São Carlos Borromeu

São Carlos Borromeu intercede durante a peste de Milão, pintura de Jacob Jordaens, 1655, Domínio Público / Wikimedia Commons

São Carlos Borromeu († 1584)

Mui devidamente S. Carlos Borromeu é contado entre os maiores Santos, que glorificaram a Igreja católica no século XVI, defendendo-a vitoriosamente dos inimigos que contra ela se levantaram.

No calendário dos Santos figura Carlos com o nome dos ascendentes maternos. Os Borromeus, chamados antes Franchi, residiam antigamente na cidade de San Miriato. Depois se ramificaram e encontramos seus diversos representantes em Florença, Pádua, e Milão. Giberto, Senhor de Avona, no lago Maggiore, casou-se com Margherita, filha de Bernardino Medichino, de Milão, irmã de Gian Angelo, mais tarde Papa Pio IV. Giberto Borromeu teve três filhos: Frederico, Carlos e Camilla; esta se casou com Cesare Gonzaga de Guastalla, distinguindo-se por grande virtude. Frederico contraiu matrimônio com Virginia dela Rovere, filha do duque Urbino e morreu com 27 anos. Carlos, o segundo filho de Giberto nasceu aos 2 de Outubro de 1538. Menino ainda, revelou ótimo talento e uma inteligência rara. Ao lado destas qualidades, manifestou forte inclinação para a vida religiosa, pela piedade e o temor de Deus. Era seu prazer construir altares minúsculos, diante dos quais, em presença dos irmãos e companheiros de idade, imitava as funções sacerdotais que tinha observado na igreja. Era mero brinquedo infantil. O amor à oração e o aborrecimento aos divertimentos profanos eram sinais mais positivos de vocação sacerdotal. Os pais por seu turno, julgando garantindo o futuro da família pelo primogênito Federico, animaram a Carlos naquele modo de pensar e levaram-no a seguir a carreira sacerdotal. Com doze anos recebeu a tonsura e o hábito talar. Pela renúncia do tio Julio Cesar entrou no usofruto da abadia de São Graciano. Com este acontecimento formou-se o laço, que prendeu o jovem á participação da vida pública da Igreja. A administração dos emolumentos que lhe provinham do benefício, Carlos considerava coisa sagrada. “Bem eclesiástico é propriedade de Cristo e por ele dos pobres; a estes aproveita o usofruto”. Foi esta a regra que a fé lhe ditou e que as tradições de família lhe confirmaram. Não consentia que bens da abadia fossem aplicados a necessidades de família. Emprestando ao pai uma determinada quantia, exigia-lhe letra promissória.

Tendo dezesseis anos, matriculou-se na Universidade de Pavia, para ouvir as preleções do célebre canonista Francisco Alciati. Cinco anos passou em Pavia, separado do mundo, entregue aos estudos e às práticas de piedade. Este tempo coincide com a fundação de um patronato para estudantes, cuja organização lhe foi possibilitada pela cessão que o tio materno, o cardeal de Medici, lhe fez de um benefício eclesiástico.

Quando a notícia da morte do pai o chamou para casa, revelava em todo o modo de agir o espírito e a tendência de um homem predestinado para grandes coisas. Inacessível às artes da sedução, com que um velho empregado da casa paterna o procurava prender, julgou ter a obrigação de reconduzir os monges da abadia ao fiel cumprimento dos deveres de religiosos e por meios hábeis de bondade e energia conseguiu este fim. Até lá o moço de 22 anos não tinha ideia do grande futuro que o esperava e do papel importantíssimo que havia de desenvolver na Igreja católica.

Gian Angelo, tio materno de Carlos, tinha sido eleito Papa e sob o nome de Pio IV tomado o governo da Igreja. Dos parentes que tinham ido a Roma apresentar felicitações ao recém-eleito, fora Carlos o único que fizera exceção e como é de supor, mui propositalmente. Pio IV mandou chamar o sobrinho à metrópole da cristandade e deu-lhe as posições mais elevadas na hierarquia eclesiástica.

