Qual o fim da Maçonaria? – D. Frei Vital

“O nosso fim principal é o de Voltaire e da Revolução Francesa: – o ANIQUILAMENTO PERPÉTUO DO CATOLICISMO E ATÉ DA IDÉIA CRISTÃ, que, no caso de permanecer de pé sobre as ruínas de Roma, viria a perpetuar-se mais adiante.”

Eis o fim último.

“Desde que nos constituímos em corpo de ação e que a nossa Ordem reina tanto no fundo da Venda mais distante, como da que mais se avizinha do centro, um pensamento há que sempre preocupou os homens que aspiram à regeneração universal: é o livramento da Itália, donde deve resultar em dia determinado a alforria do mundo inteiro, A REPÚBLICA FRATERNAL.”

Eis o fim secundário.

Conquanto afirme alguns maçons que a maçonaria se não envolve em religião nem em política, por lhe ser isso vedado pelas suas constituições, nada todavia é menos verdade que semelhante asserto. Provam-no os próprios escritores mais abalizados e fidedignos da seita.

Ide ouvir, Irmãos e Filhos caríssimos, o que, em 1854, dizia o irmão Bourlard no grande Oriente da Bélgica, no meio de gerais aplausos do povo maçônico:

“Nós, maçons, temos o direito e o dever de ocupar-nos com a questão religiosa dos conventos e de atacá-la de frente; é mister que o país inteiro cure-se dessa lepra, ainda quando lhe seja preciso empregar a força… As grandes questões de princípios políticos, tudo o que é relativo à organização, à existência, à vida de um Estado, ah! Tudo isto, sim, tudo isto pertence-nos em primeiro lugar, tudo é de nossa alçada, para dissecar e fazer passar pelo crisol da razão e da inteligência.”(17)

Da mesma sorte pensam os irmãos Rebold, Crémieux, Ragon, L. Blanc, Verhaegen; pois sustentam que, sendo as constituições maçônicas meros regulamentos, acima delas estão os princípios da Maçonaria; e que, por conseguinte, pode ela envolver-se, como já o tem feito, nas lutas religiosas e políticas. Negá-lo, acrescentam, seria caluniar a história(18).

Com estes, amados Filhos, fácil, facílimo ser-nos-ia aduzir uma infinidade de outros documentos, demonstrando à toda a luz da evidência que, em vez de conservar-se estranha, como inculca, a Maçonaria envolve-se por demais em eleições, governos, negócios públicos, em todas as questões, em suma, políticas e religiosas que se ventilam no seio da sociedade. Mas, para não sermos demasiado prolixo, forçoso é restringirmo-nos aos dois pontos capitais.

1º – A abolição da religião católica, a negação completa do Catolicismo é o fim supremo da Maçonaria. Provemo-lo com outros documentos: invoquemos o testemunho dos autores maçons mas assinalados, cujos escritos são, na seita, de grande autoridade e como que sagrados.

“A Maçonaria, diz o irmão Franz-Faider, está acima das religiões e das constituições, quaisquer que sejam as suas fórmulas. A MAÇONARIA É PARA NÓS A RELIGIÃO VERDADEIRA E SUBLIME, que nosso coração ambiciona.”(19).

“Nada de dogmas, diz o irmão Potwin, nada de jugo nem de tiranos, nada de Messias.”(20)

“O culto da natureza, diz o irmão Ragon, é o alvo da Maçonaria.”(21)

“Os maçons, diz o irmão Proudhon, não têm altares, simulacros, sacrifícios, orações, sacramentos, graça, mistérios, sacerdócio, profissão de fé, nem culto.”(22)

Não se pode ser mais claro, mais explícito, nem mais positivo!

Quereis ainda autoridades?

Pois bem: falem agora os oráculos da seita, as lojas. Eis o ímpio programa que, em 1866, adotaram as lojas – Perfeita Inteligência e Estrela, do Grande Oriente de Liége, e mais a Loja dos Philadelphos, do grande Oriente de Londres:

“Subtrair a humanidade ao jugo dos padres;

Substituir a fé pela ciência;

“Criar as austeras satisfações da consciência, pelo bem que se haja feito, em lugar das pomposas esperanças de recompensa celestes;

“Desviar do espírito a vã preocupação de uma vida futura e o fetichismo de uma providência pronta a socorrer todas as misérias;

“Realizar a justiça em vez de prometê-la num mundo incógnito:

“Tais são as nossas e vossas tendências.”(23)

Tudo isto é mais claro possível!

