℣. Jesus, nosso intercessor e sumo Sacerdote! Quanto a humanidade toda se tinha afastado de Deus e caíra em pecado e miséria, fostes vós que viestes como nosso Salvador oferecendo-vos a vosso eterno Pai como vítima pelos nossos crimes. Era este o único sacrifício em condições de restabelecer a paz e conciliação entre Deus e os homens. Para que este sacrifício vosso entre nós se perpetuasse, e dos frutos do mesmo pudéssemos participar continuamente, antes de vos entregar aos vossos inimigos, ordenastes que o mesmo vosso sacrifício se renovasse, dum modo incruento na vossa santa Igreja.
Sendo vós o sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedec, oferecestes ao eterno Pai vosso corpo e sangue velados sob as espécies de pão e de vinho e, dando-vos como alimento aos apóstolos, lhes ordenastes, e neles aos seus sucessores no sacerdócio, que fizessem até ao fim dos séculos, o que vós acabáveis de fazer.
℟. Cumpristes a palavra do profeta: – “Desde o Oriente até ao Ocidente será grande o meu nome entre as nações, – e em todo lugar se sacrifica e se oferece a meu nome uma oblação pura – diz o Senhor dos exércitos” (Mal. 1, 11).
℣. Pelos olhos da fé, reconhecemos na santa Missa o sacrifício da vossa expiação; vemos a santidade da vossa lei e nossa iniquidade, mas também o vosso amor e misericórdia sem limites.
℟. Excitai, Senhor, em nossos corações – os sentimentos mais vivos de arrependimento, esperança e gratidão!
℣. Temos um sacrifício, digno da vossa divina majestade, Senhor; um sacrifício, que tem a vossa complacência. Com este sacrifício comparecemos diante de vós para dar-vos o tributo da nossa gratidão e adoração, para pedir o perdão dos nossos pecados e as graças de que necessitamos.
Ainda que pobres e indignos de estar na presença de vossa divina majestade, vos apresentamos uma oblação pura e imaculada, esperando de vossa misericórdia, que atendais ao valor infinito do sangue de vosso Filho unigênito, o qual clama a vós, não por vingança, mas por perdão e misericórdia.
℟. Concedei-nos, Senhor, a graça de assistirmos sempre ao sacrifício incruento – com respeito, devoção e confiança, – para que sejamos dignos de participar dos frutos preciosíssimos da vossa sagrada paixão e morte.
℣. Não satisfeito, ó Jesus, com esta prova de amor de quererdes habitar entre nós, e vos oferecerdes todos os dias a vosso eterno Pai na santa Missa, quereis fazer ainda mais e tornar-vos alimento da nossa alma na sagrada comunhão.
No Santíssimo Sacramento chegou a seu termo a vossa onipotência, a vossa sabedoria ao seu limite, porque nele nos dais o que há de mais santo, mais augusto nos céus e na terra: vós mesmo com divindade e humanidade, em corpo e alma.
℟. Eis aqui o celeste manjar – consolação dos tristes, – alívio dos aflitos, – fortaleza dos fracos. – Eis o pão que desceu do céu, – o pão vivo, alimento da alma e penhor da vida eterna! – Ó pão de vida! – Ó manjar dos anjos! – Ó doce maná!
℣. Nutridas com esse pão, milhares de santas virgens conservam intacta sua pureza no meio das ciladas do mundo; fortalecidos com este alimento, os exércitos dos mártires, intrépidos, encararam seus perseguidores, sujeitando-se aos mais atrozes tormentos. Foi este pão, que deu aos penitentes perseverança e aos santos força e coragem na imitação do seu divino Mestre.
℟. Bendito e eternamente louvado sejais, ó amabilíssimo Jesus, – por nos terdes preparado este banquete celestial! – Anjos do céu e vós, todos os santos, – uni vossos cânticos ao nosso fraco louvor! – Graças e louvores sejam dados ao Senhor, – porque sua misericórdia é sem limites – e sua bondade sem fim.
℣. Fazei, Senhor, que, revestidos da veste nupcial e adornados de virtudes, nos aproximemos do vosso divino banquete.
℟. Fortalecei-nos na hora da morte com este celeste viático, – para que, unidos convosco aqui na sagrada comunhão, – sejamos dignos da vossa união na glória eterna. Assim seja.
MAGNIFICAT – Devocionário para uso comum e particular dos fiéis no convento e no século – Pe João Batista Lehmann, 1942.