São Jerônimo Escrevendo, Caravaggio, Data c.1605, Domínio Público / Wikimedia Commons

São Jerônimo ( 420)

São Jerônimo, celebre na Igreja pela virtude, rigor e ciência, nasceu no ano ele 331 em Stridonio, perto de Aquileja e recebeu uma sólida educação, segundo os principais da religião de Cristo. O pai Eusébio era rico e piedoso. Jerônimo desde pequeno revelou um talento privilegiado e muita propensão para a vida ascética. Moço ainda, foi para Roma, com o intuito de continuar os estudos e rápidos progressos fez, sob a direção do mestre Donato, que era pagão.

Costumava visitar todos os domingos os tumulos dos Santos e Mártires.

A ciência pode muito facilmente ser um perigo para a humanidade. Esta verdade experimentou-a Jerônimo, o qual, vendo-se tão avantajado entre os condiscípulos, se encheu de orgulho e vaidade.

Por uma graça especial divina não enveredou pelo caminho do pecado. A conversão de Jerônimo começou com a compreensão das coisas divinas e com o santo batismo, para o qual se preparou com todo esmero. Fez o firme propósito de fugir de tudo que pudesse roubar-lhe a graça batismal.

No desejo de ampliar e aprofundar o saber, visitou todas as escolas maiores de França e chegou a Tréves, onde existia uma das escolas mais célebres, fundação do Imperador Graciano. Foi aí que Jerônimo abandonou as ciências profanas, dedicando-se mais à vida religiosa; nesta ocasião fez o voto de castidade perpétua. Em 370 entrou para um convento em Aquilegia, onde escreveu algumas obras. Em Roma conheceu o célebre Evagrio.

Para satisfazer um desejo íntimo de viver na solidão, resolveu fazer uma viagem ao Oriente, onde, em companhia de Evagrio e de mais alguns amigos, visitou diversos eremitas.

De Antioquia dirigiu-se ao deserto de Chaltis. Num tratado que escreveu sobre a virgindade, fala das horríveis tentações que o incomodavam, provocadas todas pela lembrança de festas e divertimentos a que assistira em Roma. Para debela-las praticou severas penitências e começou o estudo da língua hebraica, que lhe oferecia grandes dificuldades. Além do hebraico, cultivava o grego e o chaldaico.

Muitos aborrecimentos tiveram por causa de alguns hereges e apóstatas que o perseguiam, a ponto de Jerônimo ver-se obrigado a deixar a solidão e voltar para a Antioquia, onde, das mãos do Patriarca Paulino, recebeu a ordenação sacerdotal.

De Antioquia fez uma romaria aos Santos lugares e escolheu Belém para residência. Durante o tempo que lá morou, se dedicou ao estudo bíblico.

No ano ele 381, a convite do Patriarca Paulino, fez com este uma viagem a Roma, onde ficou até a morte do Papa Dâmaso, que o escolhera para secretário particular.

O modo enérgico com que verberava a vida dissoluta de muitos cidadãos romanos, criou-lhe inimigos, principalmente entre o clero. Voltou outra vez para Belém, onde continuou os trabalhos científicos. Em diversas ocasiões teve de terçar armas contra os Pelagianos, Luciferianos, Originistas e outros hereges.

Em 410 vieram ao Oriente diversas famílias romanas, em procura de um asilo, visto que Roma tinha sido tomada por Alarico. Jerônimo comoveu-se muito com a triste sorte dos pobres foragidos e tudo fez para suavizar-lhes os sofrimentos e melhorar-lhes a penosa situação.

Foi nesse mesmo tempo que Jerônimo fez a célebre tradução dos livros do Antigo Testamento, do grego para o latim. Aconteceu que sua residência e alguns conventos que administrava, fossem atacados e destruídos por bandos de Pelagianos. Não obstante, Jerônimo deixou-se ficar em Belém, onde continuou os estudos e trabalhos bíblicos, que lhe imortalizaram o nome na Igreja Católica. Rodeado de inimigos e por eles continuamente perseguido, gozava da estima dos bons cristãos, que nele tinham um verdadeiro pai e defensor.

Jerônimo morreu no dia 30 de setembro de 420 em idade muito avançada. As relíquias foram mais tarde trasladadas para Roma. Santo Agostinho, discípulo e amigo íntimo de São Jerônimo, compara o mestre com São Paulo igualando-lhe o zelo apostólico e amor a Jesus Cristo aos do grande Apóstolo.

REFLEXÕES

A lembrança dos divertimentos profanos de Roma perseguia S. Jerônimo e causava-lhe muitas tentações. O nosso tempo é riquíssimo em divertimentos, que nem sempre, ou melhor, quase nunca correspondem às exigências da moral cristã. Só Deus e o demônio sabem a quantos pecados dão ocasião e são destes causadores. No batismo o cristão promete a Deus renunciar a Satanás, a suas pompas e obras. Entre as pompas e obras de Satanás, figuram os divertimentos, como sejam: cinemas, teatros e bailes. Quem os procura, esquecido dessa promessa, não renuncia, mas antes deseja as obras de Satanás. Que responsabilidade dos pais que levam os filhos a tais divertimentos, expondo a grande perigo a inocência e a salvação dos mesmos. Quintiliano escreve que no tempo do Império Romano a assistência aos espetáculos públicos não era lícita a menores. Se pagãos tinham tanto cuidado com a infância e mocidade, o que pais cristãos não devem fazer para afastar das almas dos filhos o veneno da corrupção? Dia virá em que perante o tribunal de Deus os pagãos se levantarão contra os cristãos, acusando-os impiedosamente dos crimes que cometeram.

Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume II, 1935.

Última atualização do artigo em 12 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico

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