Funda-se um templo maçônico? O primeiro eco que lhe reboa nas tétricas abóbadas é o brado de guerra à Religião Católica!

Na abertura da loja Burlamachi, em Lucca, declarou o irmão Fortini que “aos maçons fôra confiada a grande missão de desarraigar os antigos prejuízos, profligar o obscurantismo (o Catolicismo) e ensinar o povo crédulo, enganado pelas manhas pérfidas dos Jesuítas.” Depois dele levantou-se o irmão Borganti, exortando os maçons “a fabricar um templo à virtude e cavar uma masmorra ao vício, reforçando os princípios maçônicos e aniquilando a obra dos princípios católicos.”(24)

O que levamos dito, caros Irmãos e Filhos no Senhor, por si só prova de sobejo quais os iníquos intentos da maçonaria contra o catolicismo. Vamos porém além, penetremos até o âmago da questão; e veremos a seita anatematizada atacar todo o majestoso edifício da religião Católica, combatendo-lhe a um tempo o ensino, os sacramentos, o sacerdócio.

Principiemos pelo ensino.

– A Fé católica ensina que há um Deus criador de todas as coisas.

Afirma a impiedade maçônica que Deus é uma palavra oca de sentido, que fora da natureza se não deve procurar a divindade; e que a natureza é Deus.(25)

– A Fé católica nos ensina que este Deus revelou-se aos nossos primeiros pais.

Afirma a impiedade maçônica que o Deus revelador não existe e nem é possível.(26)

– A Fé católica nos ensina que este Deus é Senhor e Juiz nosso, ante cujo tribunal havemos todos de comparecer um dia.

Afirma a impiedade maçônica que só respondemos por nossos atos à nós mesmos; e que cada um de nós é para si um pai e um Deus.(27)

– A Fé católica ensina que este Deus remunera os bons com a bem-aventurança sem fim e castiga os maus com penas eternas.

Afirma a impiedade maçônica que não há bem-aventurança sem termo, nem suplício infindo.(28)

– A Fé católica ensina que este Deus é um em essência e trino em pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.

Afirma a impiedade maçônica que a Santíssima Trindade É UM INVENTO SACERDOTAL, (29) e que Deus não é nem Criador, nem Pai, nem Verbo, nem Paráclito, nem amor, nem Redentor. (30)

– A Fé católica ensina que o Filho baixou do Céu à terra, tomou carne humana nas puríssimas entranhas da Imaculada Virgem Maria, e nasceu sem que Ela deixasse de ser virgem antes do parto, no parto e depois do parto.

Afirma a impiedade maçônica que o mistério da Incarnação é pura fábula; que na conceição de Jesus nada houve de extraordinário, senão as eminentes faculdades de que Ele foi dotado; e que, excetuando isto, Ele nasceu segundo o curso ordinário da natureza. (31)

– A Fé católica ensina que o Filho é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem e que morreu pela nossa salvação.

Afirma a impiedade maçônica que Jesus Cristo não foi mais que um sublime filósofo, um agitador por excelência (32), cuja morte ignominiosa fôra a justa punição de seus crimes. (33)

Que horrores!!! que blasfêmias!!!

– A Fé católica ensina que Jesus Cristo fundou, como sua, a Igreja, una, santa, católica e apostólica, com seus dogmas, mistérios e culto, e que esta é a Igreja Romana.

Afirma a impiedade maçônica que Ele não fundou religião nenhuma, nem ensinou dogmas, nem estabeleceu culto (34), e que a Igreja Romana é a sinagoga dos novos fariseus (35), cadáver putrido já decompondo-se em deletérias exalações (36).

– A Fé católica ensina que se deve ouvir o magistério dessa Igreja Santa, acatar as suas decisões, executar os seus mandamentos, sob pena de ser havido como publicano e pagão.

Afirma impiedade maçônica que se deve sempre conspirar contra a Igreja de Roma servindo-se de todos os acidentes, aproveitando quaisquer eventualidades (37).

– A Fé católica ensina, em suma, que se deve crer em todas as verdades pregadas pela santa Igreja de Deus.

Afirma a impiedade maçônica que crer é oposto de saber, e o homem crédulo muitas vezes não é senão um miserável, que depende de qualquer que não tem compaixão de um ente sem defesa (38).

Quantos dislates! Quantos horrores! Quantas blasfêmias!

