Santo André Avelino († 1608)

SANTO André Avelino, chamado também Lancelotto, nasceu no ano de 1520 em Castelnuovo, no reino de Nápoles. Os pais eram muito religiosos e implantaram no coração do filho os sãos princípios da religião, do temor de Deus e de evitar o pecado.

Foram estes princípios que, como fiéis guias, depois dirigiram a vida de André. Quando jovem estudante, se achava em Senisio, uma mulher, que tomada de paixão por ele, começou a obsequia-lo, procurando assim com meios ardilosos leva-lo ao caminho do pecado. Avelino não a atendeu e rejeitou-lhe os presentes. Vendo em outra ocasião sua virtude grandemente periclitando, salvou-se pela fuga.

Para de vez se ver livre destes perigos, recebeu as ordens sacerdotais. Por algum tempo praticou a advocacia, mas em causas concernentes ao direito canônico. Em um dos processos, em defesa do constituinte, lhe escapou uma mentira. Quando logo depois leu na Bíblia as palavras (Sab. 1. 11): “uma boca mentirosa mata a alma”, foi tomado de grande arrependimento e daí em diante não mais advogou.

A vida de André pertenceu então exclusivamente ao serviço de Deus. O arcebispo de Nápoles incumbiu-o do governo de um convento de freiras. O zelo que desenvolveu em abolir certos abusos, que se tinham aninhado naquela comunidade, causou-lhe muitas perseguições. Uma vez, por um milagre, escapou da morte; em outra ocasião foi horrivelmente espancado. Tudo sofreu com paciência, conseguindo, graças à constância, restabelecer a ordem no convento. Em 1550 entrou na Ordem dos Theatinos e recebeu o nome de André.

A virtude sólida que nele se manifestava, granjeou-lhe a confiança dos superiores, que o encarregaram da formação dos noviços e da administração de diversas casas. Além dos votos da Ordem, fez ainda dois outros, que se impõem mais à nossa admiração que à imitação: o voto de agir sempre contra a vontade própria, e outro de progredir sempre na perfeição cristã. O amor a Deus e ao próximo inspiraram-lhe a máxima escrupulosidade em aproveitar o tempo.

Se no mundo dedicava por dia 6 horas à oração, na Ordem, não sendo mais isto possível, fazia a oração de noite. Grande lhe era a atividade no púlpito e no confessionário. Muitos pecadores se converteram a Deus, outros abandonaram os vícios e muitos que viviam em inimizade, encontraram a paz da alma. Apesar dos grandes merecimentos, tinha-se o Santo, em conta de grande pecador, e mais de uma vez externou sérios receios acerca da própria salvação. “Se aquele – costumava dizer – que fez tudo o que devia fazer, deve considerar-se um servo inútil, que farei eu, que das obrigações cumpro só uma pequena parte?” Elevando o olhar ao céu, dizia: “Aquelas habitações magníficas dos espíritos celestiais estariam abertas para uma criatura mísera, desprezível e má como sou?”

Nos ultimas dezoito anos de vida não comia nem carne nem ovos. O único alimento que tomava, era feijão cozido em água. “É verdade, – dizia – pela idade que tenho, estou dispensado da lei do jejum e da abstinência; mas quando me lembro dos meus pecados e da negligência com que servi a Deus, acho muita razão em castigar o meu corpo pela mortificação, para assim aplacar a ira divina. “Assim falava André Avelino, o qual, segundo o testemunho dos seus confessores, não tinha perdido a inocência batismal.

O leito de André era um duro colchão. Todos os dias disciplinava duramente o corpo. Não satisfeito com isto, pedia todas as manhãs a Deus que lhe mandasse um sofrimento. Nas contrariedades manifestava uma grande paciência, nas perseguições uma mansidão sem igual e aos inimigos e perseguidores retribuía com verdadeira caridade, como mostra o seguinte exemplo:

O filho do irmão de André foi assassinado, sem que pessoa alguma soubesse quem era o criminoso. André sabia-o, mas não fez declaração alguma. Quando afinal o assassino foi descoberto, André implorou a clemência dos juízes em favor do mesmo.

Terníssima era a devoção que André Avelino tinha à sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. “Que é tudo que faço e sofro, – assim se exprimia o Santo, – em comparação com o que Jesus fez e sofreu por mim? Quem me dera que em sua honra fosse flagelado, pregado na cruz e nela pudesse exalar o meu espírito!”

Extraordinária devoção tinha também ao Ss. Sacramento. No último dia de vida quis ainda celebrar o santo sacrifício. Quando, porém, tinha começado a recitar as primeiras orações, no degrau do altar, sofreu um insulto apoplético, que lhe paralisou a língua e o lado esquerdo. Levado ao quarto, recebeu os santos Sacramentos. Em seguida deitou a benção às pessoas presentes, tendo no semblante a expressão de grande contentamento. O dia da sua morte foi 10 de novembro de 1608. André Avelino alcançou a idade de 88 anos. O Papa Clemente XI inseriu-lhe o nome no catálogo dos Santos.

REFLEXÕES

Santo André Avelino chorou amargamente uma mentira, que deliberadamente pregara e abandonou uma profissão, que ao seu ver o expunha muitas vezes ao perigo de faltar à verdade. Que conceito fazes da mentira? Nem todas as mentiras são pecado grave; mas nenhuma há que não represente uma ofensa a Deus. Quem mente em coisas pequenas, perderá a delicadeza de consciência, e pouco a pouco chegará a cometer faltas graves. Dizer conscientemente uma inverdade é sempre pecado, seja qual for o motivo. Grave é o pecado da mentira, quando resulta grande prejuízo ao próximo. Peca gravemente aquele que em confissão faz declarações falsas, em matéria grave ou quem pretende enganar ao confessor, quando a gravidade da matéria exige toda a franqueza. A mentira, em si pecado leve, torna-se grave, quando afirmada com juramento. Examina tua consciência, se possuis o mau hábito de mentir e se assim for, cuida de emendar-te.

Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume II, 1935.

Última atualização do artigo em 24 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico

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