Santo Estêvão, Rei da Hungria

Santo Estêvão, por Benczúr, Basílica de Budapeste

Santo Estêvão, Rei da Hungria († 1038)

Santo Estêvão foi o primeiro Rei cristão da Hungria. Filho de Geisa, duque de Hungria, nasceu em 975, na cidade de Gran. Os pais do Santo, ouvindo em certa ocasião prisioneiros cristãos falarem da religião de Cristo, quiseram conhece-la e nela se instruíram. Tanto por ela se entusiasmaram que, largando as superstições pagãs, se tornaram cristãos e receberam o batismo das mãos de Santo Adalberto, Bispo de Praga.

Santo Estêvão foi educado cristãmente, para que um dia pudesse ser servidor de Cristo em verdade e príncipe modelar. Dotado de boa inteligência e possuindo vontade de instruir-se em tudo que era útil, natural era que fizesse grandes e rápidos progressos nos estudos. Sempre na companhia do Bispo Adalberto, tendo diante de si o exemplo e as instruções deste santo homem, adquiriu a santidade que tanto o elevou acima dos colegas. Tendo apenas quinze anos, o pai convidou-o para tomar parte ativa no governo da nação.

Pela morte do pai, Santo Estêvão, tratou da conversão dos súditos ao cristianismo. Neste nobre tentâmen encontrou tenaz resistência de uma grande parte dos húngaros, que se opuseram à mudança de religião, do paganismo para o cristianismo. Estêvão recorreu à oração. Não podendo, porém, quebrar a resistência dos rebeldes, pegou as armas. Por muito tempo ficou indecisa a vitória.

Neste estado de coisas, Estêvão invocou os dois Santos – Jorge e Martinho, ambos de origem húngara, e fez a Deus o voto de fundar em todo o reino muitos conventos e edificar igrejas, querendo com o dízimo sustentar os sacerdotes do Senhor. O inimigo foi vencido e o cristianismo não mais encontrou resistência em sua entrada triunfal na Hungria.

Fiel ao que prometera, Estêvão, encetou logo a fundação de conventos, dos quais o mais célebre foi o de São Martinho, nas proximidades de Raab, convento este, cuja pedra fundamenta fôra lançada ainda pelo pai de Geisa. Foram fundadas dez dioceses, cuja administração confiou a homens instruídos e virtuosos da Itália e da Alemanha. O Papa Silvestre II não só aprovou as nobres iniciativas do jovem monarca, mas reconheceu-o oficialmente rei da Hungria, e enviou-lhe uma coroa riquíssima e uma cruz de alto valor, com o privilégio desta ser levada diante da pessoa do rei, em solene procissão. Além destas extraordinárias dadivas, o Papa distinguiu Estêvão com o título de apóstolo da Hungria. Desde aquele tempo os reis da Hungria têm título de “Majestade Apostólica”. A “santa coroa” de Estêvão é considerada até hoje o símbolo do poder monárquico na hungria e é reconhecido rei legítimo daquela nação o príncipe que a cingir.

O ano de 1001 viu a solene unção de Estêvão, pelo Bispo portador da coroa mandada pelo Papa. No dia da coroação, Estêvão colocou o reino debaixo da proteção da Santíssima Virgem.

Terna devoção tinha à Mãe de Deus, à qual dedicou duas catedrais – a de Gran e a de Stuhlweissenburg, nas quais os reis da Hungria eram coroados e sepultados.

Com louvável energia Estêvão atacou e aboliu os costumes supersticiosos dos tempos idos e deu aos súditos leis sábias e severas. um cuidado especial dispensava aos órfãos e às viúvas. Aos pobres o Rei em pessoa levava esmola e sustento. No seu apostolado civilizador e evangelizador, Estêvão encontrou forte apoio na cooperação fiel e dedicada da esposa Gisela, princesa bávara e irmã de Santo Henrique, Imperador da Alemanha.

Estêvão cultivava de um modo extraordinário o espírito de penitência. Avarento com o tempo, não perdia gora, ocupando-se sempre de coisas úteis no cumprimento do dever.

Dedicação especial da parte do rei experimentaram os próprios filhos, dos quais o mais velho, Emérico, mais tarde, com o santo pai, recebeu as honras da canonização.

Nos três últimos anos de vida Estêvão foi visitado por muita doença. Sentindo a proximidade da morte, para ela preparou com toda a piedade. Tendo em redor os representantes da côrte e da alta nobreza do país, muito lhes recomendou a obediência ao representante de Cristo sobre a terra, e a prática das virtudes cristãs. Munido dos Santos Sacramentos, morreu santamente, não sem ter novamente consagrado à Nossa Senhora a cara pátria. Estêvão entregou a alma ao Criador aos 15 de Agosto de 1038. A mão direita conservou-se-lhe incorrupta e é guardada com grande honras.

REFLEXÕES

Para que as nossas boas obras tenham valor sobrenatural, é preciso que nos achemos em estado de graça, porque a graça de Deus é a raiz de todo merecimento. Boas obras feitas no estado de pecado mortal, sofrimentos, ainda que sejam os mais dolorosos, fóra da graça santificante, a nenhuma recompensa no céu podem aspirar. “Se desse todos os meus bens aos pobres, não tendo caridade, de nada valeria” (I Cor. 13), escreve S. Paulo. Se não queremos perder o nosso merecimento para o céu, cuidemos de trabalhar e sofrer no estado da graça de Deus.

Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume II, 1935.

Última atualização do artigo em 10 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico

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