E assim por diante. A rasoura maçônica não poupa nenhum dos outros dogmas e mistérios sacrossantos do Catolicismo!

Ouvi agora, Irmãos e Filhos diletíssimos, o que pensa a maçonaria acerca dos sacramentos. Ouvi e pasmai!

“O Batismo cristão, diz ela, que deriva do antigo uso das abluções, é um reconhecimento público do menino, que lhe dá um caráter de legitimidade.”

“A Confirmação foi estabelecida para confirmar o estado batismal dos meninos. Segundo reconhecimento público. Por esta cerimônia e pela do batismo chegava-se a conhecer, sem despesas públicas, o recenseamento da população.

“A Extrema Unção teve por fim conhecer o número das pessoas que morrem e certificar a identidade do falecido, com receio de que houvesse substituição para as heranças na ausência dos herdeiros legítimos e assegurar os seus direitos de sucessão.” (39)

“A Eucaristia é apenas um símbolo que serve de recordar, não a morte de Jesus Cristo, senão a excelência de sua doutrina e seu grande preceito de amor do próximo” (40)

“O Matrimônio indissolúvel é oposto às leis da natureza e da razão: às primeiras, porque as conveniências sociais têm unido frequentes vezes entes que a natureza tinha separado por antipatias que só no matrimônio se manifestam; às segundas, porque a indissolubilidade faz do amor uma lei e procura avassalar o mais caprichoso e involuntário dos sentimentos…” (41)

Assim pois, segundo a Maçonaria, os sacramentos, 1º não são de instituição divina; 2º não têm fim nem efeitos sobrenaturais!

A seita maçônica não só sustenta esta doutrina acerca dos sacramentos como até lhes substitui sacrílegas momices, que não descreveremos aqui por amor da brevidade. (42)

Basta dizer-vos que à Maçonaria, verdadeira sinagoga de Satanás, como admiravelmente caracterizou-a o incomparável Pio IX, aplica-se perfeitamente o que do demônio dizia Tertuliano: “Nas sombrias cavernas de seus templos, imita ela as cerimônias dos nossos Sacramentos divinos; batiza os que crêem em sua doutrina; promete-lhes a remissão dos pecados; confere-lhes funções sacerdotais; imprime-lhes na fronte o sinal da confirmação; celebra a oblação do pão; e como pontífice supremo administra-lhes o matrimônio”. (43)

O sacramento da Ordem também não lhe merece mais consideração e respeito, e por isso o ataca com igual fúria.

Para convencer-vos desta triste verdade, não precisais senão ver a impiedade com que a seita sacrílega trata os sacerdotes de Jesus Cristo, os ministros da Religião Católica.

Ela diz que REPELE OS PADRES, porque os julga escravos do Vaticano; e porque o clero católico, é clero escravo, clero machina, para curvar os povos diante do despotismo. (44)

Ela diz que o maior obstáculo para a liberdade física, intelectual e moral do homem é, sem contradição, o padre tal como a Igreja o fez, o artista, o propagador mais poderoso e formidável dos prejuízos, da ignorância e superstição. (45)

Ela diz que “o padre, a hydra monachal, é para a Maçonaria uma odiosa personificação de superstição e fanatismo: foram os padres que inventaram o céu e o inferno, o temor das penas futuras e a esperança das recompensas eternas, e que imaginaram a confissão para estabelecer o seu governo.” (46)

Como acabais de ver, diletos Irmãos e Filhos em Jesus Cristo, nada fica intacto no majestoso edifício do Catolicismo. A mão sacrílega da seita ominosa, com insano labor, se esforça por destruí-lo até as suas bases. Ai, cada pedra, desde o ápice até os mais fundos alicerces, faísca aos repetidos golpes do infernal camartelo!

A autoridade da Igreja, a divindade do seu Adorável Fundador, sua doutrina, seus dogmas, mistérios, sacramentos, ministros, tudo, tudo guerreia a hydra das trevas, tudo nega a seita incrédula, de tudo blasfema a sua língua ímpia!

2º Se bem propale a Maçonaria que não trata de política, como não trata de religião, e exteriormente inculque obediência, submissão, acatamento aos Soberanos; nada, todavia, é menos exato do que isto; porquanto o seu fim secundário é levantar sobre as ruínas das monarquias a REPÚBLICA UNIVERSAL.

Senão, vejamos o que ela, a seita manhosa, pensa, diz e faz a tal respeito.

