Santo Hilarião, Eremita

Santo Hilarião, Eremita († 371)

Natural de Tabatha, perto da cidade de Gaza, Hilarião era filho de pais pagãos, que o mandaram a Antioquia, onde se dedicou aos estudos e onde, em constante convivência com os cristãos, chegou a conhecer a religião cristã e a ela se converteu.

Tão radical e sólida foi essa conversão de Hilarião, que veio a ser um dos cristãos mais fervorosos.

A vida e santidade extraordinária do grande eremita Santo Antão estava na boca de todos e Hilarião, desejoso de conhecer o celebre mestre da vida religiosa, foi procura-lo na solidão e passou dois anos em sua companhia. Como, porém, as muitas visitas que o mestre recebia, começassem a aborrece-lo, Hilarião resolveu separar-se dele e retirou-se para o deserto existente entre o Egito e a Palestina.

Vinte e dois anos passou Hilarião naquele ermo, praticando obras da mais austera penitência. Embora separado do mundo, pelo inimigo das almas foi atormentado com as mais terríveis tentações, as quais conseguiu vencer heroicamente pela oração e pelo jejum.

Tanta santidade não pode ficar desconhecida. Deus se dignou de servir-se do servo, para operar grandes milagres. Assim, em virtude da oração do santo eremita, foram ressuscitados três mortos, e muitos doentes recuperaram a saúde.

Na Palestina não havia ainda conventos de religiosos. O número de pessoas que desejavam. aprender a arte de viver santamente e para este fim se confiar à direção de Hilarião, crescia de dia para dia. Hilarião, se bem que opusesse dificuldade, acabou por aceitar discípulos em grande número, de modo que é considerado Patriarca dos monges na Palestina.

Em poucos anos o número dos religiosos, se elevou a 3.000. Hilarião deu lhes uma regra de vida e destacou-os para os numerosos conventos que se vira obrigado a fundar.

Enfastiado, porém, do grande movimento em que se via envolvido e preocupado com a própria salvação, abandonou a fundação e fugiu para o deserto do Egypto. Não tardou que também lá ficasse conhecido e o povo o procurasse em suas aflições. Uma seca de três anos, aliada a uma grande fome, terminou logo que o santo começara a rezar.

Vendo que também na nova morada não podia continuar, sem que os fiéis da redondeza o incomodassem, embarcou para a Sicília e de lá para Dalmácia, onde o esperou a mesma sorte, de modo que não quis ficar e dirigiu-se para a ilha de Chipre. Lá habitou numa gruta, entregando-se às práticas da vida religiosa com zelo, como se fosse no primeiro ano de recolhimento.

Hilarião morreu em 371, com 80 anos de idade. Antes de entregar o espírito a Deus, animou-se com estas palavras: “Parte, minha alma, parte. Tendo servido a Cristo 70 anos, tens medo da morte?”

REFLEXÕES

Santo Hilarião encontrou um amigo fiel em Santo Antão. Bons amigos são raros, raríssimos. Feliz daquele que encontra um amigo verdadeiro, cuja amizade o conduz à santidade, ao céu. O homem é um ente social e por natureza procura relacionar-se com seu semelhante. Este desejo, esta amizade, foi Deus que implantou em nosso coração. Instintivamente o homem vê na amizade uma fonte de felicidade. E realmente amizade nobre, santa e virtuosa é um dos bens mais apreciáveis da nossa vida, uma mina das mais puras e deliciosas alegrias. Se assim fosse a amizade de todos os homens, a terra não seria o que é: um vale de lágrimas. A amizade verdadeira tem sempre por base a virtude, o amor de Deus. A amizade verdadeira não olha interesses mesquinhos, não é e não pode ser servente do amor próprio. Entre homens maus, escravos de paixões indômitas, não pode haver amizade. No seio da amizade brota a virtude e se desenvolve rapidamente. A amizade mitiga a dor, aumenta a felicidade; a amizade consola, anima, tranquiliza, aconselha. Não feches teu coração à amizade, contanto que seja boa, santa, cristã e coopere para tua santificação; uma amizade má é o caminho da desgraça moral. “Associa-te a um homem virtuoso, que seja temente a Deus, que pense como tu e que contigo chore, quando te vê tropeçar na escuridão”. (Eccl. 37. 15).

Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume II, 1935.

Última atualização do artigo em 22 de março de 2025 por Arsenal Católico

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