A beatitude consiste em alcançar aquilo que preenche e torna feliz o coração do homem. É a felicidade que conseguiram os santos que hoje celebramos, todos reunidos numa única festa. É um grupo que ninguém pode enumerar e que lavaram as suas vestes no sangue do Cordeiro, isto é, experimentaram em vida e na morte a infinita Misericórdia Divina e vivem também, pela virtude deles, na beatitude eterna.
Uma beatitude à qual todo fiel aspira na esperança que o próprio Cristo nos infunde. O Cristo anuncia uma felicidade que não é da ordem dos valores terrenos, mas é em vista do Reino, proclamado por Ele, e, mesmo começando já nesta Terra para aqueles que acolhem Cristo e as suas exigências, será definitiva somente na eternidade.
A Igreja, formada por todos os santos, convida-nos hoje a olhar para o futuro e para o prêmio que Deus reservou àqueles que o seguem no difícil caminho da perfeição evangélica. Todos nós gostaríamos que, depois da nossa morte, este dia fosse também a nossa festa. Jesus convida-nos a regozijarmos e alegrarmos já durante o percurso, em vista à chegada final.
A santidade, portanto, não é a meta de poucos privilegiados, mas a aspiração contínua e constante de todo crente, na firme convicção de que ela é antes de tudo um projeto divino que a ninguém exclui e que nos foi confirmada a preço do sacrifício de Cristo, que deu a vida pela nossa salvação, e, portanto, pela nossa santidade.
Não conseguir a meta significaria tornar-se responsável daquele grande pecado, que esperamos que ninguém cometa, de frustrar a obra redentora do Salvador. Santo Agostinho, movido por santa inveja costumava repetir a si mesmo: “Se tantos e tantas, porque não eu?”
Dos Sermões de São Bernardo, Abade e Doutor da Igreja
in senzapagare