“A realeza, diz a maçônica Sociedade das Estações aos seus filiados, é execrável. Tão funestos são os reis à espécie humana, como aos outros animais o são os tigres. Os reis não se julgam, matam-se.” (47)

A queda dos tronos, diz o Piccolo Tigre, sumidade da Maçonaria, tenho-a como certa, eu que acabo de estudar, em França, na Suíça, na Alemanha e até na Rússia, O TRABALHO DE NOSSAS SOCIEDADES. O assalto que daqui a alguns anos, talvez mesmo daqui a alguns meses, daremos aos príncipes da terra, sepulta-los-á debaixo dos destroços de seus exércitos impotentes e caducas monarquias. ” (48)

Na Maçonaria de adoção, dirige o Grão mestre à Perfeita Mestra, quando lhe confere este grão, as seguintes palavras:

“A principal de vossas obrigações será irritar o povo contra os reis e os padres; no botequim, no teatro, nos bailes, trabalhai com esta sacrossanta intenção.

“Só um segredo me resta a revelar-vos, e falemos baixinho, porque ainda não chegou a ocasião de manifestá-lo ao mundo profano. A autoridade monárquica, com que parecemos preocupar-nos, deve cair um dia SOB NOSSOS GOLPES, e este dia está próximo. No entretanto afagamo-la para chegarmos sem estorvo ao complemento final da nossa missão sagrada, que é O ANIQUILAMENTO DE TODAS AS MONARQUIAS.” (49).

Não é possível falar com maior clareza.

Ouçamos agora a Aliança republicana Universal, sociedade organizada, em 1857, em Nova York, pela Maçonaria e por ela dirigida:

“O fim da associação é afirmar o direito de todos os países de mudarem os seus governos em república, e, por conseguinte, o direito de todos os republicanos de se reunirem entre si para formar uma solidariedade republicana.

“Para espalhar estas verdades propõe-se formar uma só associação fraternal de todos os homens de princípios livres, que desejam promover o desenvolvimento do verdadeiro republicanismo EM TODOS OS PAÍSES E EM TODOS OS POVOS.” (50).

Não se pode ser mais positivo.

Quereis ainda mais provas, amados Filhos?

Penetremos em espírito no recinto de uma Loja maçônica, e assistamos á iniciação do grau de cavalheiro Kadosch.

“Tendo o Grão-Mestre ajoelhado com o candidato que vai receber o grau, diz-lhe: “Até aqui só viste na maçonaria emblemas; é mister que vejas agora as realidades. Estás decidido a meter debaixo dos pés os prejuízos a que te sujeitaste, e obedecer sem reserva a tudo o que te for prescrito para a felicidade do gênero humano?” Promete-o candidato; levanta-se o Grão-Mestre e continua: “Se assim é, vou dar-te o meio de provares a pureza de tuas intenções e fazer-nos conhecer a extensão de tuas luzes. Prostra-te por terra diante destes restos ilustres e repete o juramento que vou ditar-te.”

O Grão-Mestre dita o juramento que o candidato repete: “Em presença de Deus, nosso pai, e desta augusta vítima, eu F., juro e prometo solenemente, sob a minha palavra de honra, nunca revelar os mistérios do cavalheiro Kadosch e obedecer a tudo quanto me for prescrito pelos regulamentos da Ordem. Juro, outro sim, punir o crime e proteger a inocência.

Então diz-lhe o Grão-Mestre: “Levanta-te e imita-me.”

Uma cabeça está ali coroada com uma tiara: O Grão-Mestre apunhala-a, dizendo: “Ódio à impostura, morte ao crime.” O mesmo faz o candidato, repetindo as mesmas palavras. Próximo está outra cabeça coroada de louros; o Grão-Mestre e o candidato ajoelham ante ela, dizendo: o primeiro: “Glória eterna ao mártir da virtude! Sirva-nos de lição o seu suplício! Unamo-nos para esmagar a tirania e a impostura.”

Levantam-se outra vez e aproximam-se de outra cabeça que tem a coroa real. O Grão-Mestre apunhala-a dizendo: “Ódio à tirania, morte ao crime. Outro tanto faz o candidato, repetindo as mesmas palavras.” (51)

Eis aí patente, bem patente, o duplo fim da maçonaria: estrangular o último dos padres com os intestinos do último dos reis!

Tudo isto é por extremo significativo. Entretanto ninguém compreende!

