-moeda vai ser retirado, ninguém quer mais recebe-lo: pois em pouco tempo não valerá mais nada.

Mas todo o dinheiro, mesmo a prata e até o ouro um dia vai ser retirado: pois, depois da nossa morte, um saco cheinho de ouro não nos vale mais nada.

Amemos, portanto, os bens, que conservam o seu valor depois da morte, isto é, as boas obras; e desprezemos os bens, que na outra vida não valem mais nada.

Jesus disse: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça os comem e onde os ladrões os desenterram e roubam, mas ajuntai tesouros no céu, onde não os come a ferrugem nem a traça e onde os ladrões não os desenterram nem roubam.”

Em Nova York um homem muito rico andava no seu automóvel pelas ruas e parou para comprar um jornal dum menino muito pobre. O homem pagou com uma moeda de prata no valor de três mil réis.

O menino não tinha troco. Foi a uma venda para trocar. Mas o homem não quis esperar e foi-se no seu automóvel para casa. Apenas chegou ali, já estava também o menino todo cansado: tinha corrido atrás do automóvel para entregar o troco. O homem compreendeu que este menino não queria sabe de logro e lhe deu serviço na sua casa. O menino não passou mais falta. Este menino podia ter dito: o homem não precisa destes três mil réis, não se importa. Mas o menino compreendia que roubando fazemos mal a nós mesmos, mais que aos outros.

O milionário não precisava dos três mil réis. Mas o menino precisava da probidade.

Explicação do Pequeno Catecismo, Pe. Jacob Huddleston Slater, Doutor em Teologia e Filosofia Escolástica, 2ª Edição, 1924.

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