Santa Catarina, natural de Siena na Toscana, viu a luz do mundo em 1347. Filha de pais ricos, dotada de grande inteligência e favorecida pela natureza, era entre suas irmãs a predileta. Educada com muito esmero, Catarina deu provas bem claras de grande virtude. Criança ainda, dedicou-se de um modo especial à Santíssima Virgem e fez o voto de virgindade. Embora de constituição delicada, sua ocupação predileta era a oração, o silêncio e pequenas mortificações. Tais exercícios não acharam o agrado dos pais. Estes, para distrair mais a menina, dispensaram a empregada, e confiaram a Catarina os trabalhos dela. Deus a protegeu e deu-lhe força para aguentar as pirraças, provocações e censura de suas irmãs… “Deus, assim ela mesma escreve, ensinou-me, construir em minha alma uma solidão, na qual me pudesse retirar; ao mesmo tempo prometeu-me uma paz e tranquilidade imperturbável”. Para satisfazer a um desejo de seus pais, de se ajeitar mais ao mundo e atendendo um pedido de sua irmã Boaventura, vestiu-se com mais esmero. Logo, porém, que esta sua irmã morreu, voltou a seu modo antigo de vida. Não satisfeita com isto, tomou o hábito da Ordem Terceira de S. Domingos. Da parte dos pais nenhuma contradição experimentou. Surgiram três anos da mais dura penitência e mais inclemente mortificação.
Deus permitiu que a donzela durante todo este tempo fosse atormentada pelas mais terríveis tentações contra a santa pureza, porém, pela oração, humildade e mortificação conseguiu vencer o espírito mau.
“Onde estava meu divino Esposo – assim se dirigia depois a Jesus Cristo – quando minha alma se achou mergulhada em tantas misérias?” – “Essa impureza – confirmou-lhe a voz do Salvador – não te manchou nem de leve porque resististe resolutamente; por isso mesmo o combate que tiveste, foi para ti uma fonte de grandes merecimentos; ganhaste a palma da vitória devida à minha presença.”
Grande era sua caridade aos pobres. O tratamento de duas mulheres doentes proporcionou-lhe ocasião bastante para praticar a paciência. Longe de colher reconhecimento foi paga com ingratidão. Uma daquelas infelizes, apoiada por uma religiosa, chegou ao ponto de difamar e caluniar sua generosa benfeitora. Catarina nenhuma palavra de defesa proferiu, mas entregou tudo a Deus Nosso Senhor. E Deus tomou a si a satisfação de sua serva. A caluniadora converteu-se e revogou todas as invenções maldosas feitas contra a Santa.
Catarina juntava às suas obras de misericórdia a oração pelos seus socorridos, para que não lhes faltasse a graça divina.
Muitos pecadores deveram à sua intercessão a volta ao caminho da virtude. Muitas inimizades foram desfeitas pela intervenção caridosa de Catarina.
Quando em 1374 a peste avassalou o país, Catarina com uma generosidade heroica dedicou-se ao serviço dos pobres doentes e ganhou muitas almas para o céu. Sua oração alcançou a conversão de muitos. Deus lhe deu o dom de atrair os corações em tão alto grau, que o Papa Pio II chegou a afirmar: “ninguém se aproxima de Catarina, sem tornar-se melhor”.
Conversões estupendas foram a prova do poder que Catarina exercia sobre corações de grandes malfeitores.
Outros exímios privilégios, que Deus concedeu à sua serva, mostram a grande santidade da mesma. Durante o espaço de 80 dias seu único alimento era a santa Comunhão. Uma só palavra da sua boca curava doentes e expulsava maus espíritos. Indo altas as ondas duma política apaixonada, Catarina conseguiu estabelecer a paz entre o Papa e os Florentinos.
Foi o merecimento de Catarina que o Papa Gregório XI resolveu abandonar a cidade de Avignon e voltar para Roma. Grandes foram seus esforços para estabelecer a unidade na Igreja seriamente ameaçada pelo grande cisma.
As lutas da Igreja, a agitação suprema que reinava em todos os ânimos, a dissidência que torturava o corpo místico de Jesus, fizeram com que se consumisse a vida da Santa. Doente desde a idade de quinze anos, suportou com muita paciência seus sofrimentos até que a morte desligou as cadeias que prendiam sua alma a este mundo. tendo apenas trinta anos, Catarina morreu em 1380. O Papa Pio II canonizou-a em 1461 e Urbano VIII marcou sua festa para o dia 30 de Abril.
REFLEXÕES
Santa Catarina chorou amargamente, mas pelas faltas cometidas por vaidade, principalmente pelo exagero no modo de se vestir. Pecam gravemente as pessoas que, seguindo as exigências duma moda pagã, se vestirem escandalosamente e de uma maneira que parecem mais despidas do que vestidas. É o pecado da imodéstia e do escândalo de que se tornam culpadas. A Igreja, única representante de Cristo sobre a terra, zeladora por excelência da fé e da moral, condena hoje, como sempre condenou, a moda leviana, indecente, pagã, e exige às suas filhas que se vistam modesta e decentemente, como convém às cristãs que não querem fazer pacto com o espírito pagão do mundo. À mulher vaidosa diz S. Cipriano: “Se te enfeitares com vaidade e exagero, para atrair olhares dos outros, não sustentes dizendo que és interiormente casta e pudica. teus enfeites te desmentem.” – “O luxo e exagero do teu vestido acusam a fealdade do teu interior.” S. Bernardo.
Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume I, 1928.