Mas, objetar-nos-ão talvez, como pode a Maçonaria maquinar contra o trono, ser hostil aos monarcas, se os acolhe com tamanha benevolência em suas oficinas, fá-los sentar ao oriente das Lojas, empunhar o malhete de Grão-Mestre, e presidir os trabalhos?

A razão é muito simples; e no-la dá a própria maçonaria.

Atendei:

“A soberanos aprouve, diz um famigerado maçon,… tomar a trolha e cingir o avental. Porque não? Sendo-lhes cuidadosamente ocultados os altos graus, eles sabiam da Maçonaria somente o que se lhes podia mostrar sem risco. Não tinham de que desassocegar-se retidos como estavam nos graus inferiores, onde só viam banquetes alegres, princípios deixados e retomados à entrada das Lojas, fórmulas sem aplicação à vida comum, enfim, uma comédia de igualdade. Mas em tais matérias a comédia toca ao drama; e os príncipes e nobres FORAM LEVADOS A APADRINHAR COM SEU NOME, E A SERVIR COM A SUA INFLUÊNCIA, EMPRESAS LATENTES, DIRIGIDAS CONTRA ELES PRÓPRIOS.” (52)

Sendo assim, poderão replicar-nos ainda, que lucro aufere a maçonaria da admissão dos soberanos em suas oficinas? Que proveito daí lhe advém?

Acaba de no-lo dizer de passagem o celebérrimo irmão Luiz Blanc. Ouvi agora o irmão Venturini:

“A entrada dos soberanos na Ordem é de muito bom agouro. CONQUANTO NÃO POSSAM ELES CONCORRER PARA A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO MAÇÔNICO, e posto que tenhamos de sofrer o espetáculo de brilhantes condecorações na sua farda, são todavia sumamente preciosos para a Ordem, já pelas riquezas, já pela imensa influência de que dispõem… Onde o príncipe desconfia, haveria perigo em elevar-se demasiado; ao passo que pode-se singrar à velas cheias DESDE QUE BRISA FAVORÁVEL SOPRA DA CORTE.” (53)

Quereis ainda melhor?

Ouvi o seguinte trecho de uma carta secreta da Venda piemonteza:

“O burguês é útil, mas o príncipe o é mais. A Venda Suprema quer que, sob qualquer pretexto, se admitam nas Lojas maçônicas o maior número possível de príncipes e ricos. Há muitos na Itália e fóra dela que aspiram às honras assaz modestas do avental e da trolha simbólicas. Lisonjeai estes ambiciosos de popularidade e arrebanhai-os para as Lojas maçônicas.

“A Venda Suprema verá depois o que pode fazer deles para a causa do progresso. Um príncipe que não tem reino a esperar é uma boa aquisição para nós. Há muitos neste caso. Fazei deles franc-maçons. SERVIRÃO DE VISCO aos imbecis, intrigantes, cidadãos e necessitados. Estes pobres príncipes serão INSTRUMENTO NOSSO, pensando que nós o somos deles. É UMA MAGNÍFICA TABOLETA (54)

Documentos os há de sobra: temos apenas o embaraço da escolha. Destes últimos, que acabamos de transcrever, a lógica conclui:

1º Que a Maçonaria tenta substituir as diversas monarquias por uma República Universal;

2º Que, sentando os Soberanos nos Orientes da Ordem tem a cautela de ocultar-lhes sempre e cuidadosamente os seus planos e segredos;

3º Que se os recebe no seio das Lojas é tão somente por interesse, cálculo e sórdida especulação.

Provado fica, Irmãos e Filhos muito amados, e provado à toda a luz da evidência, o duplo fim da Maçonaria. Eis aí descoberto esse segredo, cuja revelação o mundo, no século passado, não poderia suportar, atenta a sua fraqueza (55).

Contra o altar e o trono é que a Maçonaria hasteia o pendão da revolta. Deus e César são os dois inimigos contra os quais ela brande uma só arma utrinque feriens.

E como não seria assim, se a sua divisa é: Liberdade, fraternidade, igualdade? (56) Se o seu grito de guerra é o do anjo rebelde: Non serviam! Isto é, desobediência a todas as leis divinas e humanas, resistência à toda a autoridade espiritual e temporal, aniquilamento de todo o poder eclesiástico e civil!?

Porém, a Santa Igreja de Deus, sentinela sempre atenta, velando dia e noite pela guarda e segurança da sociedade humana, não tem cessado de soltar o grito de alarma, há constantemente denunciado o perigo comum a todos os Soberanos do universo. Estes, porém, estão surdos, não ouvem, ou encolhem os ombros em sinal de indiferença.