Sucessivamente foi nomeado no ano de 1560 protonotário apostólico, referendário e Cardeal diácono da igreja de S. Vito.  Oito dias depois desta nomeação, recebeu o arcebispado de Milão, com residência obrigatória em Roma. Além destas dignidades, recebeu outras geralmente consideradas anexas à cardinalícia, como sejam: Legado apostólico de Bologna, Romagna e Ancona, Protetor de Portugal, dos Países baixos, da Suíça católica, dos Franciscanos e Carmelitas e presidente da consulta, isto é, do conselho deliberativo do Estado em negócios exteriores. Na acumulação de cargos em uma pessoa, como a vemos praticada na vida de São Carlos, temos um exemplo clássico dos abusos do Nepotismo, que tanto mal tem feito à Igreja, que no fato alegado causou descontentamento geral. Ninguém, porém, estava mais descontente que o próprio privilegiado, não por ter se tornado objeto das queixas mais que justas, mas principalmente por ter sido o primeiro que desejava uma reforma radical na parte administrativa da Igreja. Às queixas e reclamações seguiu-se um grande contentamento, porque Carlos revelou logo um tino administrativo extraordinário, unido a uma justiça incomparável. Inacessível à adulação, de uma vigilância prudente e rigorosa e ao mesmo tempo condescendente, deu Carlos, apesar de muito jovem, o exemplo de um homem perfeito, cumpridor dos seus deveres. Além disso era pessoa de modos delicados, de fino trato social, que com vantagem sabia impor-se na roda da alta sociedade romana. O jovem cardeal fundou uma associação de sábios religiosos e profanos, que realizavam sessões no Vaticano. Nestas reuniões cada sócio tinha ocasião de proferir ideias em forma de conferências, discursos o discussões. Versando a princípio sobre assuntos de toda espécie, mais tarde as conferências tinham por objeto exclusivamente temas teológicos. O patronato que tinha fundado em Pavia, foi transformado em Colégio para estudantes pobres.

O ano de 1562 trouxe a Carlos a graça do sacerdócio. Morrera-lhe o irmão Frederico, sem deixar filho varão. Os parentes insistiram então, com todo o empenho, para que Carlos abandonasse a carreira e tomasse estado. O próprio Papa fez-se intérprete do desejo da família. Por tudo que acima foi dito, não podemos admirar de ver que a situação em que se achava a família dos Borromeus, nenhuma luta pudesse desencadear no coração de Carlos. Para por termo de vez a todas as reclamações dos parentes, fez-se ordenar clandestinamente e depois do fato consumado, os surpreendeu com a notícia do seu sacerdócio.

Ao Papa, que não se conteve e externou a Carlos o grande descontentamento que lhe causava o passo que dera, respondeu este: “Santo Padre, não vos queixeis do meu proceder. Uni-me à esposa que muito amava e desejava com todo o ardor”.

A partir deste momento se nota na vida de S. Carlos uma pendência declarada para a vida ascética. O Jesuíta PE. Ribeira foi seu confessor e diretor de consciência, que o introduziu cada vez mais “na vida espiritual, em Deus escondida”.

No silêncio da meditação organizou Carlos planos grandiosos, para reorganização da Igreja Católica. Todos se concentram na ideia de concluir o Concílio de Trento. De fato, era o que a Igreja, profundamente abalada, mais necessitava, como base e fundamento da renovação e consolidação da vida religiosa. Por toda a parte surgiram abusos, sintomas indubitáveis de uma decadência deplorável e de uma perturbação bastante séria do regime eclesiástico. O duque Alberto de Baviera tinha arbitrariamente introduzido a comunhão dos fiéis sob ambas as espécies. O rei alemão Fernando tinha publicado um catecismo de orientação contrária ao Concílio. Nas cabeças dos políticos franceses doidejava a ideia de um concílio nacional. Na Polônia se realizou de fato um Concílio nacional de todas as confissões. Na Inglaterra reinava Izabel, a qual, para legitimar sua sucessão, havia de celebrar a independência da Igreja inglesa da de Roma. Só a Espanha desejava a conclusão do Concílio Tridentino.

Carlos sem cessar chamava a atenção do velho tio para esta necessidade, reclamada por todos os amigos da Igreja.

De fato, o Concílio se realizou e não exageramos apontando a Carlos como a força motriz daquela grandiosa atuação da vida católica.

Carlos quis ser o primeiro a executar as ordens da nova lei, ainda que por esta obediência tivesse de deixar posição, para ocupar uma inferior. Já fazia dez anos que a diocese não tinha visto senão comissionários do Antistite. A autoridade do Vigário Geral não chagava para pôr em execução as determinações do Concílio Tridentino, que com traço enérgico cortava abusos enraigados na vida do clero secular e regular, os quais alegavam em seu favor o costume de muitos anos.

Carlos visitou a diocese e sua entrada em Milão foi semelhante a uma apoteose. Os retratos dos seus avoengos, que tinham sido colocados nas salas do palácio, mandou retirá-los e no lugar destes pôr a imagem do gloriosos antecessor e modelo Santo Ambrósio. Um mês depois da chegada, convocou o primeiro Concílio provincial, cujo assunto principal era a reforma da vida clerical, de acordo com as determinações do Concílio Tridentino. O Concílio sofreu uma interrupção, pela morte do Papa. Carlos, chamado a Roma, assistiu ao tio na hora da morte (1565). No conclave que se reuniu por ocasião da eleição do novo Papa, Carlos tomou parte. O primeiro pedido que dirigiu ao Papa Pio V, foi de poder voltar para a diocese, pedido que o Sumo Pontífice, se bem que com pesar, lhe concedeu.

De volta para Milão, desenvolveu Carlos uma atividade grandiosa, primeiro para reformar o clero. Para este fim organizou uma série de Concílios provinciais e diocesanos, escreveu uma excelente instrução para os confessores, e publicou as constituições e regras da sociedade de escolas da doutrina cristã. Em segundo lugar trabalhou para a criação de seminários menores e maiores e construiu em Milão o Colégio helveciano. Resistência tenacíssima e inesperada encontrou o arcebispo, quando estendeu a reforma às ordens religiosas. Os cônegos de Santa Maria dela Scala, apoiando-se em privilégios antigos, garantidos pelo rei da Espanha, que ao mesmo tempo era duque de Milão, negaram ao arcebispo o direito da visita canônica e levaram o atrevimento ao ponto de pronunciar a sentença de excomunhão contra o Prelado. A mesma humilhação veio-lhe dos Franciscanos e dos Humiliatas.

A Ordem destes foi dissolvida e com este ato declarou-se por terminada a resistência das Ordens. Em outras congregações religiosas o arcebispo achou os mais dedicados auxiliares, como por exemplo nos Jesuítas, nos Irmãos e Irmãs de escola, nos Theatinos e Capuchinhos. Uma organização admirável que o arcebispo criou entre o clero secular, foi a Congregação dos Oblatas, composta de sacerdotes seculares, que por único voto tinham de estar sempre à disposição do Prelado, onde e quando precisasse de auxílio.

As visitas pastorais dão-nos uma ideia bem clara do espírito apostólico de Carlos Borromeu. Não lhe era indiferente o modo como o clero cumpria o dever e como o povo mostrava interesse em aceitar a doutrina cristã e as determinações da autoridade eclesiástica.

Não havia freguesia, por mais pobre, por mais inacessível que fosse, que não lhe tivesse recebido a distinção da visita. No meio das fadigas da viagem (muitas vezes ele mesmo carregava a bagagem) conservava sempre o bom humor. Com os pobres partilhava o pão dos pobres. Dias havia em que não tomava senão pão e água. De importância histórica tornaram-se-lhe as visitas à Suíça, onde criou instituições católicas de grande valor. Não só os católicos, mas também os próprios protestantes, recebiam jubilosamente o “Santo Bispo”. Por intercessão de Carlos a Suíça católica recebeu um Núncio apostólico. Foi Carlos que introduziu na Suíça a Companhia de Jesus e defendeu os católicos suíços contra as inovações do protestantismo.

Carlos sabia muito bem que a caridade abre os corações também à religião. Por isto foi que grande parte da receita pertencia aos pobres, reservando para si só o indispensável. Heranças ou rendimentos que lhe vinham dos bens de família, distribuía-os entre os desvalidos. Tudo sito não aguenta comparação com as obras de caridade que o arcebispo praticou, quando em 1569 – 1570 a fome e uma epidemia semelhante á peste invadiram a cidade de Milão. Não tendo mais do seu para dar, pedia em pessoa esmolas para os pobres e abria assim as fontes de auxílio, que teriam ficado fechadas. Quando, porém, em 1576 a cidade foi visitada pela peste e o povo, abandonado pelos poderes públicos, não tinha outro recurso senão o Bispo, este, para não falar na ereção de hospitais e lazaretos que mantinha, visto que ninguém se compadecia do povo, ainda procurava em pessoa os pobres doentes de quem ninguém se lembrava, consolava-os e dava-lhes os santos Sacramentos. Tendo-se esgotado todas as fontes de recurso, Carlos lançou mão de tudo que possuía, para amenizar a triste sorte dos doentes. Mais de cem sacerdotes tinham pago com a vida a dedicação no serviço aos doentes. Deus conservava a vida do arcebispo e este se aproveitou da ocasião para dizer duras verdades aos ímpios e ricos esquecidos de Deus.

A peste deu impulso à fundação dum grande asilo para pobres. Além desta instituição, outros estabelecimentos de utilidade pública devem a S. Carlos a fundação, como por exemplo o Instituto dos Nobres de Milão, a Pia União pela salvação de pessoas do sexo feminino caídas, diversas associações de beneficência. S. Carlos escreveu ainda duas pastorais, uma intitulada: “Reminiscências para o povo da cidade e do arcebispado de Milão e instruções para todas as classes, para praticarem as virtudes da vida cristã” e a outra: “Reminiscências dos dias dolorosos da peste”.

