Quinto Domingo depois de Pentecostes – Pe. Júlio Maria, S.D.N.

Fonte da imagem: irmandadedocarmo.org

Quinto Domingo depois de Pentecostes (Mat. 5, 20-24)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:

  1. Se a vossa justiça não exceder à dos escribas e fariseus não entrareis no reino dos céus.
  2. Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, e quem matar será condenado em juízo.
  3. Pois eu vos digo que todo aquele que se irar contra seu irmão, será condenado no conselho. E o que lhe disser: louco, será condenado ao fogo da geena.
  4. Portanto, se estás para fazer a tua oferta diante do altar, e te lembrares aí que teu irmão tem alguma coisa contra ti;
  5. Deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e depois vem fazer a tua oferta.

SANTIDADE       

Primeiro versículo do Evangelho aplica-se em particular a cada cristão, e pode ser aplicado em geral a toda a Igreja de Jesus Cristo.

Pode-se dizer dela que a sua justiça ou santidade excede a de todas as seitas religiosas.

Por isso, só os membros desta Igreja Santa podem entrar no Reino dos Céus, enquanto este Reino fica interdito a todas as seitas humanas, porque a santidade destas não excede a dos escribas e fariseus.

Aplicando, pois, este versículo à Igreja Católica, temos de examinar:

  1. Em que consiste esta SANTIDADE.
  2. Onde ela se MANIFESTA.

I. EM QUE CONSISTE A SANTIDADE

A santidade é o característico da verdadeira Igreja, porque esta, sendo obra de Jesus Cristo, é necessariamente santa, como é santo tudo o que sai de suas mãos divinas.

É santa; é por isso que Jesus Cristo ama-a tão ternamente, como diz o Apóstolo: Cristo amou a Igreja e por ela entregou a si mesmo para santifica-la, fortificando-a, pra apresentar a si mesmo esta Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e imaculada. (Ef. 5, 27).

A santidade é, pois, uma nota característica da verdadeira Igreja de Jesus Cristo.

Em que consiste o princípio da santidade na Igreja Católica?

Consiste na santa ambição de se assemelhar a Jesus Cristo.

Tal palavra parece extravagante aos que não conhecem o Evangelho; entretanto, ela é apenas a tradução desta palavra do Salvador: Sêde perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito, (Mat. 5, 18), e desta outra de S. Paulo: Sêde meus imitadores, como eu sou de Jesus Cristo. (I Cor. 4, 16).

O meio desta santidade é a união com Jesus Cristo, necessariamente imperfeita neste mundo, mas real, assim como é real a união dos membros com a cabeça, dos ramos com o tronco.

Esta união se faz pela graça, por meio dos sacramentos. É sobretudo a Eucaristia que opera esta união, unindo o corpo de jesus Cristo ao nosso corpo, e a sua alma à nossa alma.

Os instrumentos da santidade da Igreja são os Sacerdotes de jesus Cristo, estabelecidos por Ele para administrar os Sacramentos, instruir o povo e ser os intermediários entre Deus e os homens.

Os efeitos desta santidade são as virtudes praticadas à imitação das virtudes de Jesus Cristo.

São, de modo especial, a prática dos conselhos evangélicos de obediência, pobreza, castidade, observados por milhares de pessoas de ambos os sexos, na vida religiosa.

II. ONDE ELA SE MANIFESTA

A santidade da Igreja deve manifestar-se em seu fundador, em sua doutrina, em seus filhos.

O Fundador da Igreja Católica é Jesus Cristo, e ninguém teria a ousadia de negá-lo.

E Jesus Cristo é a santidade perfeita.

Os protestantes seguem as doutrinas de Lutero, de Calvino, de Knox, João Leyde e outros, cada um mais viciado que o outro; e nenhuma destas seitas pode fazer remontar a sua origem a Jesus Cristo.

A doutrina da Igreja é toda santa, e não se pode nela encontrar a mínima imperfeição.

Só a calúnia e a ignorância religiosa encontram nela defeitos imaginários, porém, todo homem inteligente e sincero é obrigado a confessar que só a Igreja Católica, tanto em seus dogmas, em sua moral, como em seus Sacramentos, é de uma santidade que mostra universalmente o dedo de Deus.

Estudai sinceramente as seitas religiosas humanas, e em todas elas, sem exceção, encontrareis o bem e o mal, coisas santas e coisas ridículas, práticas divinas e outras supersticiosas; porém, o bem que encontrareis nestas seitas, encontrá-lo-eis também, e mais extenso, na Igreja Católica.

Tudo o que estas seitas suprimiram no dogma, na moral ou nos sacramentos católicos, constitui nelas uma lacuna que as coloca em real inferioridade.

Por exemplo: o protestantismo não admite a virgindade nem nos sacerdotes, nem nos fiéis.

Só deste feito que transcendência de santidade em favor do catolicismo!

A prática dos conselhos evangélicos, praticados pelos milhares de religiosos e de religiosas, completamente desconhecida do protestantismo, eleva a Igreja Católica milhares de vezes acima das seitas da reforma.

Ainda a Igreja é santa numa parte de seus filhos.

Sempre houve avultado número de católicos que se sobressaíram pelas virtudes mais heróicas.

Não se negam as sombras do quadro.

Na Igreja, como em qualquer sociedade humana, está o joio misturado com o trigo.

Sempre haverá pecadores no seio da Igreja, como sempre haverá escândalos, porém, isto em nada deslustra o fulgor da santidade.

As deficiências e os desvarios são fraquezas de certos indivíduos, mas não são um patrimônio comum a todos.

São Paulo já predisse: Levantar-se-ão, dentro de vós mesmo, homens a ensinar doutrinas perversas para levarem após si discípulos. (Atos, 20, 30).

Jesus disse: É impossível não acontecerem escândalos. (Luc. 17, 1).

III. CONCLUSÃO

A conclusão é notória, palpável, visível para todos.

A Igreja verdadeira, oferecendo meios poderosos de santificação, deve necessariamente produzir santos.

Logo, só ela é a verdadeira Igreja, fundada por Jesus Cristo.

Tomai um homem que fielmente observe os mandamentos da lei de Deus e da Igreja: será necessariamente um homem virtuoso.

Tomai outro que, além dos mandamentos, pratica fielmente os conselhos dados por Jesus Cristo e propostos pela Igreja, para quem quer ser perfeito: será um santo.

E há destes homens em número imenso em todas as épocas e em todos os países, na Igreja Católica.

Pode-se dizer mais:

Deus se encarrega de mostrar esta legião de santos e de santas, permitindo que, às vezes durante a vida, e sempre depois da morte, façam milagres em favor dos homens.

Qual é o protestante que já fez um milagre, e qual o seguidor de seus erros que pode colocar-se ao lado de um São Vicente de Paulo, um São Francisco de Assis, um Santo Antônio, uma Santa Teresinha, um São Gabriel de Adolorata, um pequeno Guy de Fontgalland?

Este homem não existe… porque entre eles a santidade é uma palavra sem sentido, que só a Igreja Católica possui e pode transmitir a seus filhos.

Comentário Dogmático, Padre Júlio Maria, S.D.N., 1958.

Última atualização do artigo em 16 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico

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