Qual é o verdadeiro consolador dos nossos sofrimentos?

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É aquele que disse e que só podia dizer ao mundo: “Vinde a mim, vós todos que sofreis e que estais vergados sob pesos; e eu vos aliviarei.” É o Filho de Deus humanado; é o grande Salvador, a grande Vítima, Jesus Cristo.

Foi esta uma de suas primeiras palavras, quando começou de manifestar-se ao mundo. Na sinagoga de Nazaré, tendo entre mãos o livro das profecias de Isaías, abriu-o e leu em voz alta o trecho seguinte: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim. Ele enviou-me para evangelizar os pobres, para curar os corações aflitos, para anunciar aos cativos a liberdade, para restituir aos cegos a luz. E olhando para todo o povo acrescentou:

“Estas palavras se cumprem hoje perante vós.”

Jesus Cristo, de feito, acha nos tesouros de sua graça com que prover de remédio todos os nossos sofrimentos, sem excetuar um só. Deles não nos exime; porque, como pecadores que somos, os sofrimentos e a expiação nos são devidos; mas, por um segredo divino, metamorfoseia e transfigura nossas dores, convertendo em maravilhosa suavidade o travor delas;

Para realizar essa transformação foi que Ele, o Filho de Deus, o Inocente, o Santo dos Santos, que de modo algum merecera sofre, quis desde logo assumir o terrível peso de todas as nossas dores. Coisa alguma omitiu seu amor misericordioso: sofrimentos da alma, do coração, do corpo, toda a casta de privações, pobreza, humilhação, calúnia, perseguições, traições, injúrias, atrozes, afrontas, injustiças, dores, pungentes, desamparo: Ele tudo sofreu, quis tudo sofrer.

Depois disto, sobra-lhe direito de dizer-nos, de clamar-nos do alto de sua cruz, onde por nós sofre e morre: “Vinde a mim, vós todos que sofrei!”

E Jesus é nosso Deus, nosso criador eterno; Ele é a um tempo nosso modelo de sofrimento e nossa eterna recompensa. É a vida de nossas almas; está em nós; se nos resolvemos a pertencer-lhe e a amá-lo, Ele permanece, por meio de sua graça, no íntimo dos corações. “Se alguém me ama, diz-nos a todos, meu Pai e eu o amaremos e viremos a ele e nele faremos nossa morada. Permanecei em mim e eu em vós.”

Oh! que consolador! outro não temos. Salvador, consolador, sustentáculo, médico e remédio.

Salteia-nos a doença, uma ferida, qualquer enfermidade? Olhemos para jesus crucificado e manando sangue.

Investem-nos a perseguição e a calúnia? A Injustiça, a maldade e a fereza humana nos fazem sofrer? Olhemos para a cruz; contemplemos Jesus perseguido e condenado à morte.

Somos humilhados, traídos, votados ao abandono? Olhemos para a cruz; para o presépio; para jesus, sempre para jesus, celeste Consolador, Vítima inocente.

Toas as angústias, todas as torturas do amor não retribuído, sofreu-as seu Sagrado Coração. Ele que tanto amava, Ele, Amor incomensurável, foi odiado, repelido por todos. Que sofrimento! e que coração jamais suportará a centésima milionésima parte dele?

Jesus Cristo teve o corpo macerado, dilacerado. Em suma, tudo sofreu; tão somente para eliminar o pecado, causa de nossos sofrimentos; para santificar, divinizar nossas dores unindo-as às suas; para consolar-nos em nossas provações; para salvar-nos.

Salvador, consolador: eis o que é Jesus Cristo no meio das dores humanas. Unamo-nos a Ele, se quisermos ser consolados.

Monsenhor de Ségur, Consolações Aos Que Sofrem, cap. 5, 1877.

Última atualização do artigo em 15 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico

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