Quem diria que um Bispo tão zeloso e tão santo pudesse ser alvo de acusações como se tivesse tendências antipolíticas e antipatrióticas? Os primeiros que lhe atiraram pedras, foram aqueles elementos que mais se sentiram incomodados pela obra da reforma do Prelado. Dos leigos eram principalmente representantes da alta aristocracia, cuja vida estava em contradição com as leis da Igreja sobre o matrimônio. Dos clérigos eram em primeiro lugar frades rebeldes que, intimados a sujeitar-se à rebeldes que, se estribavam em direitos inatingíveis e privilégios centenários. Milão pertencia à Espanha, sendo governado pelo duque de Milão, que era o rei da Espanha. O primeiro governador, duque Albuquerque, por ser admirador pessoal do venerável Bispo, conservou sempre as boas relações com a cúria. O sucessor, porém, Aloísio Requesens, atendendo às reclamações dos que se julgavam ofendidos em seus direitos, desrespeitou a jurisdição episcopal e respondeu à sentença da excomunhão com a ocupação militar do castelo de Arona (propriedade dos Borromeus) e do palácio arquiepiscopal. No ano de 1579 um deputação apresentou em Roma as seguintes queixas contra o arcebispo: Carlos Borromeu teria proibido as danças e divertimentos públicos nos domingos; teria proibido a prolongação costumeira das folganças carnavalescas até depois do primeiro domingo da quaresma; teria interdito a passagem pública pelas igrejas, quando esta sempre foi feita para encurtar o caminho; teria na época da peste usurpado direitos que não lhe competiam e procurando engodar o povo; o rigor contra o clero terá sido excessivo. Gregório XIII rejeitou estas acusações como infundadas e recebeu a Carlos Borromeu em Roma com altas distinções. Em resposta a este gesto do Papa, o governador de Milão organizou no primeiro domingo da quaresma de 1579 um indigno préstito carnavalesco pelas ruas de Milão, precisamente à hora da Missa do arcebispo. O mesmo governador, que tanta guerra movera ao Prelado e favorecera tantas hostilidades contra S. Carlos, só no leito de morte reconheceu o erro e teve o consolo da assistência do santo Bispo na hora da agonia. O sucessor, Carlos de Aragão, duque de Terra nova, viveu sempre em paz com a autoridade eclesiástica. O arcebispo gozou deste período só dois anos. Quando em Outubro de 1584, como era costume, se retirara para fazer os exercícios espirituais teve diversos acessos de febre. Carlos não ligou a devida importância e costumava dizer: “Um bom cura de almas deve saber suportar três febres, antes de se meter na cama”. Os acessos renovaram-se e consumiram as forças do arcebispo. Provido dos Santos Sacramentos, expirou aos 3 de Novembro de 1548. Suas últimas palavras foram: “Eis, Senhor, eu venho, vou já”. S. Carlos Borromeu tinha alcançado a idade de 46 anos apenas e a sua morte foi muito pranteada. Para evitar uma inscrição pomposa na campa, tinha determinado no testamento que no túmulo lhe lessem as seguintes palavras: “Carlos, Cardeal, com o título de Sta. Praxedes, arcebispo de Milão, que se recomenda à oração fervorosa do clero, do povo e do sexo feminino piedoso, em vida escolheu este monumento para si”. Paulo V canonizou-o em 1610 e fixou-lhe a festa para o dia 4 de Novembro.

REFLEXÕES

S. Carlos empregou todos os emolumentos do múnus episcopal pela glória de Deus e para benefício dos pobres. Este traço característico de sua vida mereceu-lhe ainda mais a admiração e gratidão dos homens do que se tivesse despendido os bens com parentes e amigos, em construções luxuosas, em festas e vaidades, como fizeram representantes do mesmo estado antes e depois, de cuja memoria a história guardou apenas os nomes. Que merecimento teria tido S. Carlos, si tivesse imitado o exemplo de outros, que mal uso fizeram das riquezas? Para quantos a fortuna material tem sido a causadora da desgraça eterna? Diz S. Leão: “Não só os bens espirituais, como também os materiais, vêm de Deus, de cuja administração pedirá rigorosas contas. Os bens, tanto estes como aqueles, não são propriedade nossa, mas Deus no-los confia para que, distribuindo-os prudentemente, não nos sirvam de ocasião para pecar e de condenação eterna.

Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume II, 1935.

Última atualização do artigo em 23 de março de 2025 por Arsenal Católico

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