Solilóquios em ação de graças

Dulcíssimo Jesus, Redentor meu, donde tanto bem que Vossa divina majestade tenha querido vir a mim e hospedar-se em meu peito? Ó minha alma! louva a teu Senhor, e agradece-lhe favor tão grande como é o que um Deus eterno, onipotente, imenso, tenha querido descansar em tão humilde cabana!

Eia, potências e sentidos meus, vinde depressa adorar ao Senhor; vinde e gozareis de Vosso Salvador; vinde comigo e adoremo-lo juntos; choremos nossas culpas diante de seus olhos, pois ele é tão bom Senhor, tão manso e piedoso, que não nos afugentará de si.

Ó Rei da glória! não Vos afasteis de mim sem antes enriquecer minha alma com os Vossos dons, porque próprio é de príncipes pagar a hospedagem com régia largueza. Não Vos peço que façais comigo além do que se pode esperar de Vós. E se Vos peço, meu Deus, a paga da hospedagem, não é sem reconhecer que Vos devo a comida e bebida do Vosso Corpo e Sangue que me destes, que é de valor infinito. Não tem Deus na glória manjar mais delicado, comida mais saborosa, vinho mais generoso, mesa mais régia do que esta, na qual nos dá a comer seu Corpo virginal e a beber o vinho do seu Sangue que gera virgens. Não haja na minha alma e no meu corpo desde hoje mancha ou pecado algum, por pequeno que seja, que ofenda Vossos olhos, e que vos obrigue a olhar-me com enfado ou rigor, ou com menos carinho.

Ó bondade infinita, que assim amais tão vil criatura! É possível, meu Senhor, que não estejas ainda cansado de aguentar-me? É possível que haja tão grande amor no Vosso Coração, conhecendo Vós a ingratidão do meu? O filho pródigo buscou o pai, mas Vós, meu Deus, me buscais a mim quando ingrato fujo de Vós.

Sagrados Serafins, que estais ardendo no fogo do amor, dizei o que devo fazer para pagar a Deus tão excessivo amor, delicadezas de amizade que só cabem dentro de um peito tão nobre e generoso como o do meu Senhor. Ó vida de minha alma! Se Vós Vos mostrais comigo, neste divino Sacramento, tão delicado amigo, pois me concedestes o perdão dos meus pecados, todos os Vossos tesouros, todos os bens juntos, e, acima de tudo, vós mesmo, sem vos reservar nada que não seja meu; o que não poderei eu esperar do Vosso amor, da Vossa piedade, ou que dom poderá haver tão grande que iguale ao que me destes, sendo Vós mesmo esse dom? Que os céus e a terra Vos louvem, Senhor, e todas as Vossas criaturas Vos bendigam por esta grande piedade e misericórdia com minha alma usastes.

Devocionário e Mês de Santa Rita de Cássia pelo Exmo. e Revmo. D. Bernardo Martinez Noval O.S.A., Bispo de Alméria, traduzido do espanhol pelo P. Domingos de Lemos da mesma Ordem, 2ª Edição, 1952,

Última atualização do artigo em 22 de março de 2025 por Arsenal Católico

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