São Caetano († 1547)
São Caetano fundador da Ordem dos Caetanos ou Theatinos, nasceu em 1480, em Vicenza, de pais ilustres e virtuosos. Logo após o batismo, foi a criança, pela mãe oferecida e consagrada à Santíssima Virgem. A vida desse Santo prova que não ficou sem efeito a oração de sua mãe.
Diferente dos outros meninos, mostrava Caetano, desde pequeno, grande inclinação à oração e obras de caridade. Exemplar em tudo, era, entre os companheiros de infância, chamado “o Santo”.
Mais tarde, fez os estudos, doutorou-se em direito civil e eclesiástico e do Papa Júlio II recebeu a ordenação sacerdotal.
Morto o Papa Júlio II, voltou à sua terra e dedicou-se quase exclusivamente ao serviço hospitalar. A única ambição que tinha, era salvar almas. O povo dizia: Caetano no altar é Anjo no púlpito Apóstolo”. Não perdia ocasião de conduzir almas a Deus Nosso Senhor, o que lhe importou o apelido: “Caçador de almas.”
Na segunda viagem a Roma, fundou, com três companheiros, uma nova Ordem, cujo plano era: a santificação própria, combater a tibieza e ignorância entre o clero, regenerar os maus costumes da sociedade, observar escrupulosamente as cerimônias litúrgicas, restabelecer o respeito e reverência na casa de Deus, exterminar as heresias e assistir aos doentes e moribundos; numa palavra – trabalhar pelo bem do próximo.
Deu aos religiosos uma regra, que os obriga à perfeita pobreza, proibindo-lhes não só aceitar a mínima recompensa pelos trabalhos, mas vedando-lhes até pedir esmola.
Por mais rigoroso que isto parecesse, houve muitos que pediram ser aceitos como membros da nova Ordem. A primeira casa foi fundada em Roma. Um ano depois tiveram de fugir da Cidade Eterna por causa da invasão do exército imperial. Uma segunda casa foi fundada em Nápoles. Devido à intervenção enérgica de Caetano, a heresia Luterana não conseguiu tomar pé naquela cidade.
Apóstolo do bem, era Caetano de extremo rigor contra si mesmo. A vida era-lhe um jejum contínuo, uma penitência sem fim. É verdade que nisto não lhe consistia a santidade, mas certo é que Deus o distinguiu com privilégios e dons extraordinários. Muitas vezes teve aparições de Nossa Senhora, das quais a mais memorável foi a da noite de Natal, em que Maria Santíssima se dignou de apresentar-lhe o Divino Infante.
Contam-se às centenas as curas maravilhosas feitas pela oração do santo servo de Deus. Em muitas ocasiões predisse o futuro, com uma certeza tal, que não deixou dúvida de tê-la recebido diretamente de Deus.
A série das obras de castidade para com o próximo quis Caetano remata-la com uma, que lhe mereceu a gratidão do povo de Nápoles. As autoridades civis, e eclesiásticas de Nápoles tinham resolvido a introdução da Inquisição, para ter uma arma forte contra a insinuação da heresia, que vinha da Alemanha. O povo opôs-se a este plano e a tal ponto chegou a excitação, que era para se recear uma revolução. Os homens mais sensatos em vão se esforçaram para tranquilizar a população. São Caetano, vendo o prejuízo enorme que daí resultaria para as almas, ofereceu a vida a Deus, pedindo-lhe que a aceitasse, para que fosse conservada a paz e concórdia entre o povo e as autoridades. Deus aceitou o sacrifício. Caetano adoeceu gravemente e morreu. Imediatamente amainou a tempestade e os espíritos se acalmaram, fato que todos atribuíram à intervenção do Santo. As últimas palavras que disse, foram: “Não há outro caminho para o céu, a não ser o da inocência e da penitência. Quem abandonou o primeiro, tem de trilhar o segundo.” Caetano morreu em 1547.
REFLEXÕES
“Não há outro caminho para o céu senão o da inocência ou o da penitência”. A verdade dessas palavras está confirmada pela Sagrada Escritura. A consciência diz a cada um qual é o caminho que deve tomar.
A vida de S. Caetano apresenta ainda outras coisas à nossa consideração, por exemplo, o desapego dos bens terrestres e a confiança ilimitada na Divina Providência. O mal de muita gente é uma preocupação exagerada com as coisas do mundo. Com receio de experimentar prejuízo, não se dão à pena de rezar de manhã e de noite, de ouvir a santa Missa. A atenção está concentrada num ponto só: ganhar dinheiro. Que sem a bênção de Deus nada conseguem, é uma circunstância de que não se lembram. Não devemos pertencer a essa classe de gente. A nossa confiança deve estar em Deus, que veste os lírios do campo e dá alimento às aves do céu. Procuremos primeiro o reino dos céus e tudo o mais nos será dado por acréscimo.
Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume II, 1935.
Última atualização do artigo em 10 de abril de 2025 por Arsenal Católico