Os Apóstolos e os primeiros cristãos eram Comunistas. Eles eram pobres, punham os nossos haveres em comum, e eram perseguidos e presos pela autoridade, precisamente como Comunistas.
RESPOSTA. – “Ou como os malfeitores” poderíeis acrescentar. – E isto é suficiente para vos fazer sentir por onde claudica o vosso raciocínio.
Mas desde quando, vos pergunto eu, é bastante ser pobre, viver em comum, e ser perseguido e preso para ser cristão?
O que constitui o cristão não é a pobreza exterior, mas o desapego dos bens passageiros da terra; não é o fato material da vida em comum, mas o laço invisível da caridade fraternal, que reúne os corações como se fossem um só.
Tais eram os primitivos cristãos; anjos vestidos de carne mortal, homens mortos para o mundo e para si mesmos não vivendo senão em JESUS CRISTO, não suspirando senão por uma eternidade bem-aventurada…
E é a estes homens de coração, de penitência, de doçura e e paz celeste que se ousa comparar os de estáveis bandos de nossas modernas sociedades secretas!
Dão-se por irmãos a estes homens da eternidade, homens que até não creem na eternidade, e que só aspiram aos prazeres deste mundo!!! Santo Deus, que desvario!
Sim, é verdade, perseguem-se os socialistas; prendem-se, desterram-se. Mas porventura, repetimos, basta ser perseguido, preso, morto, para ser discípulo de JESUS CRISTO?
A concluir deste modo, todos os facinorosos, todos os assassinos seriam excelentes cristãos!
Os Apóstolos e seus discípulos eram perseguidos por causa das suas virtudes; quanto a vós anarquistas, sois perseguidos por causa dos vossos furores. Eles pretendiam santificar o mundo, vós procurais incendiá-lo. as suas armas eram a oração e a doçura; caminhavam para o martírio perdoando a seus verdugos; e vós, de punhal na mão, só albergais no coração a inveja, o ódio e a vingança!…
Não, vós não sois cristãos, sois anti-cristãos! Vós, blasfemais do que os cristãos adoram, e amais o que eles destetam.
Além de que, essa perfeita vida primitiva, em que os homens são irmãos, em que tudo é comum, em que reina a pobreza e a santidade, existe, nem jamais deixou de existir. Entrai em nossos mosteiros. Aí tendes o que procurais; aí tendes os verdadeiros Falanstérios, de que as utopias comunistas não são mais que uma vergonhosa e impossível imitação.
Não se atrevam, pois, os socialistas, doravante, a usurpar o nome sagrado do Salvador; não falem mais de perseguições, de martírio, de Calvário. Eles estão, é verdade, no Calvário; porém, figuram aí como o mau ladrão crucificado por seus crimes, e não como o divino Filho de Maria!
Perguntas e Respostas Concisas e Familiares às Objeções Mais Vulgares contra a religião, Monsenhor de Ségur, 1946.
Última atualização do artigo em 2 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico