Relações com Deus: Da meditação

São Francisco em Meditação [Detalhe], início da década de 1580, Lodovico Carracci, domínio público, Wikimedia Commons

DA MEDITAÇÃO

1 – A meditação esclarece e conforta nossa alma. Davi dizia de si mesmo: “A meditação aqueceu meu coração, e acendeu nele o fogo da caridade”.

2 – Meditai todos os dias uma meia hora, a não ser que vo-lo impeça uma ocupação ou uma indisposição extraordinária.

3 – Disponde da tarde para a noite, ou ao menos antes de principiardes, o assunto da vossa meditação. O espírito então aplicar-se-á com mais facilidade a essa matéria já preparada.

4 – Meditai, ordinariamente, sobre assuntos que despertem em vós a confiança e o amor de Deus. Os assuntos que inspiram terror são raras vezes de vantagem para vosso espírito. A vós se pode aplicar o que S. Francisco de Sales escreveu a uma dama: “Proíbo-vos que mediteis na morte, no juízo e no inferno. Estes assuntos de temor salutar são excelentes; mas não para vossa alma que já está muito tímida”.

5 – Não abraceis, para meditar, matéria muito extensa; esta seja curta e precisa. Segui este conselho dos mais doutos entre os Padres espirituais: na meditação deveis entreter-vos mais nos afetos do coração, que nas considerações do espírito; porque a consideração é o meio, e o afeto é o fim a que aspiramos.

6 – É de vantagem, também, entregarmo-nos à oração com recolhimento e paz, sem inquietações nem receio excessivo de distrações.

A distração involuntária faz-nos adquirir dois merecimentos: um de penitência, porque é um penoso sofrimento do espírito o não nos podermos considerar recolhidos diante de Deus; por isso Santa Teresa dizia: “Se não faço oração, faço penitência”. O outro merecimento é o da própria oração; porque Deus recompensa o desejo tanto como a obra, quando o cumprimento desta não está na nossa mão.

7 – Será para nós uma grande consolação ter sempre diante dos olhos estes princípios de S. Fran cisco de Sales: “É uma oração excelente o considerarmo-nos com paz e na tranquilidade na presença de Nosso Senhor e de baixo de sua proteção, sem outro desejo nem pretensão mais do que estar com Ele e fazer a sua vontade”. O filhinho acolhido no seio de sua mãe não profere palavra alguma; mas diz tudo pelo seu olhar afetuoso, que exprime a felicidade de estar nos braços maternais.

8 – No fim da meditação, não é preciso multiplicar as resoluções; mas devem-se renovar principalmente aquelas que vão contra nossa paixão dominante. A multiplicidade das resoluções embaraça a alma e não a torna melhor.

Ordinariamente aquele que promete muito, dá pouco.

9 – Santa Teresa quer que durante a oração tomemos uma posição cômoda, para que o espírito não seja distraído da atenção que devemos prestar à oração na presença de Deus. Não vos canseis, pois, conservando-vos por muito tempo de joelhos.

Basta que o vosso espírito se humilhe diante de Deus, com o respeito, a confiança e o amor que lhe são devidos.

Direção para Viver Cristãmente pelo Rev. Padre Quadrupani, Barnabita, 1905.

Última atualização do artigo em 9 de março de 2025 por Arsenal Católico

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