São Cosme e São Damião († 303)
Os Santos Cosme e Damião eram irmãos, descendentes de nobre e piedosa família da Arábia. A mãe, Theodata, deu aos filhos uma educação muito boa e fez com que os belos talentos se lhes pudessem desenvolver sob a direção de sábios mestres. Fazendo os estudos na Síria, especializaram-se em medicina.
Pelo preparo cientifico e não menos pela pureza de costumes, mereceram a estima e a admiração de todos, até dos próprios pagãos. Aproveitando-se desta última circunstância, de preferência procuraram exercer a profissão de médico entre as famílias pagãs, para desse modo terem ocasião de ganha-las para o Catolicismo. Deus abençoou-os de tal maneira, que não parecia haver doença que lhes resistisse à medicação. Era visível esta proteção sobrenatural.
A admiração e o pasmo dos pagãos cresciam ainda mais, vendo que os médicos cristãos não aceitavam a mínima gratificação. Eram outras riquezas que os atraiam. Era a conversão das almas, que viviam nas trevas do paganismo, o objeto principal de toda sua atividade. Realmente conseguiram deitar a semente da doutrina cristã em muitos corações, e numerosas foram as conversões de pagãos ao Cristianismo.
Assim viveram alguns anos, como, médicos missionários em Egra, na Cilicia. Essa atividade havia de chamar a atenção das autoridades, como de fato chamou. Tendo recebido ordens terminantes do governo imperial de Diocleciano com referência à religião cristã e seus adeptos, uma das primeiras medidas coercitivas do governador Lysias, quando apareceu em Egra, foi a prisão dos dois médicos, que lhe foram indicados como inimigos acérrimos das divindades pagãs.
Citados perante o tribunal de Lysias, este os interpelou sobre sua pátria e profissão. Deram as informações exigidas, declarando que eram naturais da Arábia, e exerciam gratuitamente a ciência médica. Protestaram contra a denúncia de entregarem-se às práticas da feitiçaria.
– Curamos as doenças – disseram ao governador – mais em nome de Jesus Cristo, do que pelo valor da nossa ciência.
Lysias bradou:
-É preciso que adoreis aos deuses, sob pena de cruel tortura!
Responderam eles:
– Teus deuses nenhum poder têm; adoramos ao Criador do céu e da terra.
Para fazei-os mudar de convicção, Lysias mandou aplicar-lhes tormentos bárbaros. Vendo, porém, que eram inúteis esses processos, deu ordem para que fossem decapitados. Cosme e Damião morreram mártires em 303. Os corpos foram transportados para Cyra, na Síria, e depositados numa igreja que lhes recebeu o nome. O mesmo Imperador, vendo-se favorecido em grave doença, construiu em Constantinopla uma igreja em honra destes padroeiros. Parte das relíquias chegaram no século VI a Roma e a Munich (Baviera), onde repousam no altar mor da igreja de São Miguel. Deus glorificou com muitos milagres o nome dos seus dois servos.
REFLEXÕES
A riqueza em si não constitui impedimento nenhum para a santidade, como mostra a vida dos Santos Cosme e Damião. A riqueza bem empregada, para mitigar o sofrimento do pobre, para suavizar a triste sorte do necessitado, atrai a benção de Deus. O mau rico, que fecha o coração e a bolsa aos pobres, às pobres viúvas e órfãos e abusa da riqueza para mais livre e desembaraçadamente se entregar aos caprichos, vícios e pecados, corre grande perigo de se perder eternamente. O exemplo dos Santos Cosme e Damião confundirá os ricos no dia do juízo final. Se bem que tarde, compreenderão que é um grande engano pensar, como pensaram, que a piedade, a prática da virtude é só para o pobre, para o homem do povo, para o sacerdote, a freira e o eremita.
Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume II, 1935.
Última atualização do artigo em 11 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico