1 – Feliz o homem que espera em Deus, diz o Espírito Santo. A falta de esperança produz a falta de virtude.
2 – Retende ainda este grande princípio: quem nada espera, nada obtém; quem espera pouco, obtém pouco; quem espera tudo, obtém tudo.
3 – A misericórdia de Deus é infinitamente maior do que todos os pecados do mundo. Não devemos, portanto deter-nos considerando na nossa miséria; mas lançar-nos sempre no seio da divina misericórdia.
4 – Por isso São Tomás de Vila Nova vos pergunta: “Que temeis? O juiz que devia condenar-vos é Jesus Cristo, que morreu na cruz para não vos condenar”.
5 – Os nossos pecados e as nossas misérias devem causar-nos desgosto; mas não espantar-nos, nem fazer-nos perder a coragem. Quando São Pedro rogou a nosso Senhor que se afastasse dele, que era pecado Jesus disse-lhe: “Não temas – noli timere.” Santo Agostinho observa que nas Divinas Escrituras a esperança e o amor são sempre preferidos ao receio.
6 – São até as nossas fraquezas, como fala São Francisco de Sales, que elevam o trono da Divina Misericórdia; pois que, se não houvessem fraquezas, não haviam pecados a apagar; Deus seria misericordioso em si mesmo, porém não fora de si, porque não teria onde exercer a sua misericórdia. É por isso que nosso Senhor Jesus Cristo afirma formalmente que veio ao mundo, não para os justos, mas para os pecadores.
7 – Ainda que Deus não ama as nossas faltas, ama contudo as nossas pessoas. Uma terna mãe vê com desprazer as misérias de seu filho, mas ama este filho, lamenta-o e assiste-lhe, e quanto mais se agrava a sua enfermidade, mais cuidados ela lhe prodigaliza.
8 – São Paulo escreve que temos um pontífice amante, que sabe compadecer-se das nossas enfermidades: é Jesus Cristo, nosso irmão e nosso mediador. Quanto mais enfermo me vejo, tanto mais esperança tenho no meu soberano médico.
9 – Não vos inquieteis por causa da vossa predestinação. Ela está nas mãos de Deus; está portanto mais segura do que se estivesse nas vossas.
10 – Aquele que teme em excesso ser condenado, denota, segundo São Francisco de Sales, que precisa mais de humildade e de submissão do que de razão.
11 – Por isso, sendo tentado de desesperação, São Bernardo respondeu ao demônio: “Não mereço o paraíso, mas Jesus Cristo mereceu-o para mim; Ele não precisa dos seus merecimentos, amontoou-os para mim, cedeu-m’os, e eu salvar-me-ei nEle e por Ele”.
12 – Estendei os vossos desejos a grandes coisas e a grandes virtudes; porque, segundo Santa Teresa, Deus ama as almas generosas, contanto que elas desconfiem de si mesmas.
13 – O demônio procura fazer-nos acreditar que é orgulho termos vastos desejos e querer imitar os grandes Santos; mas não acrediteis nos seus enganos. A alma tira uma grande força destas aspirações para um fim elevado: e além disso, o demônio ri-se das almas irresolutas e pusilânimes. É o pensamento da seráfica Santa Teresa.
Direção para Sossegar Nas Suas Dúvidas As Almas Timoratas, pelo Rev. Pe. Quadrupani Barnabita, 1905.
Última atualização do artigo em 6 de maio de 2025 por Arsenal Católico