Alerta! – brada ela às demais sentinelas da sociedade, – os soberanos.

Alerta! – brada-lhes, das eminências do Vaticano, pela voz de seus Pontífices… Ninguém responde!

Alerta! – brada-lhes, das atalaias de israel, pela voz de seus bispos e Pastores… todos se calam!

Alerta! – brada-lhes, do alto do púlpito, pela voz de seus pregadores… nenhum se abala!

Alerta! Brada-lhes, do pino da imprensa, pelo órgão de seus escritores… silêncio profundo!

Todos dormem!!!

Entretanto o perigo é iminente! A sociedade está em cima de um vulcão, os estados assentam em chão maçônico. O terreno está minado; a terra estremece; os tronos vacilam; as coroas balançam sobre a cabeça dos monarcas; estes, porém, nada sentem, nada ouvem, nada vêm!

A Igreja clama, mas ninguém a atende, porque sua voz é tida por suspeita.

Ah! quando, porém, de repente se abate o solo, quando se aluem as colunas d’algum trono, quando algum rei cambaleia, resvala e rola no abismo de envolta com os destroços de sua monarquia; ah! Então sim, ao cair recorda-se esse rei do grito de alerta da santa Igreja de Deus; reconhece-lhe razão, sinceridade, fidelidade.

Mas… já é tarde: está feita a obra da Maçonaria!

Dom Vital – Instrução Pastoral do Bispo de Olinda aos seus Diocesanos sobre a Maçonaria e os Jesuítas, 1875

(17) Cri d’alarme. p. 11, 12.
(18) Gautrelet. A Franc-Maçonaria t. 1. p. 109, 110.
{19) Gautrelet. t. 1. p. 87.
(20) Ibidem.
(21) Curso phil.
(22) De la justice dans la Révolution et dans l’Eglise.
(23) Neut. t. 2. p. 206.
(24) A Maçonaria desmascarada, pag. 30.
(25) Irmão Lacroix. Loja de Liége, 1965. Neut. t. II. plg. 289
(26) Irmão Lacombé, Neut. t. 1. pag. 144.
(27) Irmão Lacroix. Discurso proferido nos funeraes do ir. Verhaegem.
(28) Neut. t II. p. 201.
(29) Bibliotheca Maçônica. v. 1 p. 59.
(30) Proudhon. De la justice dans la Revolut. et dans l’Eglise.
(31) Irmão Damm. A Franc-Maçoneria do P Gyr. p. 45. 55.
(32) Verdade n. 1.
(33) Irmão Ragon. Curso phil.
(34) Pelicano n. 69.
(35) Jornal do Commercio de 22 de Abril 1872.
(36) Verdade de 15 de Janeiro de 1873.
(37) Carta de Piccolo-Tigre aos agentes superiores da Venda piemonteza.
(38) Irmão Ragon. Curs. phil.
(39) Irmão Ragon. Curso phil. p. 128.
(40) Irmão Damm. A Franc-Maçon. do P. Gyr. p. 55.
(41) Saint Albain, p. 211.
(42) Vide Historia da Maçonaria, por Dubreuil. tom. II.
(43) Diabolus ipsas quoque res divinorum sacramentorum in idolorum mysteriis oemulatur: tingit et ipse quosdam utique credentes. Expiationem delictorum repromittit et sic adhuc initiat… Signat illic in frontbus millities suos: celebrat panis oblationem… Quidquod et summum pontificem in unis nuptiis statuit. – (De proescript. c. 40).
(44) Jornal do Commercio, 22 de Abril de 1872.
(45) Cadeia da União de Londres, 15 de Setembro de 1865.
(46) Irmão Franz Faider, já citado.
(47) St. Albain. p. 456.
{48) Carta a Nubius, de 5 de Janeiro de 1846.
(49) St. Albain. p. 382.
(50) Neut. t. II. p. 208. 218.
(51) Ritual do Irmão Laffont de Landebat
(52) Irmão Luiz Blanc. Hist. da Revolu. franc. t. II. ps. 82 e 83.
(53) Historia da Franc-Maçon. p. 149.
(54) Ibidem.
(55) Isto diz o irmão Ragon repetindo as palavras proferidas pela grande
Loja da Alemanha, em 1774.
(56) Irmão Massol. Neut. t. 1. pag. 196.

Este texto foi útil para você? Compartilhe!

Deixe um comentário